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Como fica a parte íntima depois do parto normal? Veja como se recuperar 

Mudanças nas partes íntimas são naturais e costumam ser temporárias

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O nascimento de um filho é um momento transformador na vida de uma mulher. No entanto, em meio às novas responsabilidades, surgem dúvidas e preocupações legítimas sobre a recuperação do corpo, especialmente como fica a parte íntima depois do parto normal. 

Muitas mulheres se perguntam se a vagina voltará ao estado anterior, se haverá dor persistente, inchaço ou alterações na função sexual. É importante compreender que o corpo feminino possui grande elasticidade e capacidade de regeneração. 

Com os cuidados adequados, repouso, higiene correta e acompanhamento médico, a maior parte das alterações é temporária. A recuperação da musculatura, função urinária e sexual costuma ocorrer de forma progressiva. 

Como fica a parte íntima depois do parto normal​?

A mulher passa por várias mudanças durante a gestação, e após o parto normal não é diferente. A parte íntima passa por mudanças na sua estrutura e função para a passagem do bebê. Após o nascimento ela vai sofrer várias outras alterações, até voltar ao que era antes do período gravídico.

Região perineal e vulvar

A região perineal (a área entre a vagina e o ânus) e a vulva são as partes que sofrem o maior estresse durante a passagem do bebê

Após o parto normal, é natural que a área fique dolorida e inchada. Este inchaço tende a desaparecer em cerca de uma a duas semanas.

A dor é frequentemente causada por lacerações (rupturas da pele, mucosa e, por vezes, músculos) ou pela realização de uma episiotomia (incisão cirúrgica para alargar o canal de parto), ambas reparadas com pontos.

Vale lembrar que a episiotomia quando realizada sem o consentimento da mulher ou desnecessariamente, configura violência obstétrica. 

A intensidade da dor e o tempo de recuperação variam conforme a profundidade e o tamanho da lesão, o tempo de período expulsivo e a capacidade de cicatrização de cada mulher.

O que é a laceração no parto?

A laceração refere-se à ruptura espontânea dos tecidos da região íntima durante o parto. Elas são classificadas em graus, dependendo da profundidade. Quando as estruturas afetadas são apenas a pele e a mucosa vaginal, a laceração é grau 1.

Já quando ela se estende para os músculos do períneo, é considerada grau 2. A laceração grau 3 atinge o músculo esfíncter do ânus e grau 4 envolve a mucosa retal. No grau 2, 3 e 4 é preciso dar pontos, mas o grau 1 nem sempre precisa de ponto. 

A cicatrização completa de uma laceração ou episiotomia leva, em média, cerca de seis semanas. É importante notar que os pontos no períneo geralmente são absorvíveis pelo organismo, não necessitando de retirada. 

Vagina: mudanças estruturais e funcionais

A principal preocupação de muitas mulheres é se a vagina ficará "larga" ou "frouxa" após o parto normal. É fundamental desmistificar essa ideia: a vagina é um órgão muscular com grande elasticidade.

O alargamento que ocorre para a formação do canal de parto é intenso, mas as mudanças costumam ser reversíveis. A musculatura perineal, que sustenta os órgãos pélvicos, tende a retornar ao seu estado pré-gravídico no período do puerpério (pós-parto), que dura cerca de 40 a 45 dias.

No entanto, as fibras musculares do assoalho pélvico podem não se recuperar por completo após o estiramento. Essa frouxidão das fibras mostra também como fica a parte íntima depois do parto normal. 

Ela pode levar a uma sensação de que a vagina está mais aberta ou com menos atrito durante o ato sexual. 

A sensação, que pode afetar o prazer, é mais um reflexo do enfraquecimento do assoalho pélvico do que de uma deformação permanente da vagina. A fisioterapia pélvica é a intervenção mais recomendada para fortalecer essa musculatura, prevenir a incontinência e melhorar a função sexual.

