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Cirurgia robótica da próstata: o que você precisa saber sobre o procedimento

O procedimento é classificado como um dos mais modernos em cirurgia de próstata

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Desde o momento em que você recebe o diagnóstico de câncer de próstata, uma série de decisões difíceis surgem. Entre elas, a escolha da melhor técnica cirúrgica. Se você está ponderando a cirurgia robótica da próstata, é fundamental entender como ela funciona, seus benefícios, riscos e indicações.

O objetivo deste artigo é falar com você, paciente que quer clareza, abrindo o panorama técnico e realista dessa opção.

O que é a cirurgia robótica para câncer de próstata

A cirurgia robótica para câncer de próstata, também chamada de prostatectomia radical assistida por robô, é uma técnica minimamente invasiva em que o cirurgião controla braços mecânicos com instrumentos finos, guiados por uma visão tridimensional de alta precisão.

Diferente da cirurgia aberta, em que o cirurgião opera diretamente as mãos sobre a próstata, no modelo robótico o médico fica em um console. É nele que o médico manipula os instrumentos robóticos que realizam movimentos delicados com grande estabilidade e ampliação de visão.

Essa possibilidade permite que o médico consiga acessar áreas delicadas, como os nervos e vasos próximos, com mais precisão que na cirurgia tradicional.

Várias meta-análises indicam que a cirurgia robótica tende a apresentar menor perda sanguínea, menor necessidade de transfusão e tempo de internação mais curto quando comparado à cirurgia aberta ou laparoscópica convencional.

Leia também: Conheça os diferentes tipos de cirurgias robóticas e quando elas são indicadas

Por que o câncer de próstata é preocupante

O câncer de próstata é uma das neoplasias mais comuns entre os homens. Dependendo da agressividade do tumor, ele pode crescer lentamente ou invadir tecidos vizinhos ou metastizar.

Estudos clínicos demonstram que a prostatectomia radical pode reduzir a mortalidade específica por câncer de próstata em pacientes com risco intermediário ou alto.

Por isso que o tratamento cirúrgico, quando bem indicado, é um passo decisivo. O balanceamento entre remoção completa do tumor e da preservação da qualidade de vida do paciente é parte fundamental dessa decisão.

Como é realizado o procedimento

cirurgia robótica é similar à convencional. Nessa modalidade, o paciente também passa por anestesia geral. A diferença está em uma vez que a equipe médica posiciona os robôs, o cirurgião remove toda a próstata. Em alguns casos, parte dos linfonodos pélvicos também são removidos, dependendo do grau de risco tumoral.

O tempo cirúrgico varia conforme a complexidade, mas muitas vezes está entre 2 e 4 horas de operação. Durante o procedimento, há uma reconexão entre a bexiga e a uretra. Essa reconexão é feita com suturas finas robotizadas.

Estudos (2024) mostram que em centros experientes nessa modalidade de cirurgia tendem a ter complicações intraoperatórias baixas. Uma série europeia relatou uma taxa de complicações intraoperatórias de aproximadamente 2,1% em cirurgias robóticas do tipo Retzius-sparing.

Uma meta-análise comparou prostatectomia radical assistida por robô (RARP, em inglês) com a laparoscopia e a cirurgia aberta. Foram encontradas vantagens importantes da cirurgia robótica, entre elas um menor sangramento, taxas menores de transfusão, melhores taxas de preservação nervosa, continência urinária e recuperação da função erétil.

Como é o pós-operatório nesse tipo de cirurgia

Logo após a cirurgia, você ficará em observação em um cateter vesical, também conhecido por sonda. O tempo de permanência hospitalar costuma ser mais curto em procedimentos robóticos, sendo a média de 1 a 3 dias. O tempo pode variar de acordo com possíveis complicações e o estado geral do paciente enquanto a recuperação.

Nos primeiros dias, o objetivo é a mobilização precoce, o controle da dor e evitar o surgimento de tromboses. O cateter continua por um tempo determinado, conforme o acompanhamento do urologista responsável.

Durante as semanas e os meses seguintes, a recuperação tende a ser gradual. Muitos pacientes recuperam o controle total da continência urinária em até 12 meses.

Em uma meta-análise publicada pela European Urology Focus (2023), foi constatado que a recuperação urinária e a função sexual tendem a ser mais rápida ou até com melhores resultados em cirurgia robótica quando comparado à laparoscopia, principalmente nos 6 primeiros meses.

Já a função erétil pode demorar mais em se recuperar, porque depende que os nervos tenham sido poupados. Em pacientes com função erétil preservada antes da cirurgia, a probabilidade de retorno após o RARP é frequentemente maior.

Leia também: Qual é a diferença entre a cirurgia robótica e a laparoscopia?

