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Cirurgia robótica no tratamento de endometriose: saiba como funciona

O robô aumenta a precisão, reduz dor e acelera a recuperação

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A endometriose é uma condição crônica e debilitante que afeta aproximadamente uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva, causando dores intensas, infertilidade e um impacto significativo na qualidade de vida. 

Caracterizada pela presença do endométrio, tecido que reveste o útero, fora dele. O tecido cresce em outros órgãos como os ovários e o intestino. A doença pode levar a um quadro inflamatório crônico e à formação de aderências que comprometem a função de órgãos pélvicos e abdominais. 

Nos últimos anos, a cirurgia robótica para endometriose emergiu como uma abordagem terapêutica avançada, oferecendo novas perspectivas para pacientes e cirurgiões. 

O que é e quando é indicada a cirurgia robótica para endometriose?

cirurgia robótica é uma modalidade de tratamento minimamente invasiva que utiliza uma plataforma robótica para auxiliar o cirurgião na remoção de focos de endometriose. É considerada uma evolução da videolaparoscopia convencional, indicada principalmente para casos complexos e graves da doença.

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP), que implementou o programa de cirurgia robótica para endometriose em 2024, reforça que o procedimento é uma alternativa para os 20% de casos em que o tratamento clínico não melhora a qualidade de vida da paciente.

A indicação da cirurgia robótica para a endometriose ocorre geralmente quando o tratamento medicamentoso não é suficiente para controlar a dor ou quando a doença atinge um estágio avançado, comprometendo órgãos como intestino, bexiga, rins e até o diafragma.

Ela também é indicada para casos em que a doença infiltra profundamente os tecidos e órgãos pélvicos e para mulheres com endometriose onde a dor impede relações sexuais ou a doença é um fator de infertilidade.

Leia também: Conheça outros tipos de cirurgia robótica e suas indicações

Como a cirurgia robótica funciona?

Por ser uma tecnologia recente, muitas pessoas têm curiosidade em saber como a cirurgia robótica funciona

O procedimento é realizado com o cirurgião operando a partir de um console, que controla os braços de um robô posicionados sobre a paciente. Pequenas incisões são feitas no abdômen para a introdução dos instrumentos cirúrgicos e de uma microcâmera de alta definição.

O sistema robótico traduz os movimentos das mãos do cirurgião em movimentos precisos e em tempo real das pinças robóticas. A tecnologia oferece uma visão tridimensional (3D) ampliada do campo cirúrgico, permitindo ao médico uma percepção de profundidade e uma visualização detalhada.

As pinças robóticas possuem uma amplitude de movimento superior à do punho humano e um sistema que filtra tremores, o que aumenta a precisão e a segurança durante a remoção do tecido doente, especialmente em áreas de difícil acesso.

Benefícios e vantagens da cirurgia robótica para pacientes com endometriose

A cirurgia robótica para endometriose oferece uma série de vantagens tanto para o cirurgião quanto para a paciente, consolidando-se como uma opção segura e eficaz para o tratamento da endometriose complexa.

Para a paciente, os principais benefícios incluem:

  • Menor tempo de recuperação: por ser um procedimento minimamente invasivo, a recuperação tende a ser mais rápida, com menor tempo de internação hospitalar 
  • Menos dor no pós-operatório: as incisões menores e a manipulação mais delicada dos tecidos resultam em menos dor após a cirurgia.
  • Redução do sangramento: a precisão dos movimentos e a melhor visualização contribuem para um menor sangramento durante o procedimento
  • Cicatrizes menores: as pequenas incisões resultam em cicatrizes mais discretas esteticamente
  • Restauração da fertilidade: a precisão na remoção dos focos de endometriose pode aumentar as chances de gravidez

Para a equipe médica, as vantagens são notáveis:

  • Maior precisão e destreza: o robô elimina tremores e permite movimentos articulados que superam a capacidade da mão humana
  • Visão 3D e ampliada: a visualização tridimensional e com zoom de até dez vezes ou mais melhora a identificação e a remoção completa das lesões 
  • Ergonomia para o cirurgião: o médico opera sentado em um console, o que reduz a fadiga em procedimentos longos e complexos 

A cirurgia robótica representa um avanço significativo no tratamento da endometriose, unindo alta tecnologia, segurança e resultados clínicos superiores. 

Com recuperação mais rápida, menor dor e maior preservação da fertilidade, essa técnica amplia as possibilidades de controle da doença e devolve qualidade de vida às pacientes. Além da recuperação, esse tipo de cirurgia permite uma maior precisão e conforto ao cirurgião, tornando o procedimento ainda mais eficiente e seguro.

Como se preparar para a cirurgia robótica?

A preparação para a cirurgia robótica de endometriose envolve uma avaliação médica detalhada e a realização de exames pré-operatórios. 