Sangramento e secreções pós-parto

O sangramento vaginal após o parto é um processo natural de limpeza do útero, conhecido como lóquio. Ele é o resultado da cicatrização do local onde a placenta estava fixada.

O lóquio acontece também por causa da involução uterina, ou seja, o útero contraindo para retornar ao seu tamanho normal. 

Ele é dividido em 3 fases, veja abaixo:

  • Primeiros dias (3 a 4 dias): sangramento vermelho vivo, com volume igual ou ligeiramente mais leve que o da menstruação, podendo haver coágulos
  • Próximas semanas (até 2 semanas): o fluxo diminui, e a secreção se torna mais clara, rosada ou marrom-clara
  • Fase final (até 6 semanas): a secreção torna-se branco-amarelada e pode persistir por até seis semanas

Ele pode durar até 40 dias. Não é recomendado utilizar absorventes internos durante esse período, pois eles aumentam o risco de infecção. O ideal é usar absorventes externos até a liberação médica, geralmente após o check-up de seis semanas.

Um sangramento em grande quantidade pode ocorrer entre uma e duas semanas após o parto, devido à soltura da crosta que se forma no local da placenta. No entanto, sangramento exagerado (que encharca mais de dois absorventes por hora por mais de 1 a 2 horas) ou com mau cheiro deve ser imediatamente comunicado ao médico.

Função urinária e controle da bexiga

A incontinência urinária é uma ocorrência comum, mas geralmente temporária. Ela está mais relacionada à gestação (o peso do bebê sobre o assoalho pélvico) do que à via de parto em si, podendo afetar mulheres que tiveram cesariana.

Os sintomas de perda de urina ao tossir, rir ou espirrar costumam desaparecer nos primeiros três meses após o parto. O desaparecimento ocorre na medida em que os músculos pélvicos recuperam a força.

A produção de urina aumenta visivelmente após o parto e retorna ao normal em cerca de duas semanas. A mulher é incentivada a urinar regularmente (a cada quatro horas) para evitar o enchimento excessivo da bexiga, o que pode prevenir infecções urinárias.

tratamento para incontinência persistente envolve principalmente a fisioterapia pélvica, que visa fortalecer a musculatura do assoalho.

Relações sexuais e intimidade

A retomada da vida sexual é uma das maiores preocupações no pós-parto. A recomendação médica padrão é respeitar o período de resguardo (ou quarentena) de 40 a 45 dias (ou seis semanas)

Esse tempo é crucial para a cicatrização completa de lacerações ou episiotomia e para evitar o risco de infecção uterina e hemorragia pós-parto. Após o resguardo, a mulher pode experimentar algumas alterações como a dor.

Ela pode ser causada pela secura vaginal, cicatrizes e alterações hormonais como os níveis baixos de estrogênio. A secura vaginal também exemplifica como fica a parte íntima depois do parto normal. 

Sendo ela também causada pela diminuição da produção de estrogênio, principalmente durante a amamentação. As alterações hormonais também causam diminuição da libido, assim como o cansaço e a privação de sono.

Uma outra característica observada no puerpério é a sensação de alargamento por causa do enfraquecimento do assoalho pélvico. É importante que o casal tenha uma comunicação aberta e que a retomada da intimidade seja gradual e respeitosa.

Fatores que influenciam a recuperação

Diversos fatores podem acelerar ou dificultar a recuperação da região íntima. Mulheres que praticam exercícios de fortalecimento pélvico (como os de Kegel) durante a gestação e no pós-parto tendem a ter menos lacerações e uma recuperação mais rápida e tranquila.

O grau da laceração também influencia diretamente na recuperação pós-parto. Lesões mais profundas (graus 3 e 4) exigem um tempo de cicatrização mais longo e cuidados mais intensos.

Manter a higiene adequada e o repouso é importante para acelerar a recuperação. Já a amamentação mantém os níveis de estrogênio baixos, o que pode prolongar a secura vaginal e a dor durante o sexo.

