Revisado em: 23/10/2025
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O número de cesarianas realizadas pela mulher deve ser avaliado caso a caso

A cesariana é um procedimento cirúrgico essencial em muitas situações, capaz de garantir a segurança da mãe e do bebê quando o parto normal não é possível ou apresenta riscos.
No entanto, ela também desperta dúvidas frequentes entre as gestantes, especialmente sobre quantas cesarianas podem ser feitas de forma segura ao longo da vida reprodutiva. Essa é uma questão importante, pois cada nova cirurgia traz implicações para a saúde materna e pode influenciar futuras gestações.
Entender os limites, riscos e recomendações médicas sobre o número de cesarianas é fundamental para que a mulher participe ativamente das decisões sobre o parto, com base em informações claras e confiáveis.
A cesariana é um tipo de parto cirúrgico no qual o bebê nasce através de incisões feitas no abdômen e no útero da mãe.
É um procedimento realizado em ambiente hospitalar. Quando indicado, pode ser um método que salva vidas tanto da mãe quanto do bebê. No Brasil, a cesariana é a forma mais comum de dar à luz, com uma das maiores taxas do mundo.
No ano de 2020, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, o número de parto cesáreo foi de 57,2%. O percentual é bem acima da média percentual do mundo, que é de 21,1%.
Segundo a OMS, realizar esse tipo de parto sem indicação médica pode colocar a mulher e o bebê em risco desnecessário a curto e longo prazo.
Para a segurança do feto e da mãe, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece que a cesariana eletiva (aquela programada sem urgência médica) pode ser realizada a partir da 39ª semana completa de gravidez, o que corresponde a aproximadamente 9 meses de gestação.
A realização do parto cesariano eletivo antes desse período aumenta o risco de morbidade respiratória e outras complicações neonatais, como distúrbios metabólicos e neurológicos.
A cesariana é um procedimento que deve ser indicado por razões médicas para garantir a segurança da mãe e do bebê. As principais indicações incluem:
É fundamental que a decisão pela cesariana seja tomada em conjunto entre a gestante e a equipe médica, com base em informações claras sobre riscos e benefícios.
Não existe um número máximo absoluto de quantas cesarianas podem ser feitas que seja universalmente aceito. Existem diretrizes e considerações que visam garantir a segurança da mãe e do bebê.
A maioria dos médicos e diretrizes de saúde recomenda cautela e análise individualizada após a segunda ou terceira cesariana. A cada nova cesárea, os riscos para a mãe e para futuras gestações aumentam.
De acordo com a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal da CONITEC, o Parto Vaginal Após Cesariana (PVAC) é recomendado para mulheres com até duas cesarianas anteriores.
No entanto, para aquelas que já tiveram três ou mais cesarianas, a recomendação é a realização de uma nova cesariana.
A Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) também aponta que a cirurgia recorrente pode afetar a fertilidade da mulher e dificultar gestações futuras. Ela ainda diz que a infertilidade é rara de ser desencadeada após uma única cesárea.
Diversos fatores influenciam a decisão sobre a realização de múltiplas cesarianas ou a tentativa de um parto vaginal após cesariana. Veja a seguir.
Como mencionado, a CONITEC recomenda PVAC para até duas cesarianas prévias, mas sugere nova cesariana para três ou mais.
O risco de ruptura uterina após uma ou duas cesarianas é baixo e semelhante, sem ser maior que o de uma nova cirurgia. Contudo, esse risco aumenta à medida que o número de cesarianas prévias cresce.
O tipo de incisão realizada no útero em cesarianas anteriores é um fator crucial.
Incisões horizontais na parte inferior do útero cicatrizam de forma mais resistente e apresentam menor risco de ruptura em partos subsequentes. Incisões verticais ou outras anomalias podem aumentar esse risco.
A presença de condições como placenta prévia, descolamento prematuro da placenta, apresentação anômala do feto (pélvica ou transversa) e sofrimento fetal agudo, são fatores que influenciam a realização de uma cesárea.
A macrossomia (fetos grandes) ou certas malformações congênitas também podem indicar a necessidade de uma cesariana, independentemente do histórico.
Condições maternas como herpes genital ativo ou infecção pelo HIV (com carga viral elevada) podem justificar a cesariana para evitar a transmissão ao bebê.
A idade gestacional também é um fator; cesarianas eletivas são permitidas a partir da 39ª semana completa de gravidez (273º dia de gestação) para garantir a segurança fetal e reduzir riscos neonatais.
A autonomia da mulher é importante, mas deve ser acompanhada de um consentimento informado e de um aconselhamento detalhado sobre os riscos e benefícios de cada via de parto.
Em casos de tocofobia (medo do parto), o encaminhamento para um profissional de saúde mental é recomendado.
Embora a cesariana seja um procedimento que pode salvar vidas, a repetição da cirurgia aumenta significativamente os riscos para a mãe e para futuras gestações.
Este é um dos riscos mais graves e consiste na aderência anormal da placenta à parede uterina, podendo infiltrar o miométrio (placenta increta) ou até mesmo órgãos vizinhos como bexiga e intestino (placenta percreta).
Mulheres com duas ou mais cesarianas têm chances três vezes maiores de desenvolver essa condição. O acretismo pode causar hemorragia grave e, em casos extremos, exigir a remoção do útero (histerectomia).
Embora o risco seja baixo com incisões horizontais baixas, ele existe e aumenta com o número de cesarianas anteriores. A ruptura uterina é uma complicação grave que pode levar a hemorragias e risco de vida para a mãe e o bebê.
A placenta se implanta na parte inferior do útero, cobrindo total ou parcialmente o colo do útero. Ela é mais comum em mulheres com histórico de cesarianas.
A repetição de cesarianas pode impactar a fertilidade da mulher devido a problemas como aderências pélvicas e alguma anomalia na implantação da placenta.
Cada cirurgia cesariana acarreta riscos comuns a qualquer procedimento cirúrgico, como infecções, hemorragias, complicações anestésicas, dor pós-operatória intensa e recuperação mais lenta.
Além disso, a amamentação pode ser prejudicada devido à dor e à dificuldade de posicionamento.
É fundamental que a decisão sobre a via de parto seja sempre individualizada. Ela deve acontecer a partir de uma avaliação médica cuidadosa, considerando o histórico da gestante, as condições atuais da gravidez e um diálogo aberto entre a mulher e a equipe de saúde.
O incentivo ao parto normal, quando clinicamente seguro, é a melhor medida preventiva para evitar os riscos associados a cesarianas desnecessárias ou repetidas.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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