O diagnóstico preciso, geralmente obtido por meio de exames de imagem como a ressonância magnética e o ultrassom transvaginal com preparo intestinal, é fundamental para o planejamento cirúrgico.

É importante que a paciente converse abertamente com seu médico sobre suas expectativas, histórico de saúde e tire todas as dúvidas sobre o procedimento. Seguir as orientações médicas sobre jejum, uso de medicamentos e outros cuidados pré-operatórios é crucial para a segurança da cirurgia.

O que esperar no pós-operatório e recuperação?

Após a cirurgia robótica, a paciente geralmente permanece internada por um curto período, muitas vezes recebendo alta em um ou dois dias. A recuperação em casa envolve repouso relativo, cuidados com as pequenas incisões e o uso de analgésicos conforme a prescrição médica para controlar qualquer desconforto.

O retorno às atividades cotidianas é progressivo e deve ser orientado pelo médico. Embora a recuperação seja mais rápida em comparação com a cirurgia aberta tradicional, é importante respeitar os limites do corpo para garantir uma cicatrização adequada.

É importante notar que, embora a cirurgia remova as lesões existentes, a endometriose é uma doença crônica e pode recidivar. O acompanhamento médico contínuo e, em alguns casos, a manutenção de um tratamento clínico são fundamentais para controlar a doença a longo prazo e preservar a qualidade de vida.

A cirurgia robótica para endometriose representa um marco na medicina moderna, oferecendo precisão, segurança e resultados superiores para mulheres que convivem com os impactos dessa doença crônica. 

Com tecnologia avançada, o procedimento permite a remoção detalhada dos focos de endometriose, reduz o tempo de recuperação e proporciona uma melhora significativa na dor e na qualidade de vida das pacientes. 

Além de favorecer a preservação da fertilidade, essa técnica assegura menor sangramento, cicatrizes discretas e um retorno mais rápido às atividades diárias. 

Com acompanhamento médico adequado e diagnóstico preciso, essa abordagem minimamente invasiva se consolida como o futuro do tratamento cirúrgico da endometriose, unindo tecnologia e cuidado.

Limitações, riscos e desvantagens

A ausência de feedback tátil (ou háptico) é uma das desvantagens mais significativas da cirurgia robótica, de acordo com artigo publicado no PubMed (2024). A incapacidade do cirurgião de sentir a textura e a resistência dos tecidos dificulta a diferenciação entre lesões de endometriose e tecidos saudáveis, especialmente em casos de endometriose profunda e infiltrativa. 

Novas tecnologias como a fluorescência com indocianina verde (ICG) e o desenvolvimento de sistemas com feedback de força, buscam contornar a falta de sensibilidade tátil, mas ela ainda é um desafio.

Um dos principais obstáculos para a ampla adoção da cirurgia robótica é o seu alto custo, também diz o artigo. A aquisição e manutenção dos sistemas robóticos são extremamente caros, o que restringe sua disponibilidade a hospitais de grande porte e centros urbanos bem financiados. 

Apenas uma pequena parcela dos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil dispõe dessa tecnologia, tornando a cirurgia convencional ou até mesmo a laparoscópica a realidade para a grande maioria das pacientes.

O estudo ainda aponta que problemas tecnológicos, como mau funcionamento do sistema ou a necessidade de atualizações constantes de software, podem atrapalhar os horários cirúrgicos e reduzir a eficiência geral também.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Referências

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VIEIRA, Larissa. Cirurgia robótica feita pelo HC é usada para tratar endometriose; entenda a doença. G1, Ribeirão Preto e Franca, 24 mar. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2024/03/24/cirurgia-robotica-feita-pelo-hc-e-usada-para-tratar-endometriose-entenda-a-doenca.ghtml. Acesso em: 13 out. 2025.

ASSIS, Marcos de. HC realiza cirurgia robótica para endometriose. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, 7 mar. 2024. Disponível em: https://site.hcrp.usp.br/hc-realiza-cirurgia-robotica-para-endometriose/. Acesso em: 13 out. 2025.

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GONÇALVES FILHO, Rubens. Endometriose: quando sentir dor não é normal. Brazil Journal, 12 out. 2023. Disponível em: https://braziljournal.com/endometriose-quando-sentir-dor-nao-e-normal/. Acesso em: 13 out. 2025.

CLAVERY, Elisa. Robô é usado em cirurgia de reparação da endometriose. Extra Globo, 1 dez. 2015. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/robo-usado-em-cirurgia-de-reparacao-da-endometriose-18186408.html. Acesso em: 13 out. 2025.

FERRARI, Filippo Alberto et al. Robotic surgery for deep-infiltrating endometriosis: is it time to take a step forward? Frontiers in Medicine, v. 11, p. 1387036, 2024. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10948538/. Acesso em: 13 out. 2025.

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