Cuidados e orientações para recuperação confortável

A adoção de cuidados simples e consistentes é o segredo para uma recuperação confortável:

  • Higiene rigorosa: lave a região com água e sabão (preferencialmente sabonete íntimo com pH neutro) sempre que for ao banheiro. Seque a área suavemente com uma toalha limpa ou gaze, ou use um secador de cabelo na temperatura fria 
  • Alívio da dor e inchaço: use compressas de gelo ou bolsas geladas nas primeiras 24 horas. Borrifar água morna na área ao urinar pode aliviar a ardência
  • Repouso e posição: evite esforço físico e levantar pesos por cerca de seis semanas. Ao sentar, use uma almofada (formato de rosca) se sentir dor, especialmente em casos de laceração mais extensa
  • Uso de calcinhas: prefira calcinhas de algodão, que permitem a ventilação da área
  • Combate à constipação: a primeira evacuação pode ser difícil. Mantenha uma dieta rica em fibras e beba bastante água. O médico pode recomendar laxantes ou emolientes fecais

Uma outra orientação é fazer fisioterapia pélvica. No pós-parto, ela pode ser feita após a liberação médica e é essencial para fortalecer a musculatura e prevenir disfunções.

Quando procurar atendimento médico?

Embora a maioria dos desconfortos seja normal, alguns sinais de alerta exigem atenção médica imediata, pois podem indicar complicações:

  • Febre: temperatura de 38 °C ou superior, acompanhada ou não de calafrios
  • Sangramento exagerado: fluxo que encharca mais de dois absorventes por hora por mais de 1 a 2 horas
  • Sinais de infecção: dor intensa e crescente, vermelhidão, inchaço excessivo ou presença de secreção com mau cheiro nos pontos ou na região íntima
  • Dor persistente: dor intensa ou persistente durante a atividade sexual ou que não melhora após as primeiras semanas 
  • Sintomas emocionais: tristeza, depressão ou ansiedade graves que não desaparecem após duas semanas

A recuperação pós-parto é um processo contínuo que exige paciência e autocuidado. Ao buscar informações confiáveis e seguir as orientações médicas, a mulher garante um retorno saudável e seguro à sua rotina.

Entender como fica a parte íntima depois do parto normal é fundamental para que a mulher enfrente o pós-parto com mais tranquilidade e segurança. As mudanças no corpo são naturais e, na maioria das vezes, temporárias.

Com higiene adequada, repouso, alimentação equilibrada e o apoio da fisioterapia pélvica, é possível recuperar a força do assoalho pélvico, aliviar desconfortos e retomar a vida sexual com confiança.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Referências

SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Mulheres precisam ficar atentas aos cuidados no pós-parto. Saúde DF, [2023?]. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/web/guest/w/mulheres-precisam-ficar-atentas-aos-cuidados-no-pos-parto. Acesso em: 22 out. 2025.

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BEBÊ ABRIL. Como é a recuperação da região do períneo depois do parto natural. Bebê Abril, São Paulo, [2023?]. Disponível em: https://bebe.abril.com.br/parto-e-pos-parto/como-e-a-recuperacao-da-regiao-do-perineo-depois-do-parto-natural/#google_vignette. Acesso em: 22 out. 2025.

DIÁRIO GAÚCHO. Como fica a região íntima depois do parto normal. Diário Gaúcho, Porto Alegre, 2020. Disponível em: https://diariogaucho.clicrbs.com.br/entretenimento/noticia/2020/12/como-fica-a-regiao-intima-depois-do-parto-normal-14346724.html. Acesso em: 22 out. 2025.

DIÁRIO GAÚCHO. Como fica a vagina depois do parto normal. Diário Gaúcho, Porto Alegre, 2023. Disponível em: https://diariogaucho.clicrbs.com.br/entretenimento/noticia/2023/07/como-fica-a-vagina-depois-do-parto-normal-31064662.html. Acesso em: 22 out. 2025.

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