Vantagens da cirurgia robótica da próstata

Algumas das vantagens que tornam essa técnica atraente:

  • Menor perda de sangue e menor necessidade de transfusão intraoperatória;
  • Visão ampliada em 3D e instrumentação com mais precisão que permite uma dissecção mais refinada, poupando nervos e tecidos saudáveis;
  • Recuperação mais rápida, hospitalização mais curta e retorno mais precoce às atividades normais;
  • Possivelmente melhores taxas iniciais de continência e função erétil em comparação com técnicas não robóticas, principalmente nos primeiros meses pós-operatórios;
  • Margens de segurança tumorais positivas, semelhantes ou até melhores em alguns casos, segundo análises.

É fundamental também avaliar a experiência do cirurgião e do centro em que o procedimento será realizado. Os resultados podem variar conforme o volume de casos e a habilidade técnica.

Existem riscos associados?

Como em qualquer intervenção cirúrgica, a cirurgia robótica da próstata também inclui riscos. 

Entre eles estão:

  • Sangramentos e necessidade de transfusão, embora menos comuns em técnicas robóticas;
  • Lesão de estruturas vizinhas, como nervos, reto, vasos ou uretra;
  • Ferrugem da anastomose, quando há vazamento urinário ao redor da união bexiga-uretra;
  • Infecções do trato urinário, trombose venosa profunda;
  • Problemas relacionados ao robô ou falha técnica, que exigem a conversão para cirurgia aberta em casos raros;
  • Disfunção erétil persistente, comprometimento da libido ou mudanças na ejaculação;
  • Incontinência urinária mais prolongada.

Estudos de complicações intraoperatórias em robótica reportam taxas relativamente baixas. Em série específica, foi detectado apenas 2,1% de complicações. Ainda que sejam leves, elas não são zero.

Quais são as chances do câncer de próstata voltar após a cirurgia

A chamada “recorrência bioquímica”, que é o aumento do PSA após a cirurgia, é uma das formas mais usadas para mensurar o retorno do câncer. Ela varia conforme o risco tumoral, margens cirúrgicas e a agressividade do tumor.

Em análises de rede, a cirurgia robótica apresentou taxas de recorrência bioquímica menores comparadas à cirurgia aberta e laparoscópica: o risco relativo foi cerca de 0,713 frente à cirurgia aberta e 0,672 frente à laparoscopia.

Estudos com seguimento de 6 anos mostram resultados comparáveis entre cirurgia aberta e robótica em termos de controle oncológico, com margens e taxas de recorrência semelhantes, principalmente em centros experientes.

Em outra análise de longo prazo, pacientes submetidos a RARP apresentaram sobrevida específica ao câncer favorável nos anos seguintes. Fatores que aumentam a chance de retorno incluem margens positivas, invasão extracapsular, Gleason elevado, envolvimento de linfonodos e volume tumoral.

Mesmo em casos de recorrência, há opções de tratamento adicional (radioterapia adjuvante ou de resgate), que também são consideradas conforme o contexto clínico.

Quando a cirurgia robótica para câncer de próstata é indicada

A cirurgia robótica da próstata costuma ser indicada nos casos de câncer localizado ou localmente avançado (sem metástase sistêmica). Também em casos quando o paciente apresenta expectativa de vida suficiente para justificar o tratamento agressivo.

Além desses quadros, ela é considerada quando:

  • O tumor é operável e tecnicamente acessível.
  • Não há contraindicações médicas que impeçam cirurgia.
  • O paciente valoriza o potencial de preservação funcional (continência, ereção) e deseja uma recuperação mais rápida.
  • O centro e o cirurgião têm experiência comprovada com técnica robótica, o que é imprescindível para melhores resultados.

Para tumores muito agressivos com alto risco de metástase ou comprometimento extenso de próstata e estrutura, pode haver indicação combinada de cirurgia com radioterapia ou quimioterapia.

Diferenças da cirurgia robótica e outras técnicas cirúrgicas

Comparar a cirurgia robótica com métodos tradicionais ajuda a entender suas vantagens e limitações:

Técnica

Acesso / Incisões

Sangramento

Tempo de internação

Continência e função erétil

Margens / recorrência

Aberta (ORP)

Incisão grande abdominal

maior

mais tempo

recuperação mais lenta

margens e recorrência comparáveis

Laparoscópica (LRP)

pequenas incisões

menor que aberta

intermediário

desempenho funcional variável

recorrência semelhante

Robótica (RARP)

incisões mínimas robóticas

ainda menor

mais curta

taxas melhores ou semelhantes de continência e ereção em muitos casos

margens e recorrência comparáveis ou favoráveis

Vários estudos apontam que, ainda que as diferenças em longo prazo sejam menos pronunciadas, no período inicial e na recuperação a cirurgia robótica oferece benefícios funcionais e de conforto.

Uma vantagem da modalidade robótica é a capacidade de dissecção precisa com visão ampliada, o que permite ao cirurgião “afinar” margens de ressecção. A cirurgia robótica também termina minimizando dano aos nervos adjacentes, o que pode reduzir complicações funcionais.

Com todas as vantagens, não se pode descartar que em alguns casos a cirurgia aberta possa ser mais rápida dependendo da experiência do cirurgião, ou que fatores anatômicos peculiares tornem o robótico mais desafiador.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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