Doença de Lyme: tratamento, como agir ao primeiro sinal da infecção e cuidados

O tratamento da doença de Lyme evita complicações neurológicas, cardíacas e articulares

A doença de Lyme é uma infecção bacteriana transmitida pela picada de carrapatos infectados, que pode afetar múltiplos órgãos e sistemas do corpo humano. 

Causada por bactérias do gênero Borrelia, essa condição requer atenção especial porque precisa de tratamento precoce. Se não tratada precocemente, pode evoluir para formas mais graves, atingindo articulações, sistema nervoso e até o coração.

O tratamento da doença de Lyme é essencial para evitar complicações e reduzir o risco de sequelas permanentes. A terapia baseia-se principalmente no uso de antibióticos, escolhidos conforme o estágio da infecção e os sintomas apresentados. 

Quando iniciado rapidamente, o tratamento costuma garantir uma recuperação completa e prevenir o surgimento da chamada Síndrome Pós-Tratamento da Doença de Lyme (SPTDL), em que os sintomas persistem mesmo após o uso dos medicamentos.

O que é a doença de Lyme?

A Doença de Lyme é uma zoonose infecciosa causada por bactérias do gênero Borrelia, transmitida pela picada de carrapatos infectados do gênero Ixodes e Amblyomma no Brasil. Esta infecção pode afetar humanos, animais silvestres e domésticos. 

É uma infecção sistêmica que, se não tratada, pode progredir por três estágios: localizada inicial, disseminada inicial e tardia. A fase inicial normalmente apresenta eritema migratório, uma lesão cutânea característica que aparece no local da picada. O eritema costuma ocorrer entre 3 e 30 dias após a picada do carrapato. 

Esta lesão é uma mancha vermelha e saliente que se expande lentamente, podendo apresentar um clareamento central, igual a um alvo. Sintomas semelhantes aos da gripe, como febre baixa, calafrios, dor de cabeça, dor nos músculos e articulações também podem ocorrer.

Em estágios mais avançados, a doença pode levar a complicações neurológicas (como meningite, encefalite, paralisia de Bell), articulares (artrite de grandes articulações) e cardíacas (bloqueio atrioventricular, miocardite). 

No Brasil, a doença de Lyme pode apresentar características clínicas e laboratoriais distintas das observadas nos Estados Unidos e na Europa. Por causa disso, a infecção é conhecida como doença de Lyme símile ou Borreliose Humana Brasileira.

Quando iniciar o tratamento e por que ele é importante?

O tratamento precoce da doença de Lyme é fundamental para evitar a progressão da doença e o desenvolvimento de complicações graves. A ausência de tratamento antibiótico permite que a bactéria Borrelia se espalhe pelo corpo, invadindo o sistema imunológico do hospedeiro e permanecendo por mais tempo. 

O prognóstico costuma ser muito bom quando o diagnóstico e o tratamento são realizados precocemente. No entanto, o atraso no diagnóstico e tratamento pode levar a uma piora do prognóstico e ao desenvolvimento da Síndrome Pós-Tratamento da Doença de Lyme (SPTDL). 

Na SPTDL o paciente apresenta sintomas persistentes e debilitantes por seis meses ou mais após o término da terapia antibiótica padrão. Esses sintomas podem ser fadiga severa, dores musculares e articulares, problemas cognitivos (dificuldade de memória, raciocínio lento) e distúrbios do sono.

Tratamento para doença de lyme

O tratamento da doença de Lyme baseia-se principalmente na administração de antibióticos. A escolha do medicamento e a duração da terapêutica variam conforme o estágio da doença e as manifestações clínicas.

Tratamento para adultos

Tratamento para crianças

Para as crianças o tratamento da doença de Lyme pode ser feito com amoxicilina, doxiciclina ou cefuroxima axetil. Para as manifestações neurológicas é recomendada a administração de ceftriaxona e penicilina.

Em caso de alergia à penicilina, a medicação a ser utilizada pode ser a eritromicina. Mulheres grávidas podem receber amoxicilina. Os pacientes podem manifestar artrite por causa do uso de antibióticos. Nesses casos, é necessário fazer tratamento adicional com anti-inflamatórios.

Quando procurar um médico?

É fundamental procurar um médico se você suspeitar de uma picada de carrapato ou se desenvolver sintomas da doença de Lyme, especialmente se estiver em uma área endêmica. 

Muitos pacientes não se lembram de terem sido picados por um carrapato, e os sintomas podem ser confundidos com outras condições.

Procure atendimento médico se:

• Você encontrou um carrapato em sua pele e vive ou viajou para uma área onde a doença é comum
• Você desenvolveu uma erupção cutânea característica (eritema migratório) ou sintomas semelhantes aos da gripe após uma possível exposição a carrapatos
• Você tem sintomas persistentes após o tratamento da doença de Lyme, pois pode ser um caso de SPTDL 

O diagnóstico é baseado em uma combinação de fatores clínicos, epidemiológicos (histórico de exposição a carrapatos) e testes laboratoriais. A interpretação dos testes deve ser feita com cautela, pois a sorologia pode ser negativa em pacientes com tratamento precoce.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente os resultados e prevenir complicações a longo prazo.

Prevenção e cuidados pós-tratamento

A melhor forma de prevenção é evitar picadas de carrapato. Se você estiver em áreas arborizadas, com grama alta ou arbustos e florestas, siga estas dicas:

• Use repelentes de carrapatos: aplique repelentes aprovados pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) na pele exposta e trate roupas e equipamentos com produtos contendo 0,5% de permetrina
• Vista-se para proteção: use roupas de cor clara para facilitar a visualização de carrapatos, camisas de manga longa e calças compridas enfiadas nas meias
• Verifique a presença de carrapatos: após atividades ao ar livre, tome banho o mais rápido possível e faça uma inspeção minuciosa em todo o corpo. Preste atenção em áreas como axilas, cabelo, orelhas, cintura e entre as pernas. Verifique também seus equipamentos e animais de estimação

Após o tratamento, é fundamental seguir as orientações médicas e monitorar o surgimento de novos sintomas. Embora a maioria dos pacientes se recupere completamente, a atenção aos sinais de SPTDL é importante para um tratamento adequado.

O sucesso no tratamento da doença de Lyme depende diretamente do diagnóstico precoce e da adesão correta às orientações médicas. Quando identificada nos estágios iniciais, a infecção responde bem aos antibióticos e o paciente tende a se recuperar completamente. 

No entanto, atrasos no tratamento podem aumentar o risco de complicações neurológicas, cardíacas e articulares, além de favorecer o surgimento da Síndrome Pós-Tratamento da Doença de Lyme (SPTDL). 

Por isso, é essencial manter atenção a possíveis sintomas após exposição a carrapatos e procurar atendimento médico ao primeiro sinal da infecção. A prevenção é a melhor forma de evitar a infecção e suas consequências.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Referências

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