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Ômega 3 faz mal para os rins? Entenda sobre o impacto em doenças renais

A dúvida surge na prateleira da farmácia: o pequeno frasco dourado pode machucar os rins?

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Você acabou de receber o resultado do exame de urina e a creatinina está um pouquinho alterada. Na saída do laboratório, lembra que começou a tomar ômega 3 há três meses. Será que há relação entre o suplemento e os rins? Estudos recentes indicam que o consumo de ômega-3, focado na atuação no sistema imune, não causa danos aos rins.

Como o ômega 3 atua dentro do rim?

Os ácidos graxos EPA e DHA se incorporam à membrana das células renais e diminuem a produção de substâncias pró-inflamatórias. Desta forma, reduzem a pressão dentro dos glomérulos — os pequenos filtros do rim — e podem facilitar a passagem do sangue. O ômega-3 é reconhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, sendo um foco de diversas pesquisas sobre saúde.

Evidências: ômega 3 protege ou prejudica a função renal?

A maioria dos trabalhos indica efeito neutro ou protetor para a função renal. O ômega-3 não demonstrou prejudicar os rins; na verdade, ele pode ajudar a melhorar a saúde cardiovascular e reduzir o estresse oxidativo em pacientes com doença renal crônica. 

Para pessoas com doença renal crônica, a suplementação de ômega-3 também mostrou um efeito positivo no comprimento dos telômeros, sem evidências de prejuízo aos rins.

É importante ressaltar que estudos focados na atuação do ômega-3 no sistema imune não indicam que seu consumo cause danos aos rins. Nenhuma pesquisa recente apontou piora da função renal atribuída ao próprio ômega-3. 

O que tem sido observado é a estabilização do quadro, especialmente em diabéticos e hipertensos.

Quando o ômega 3 pode sobrecarregar os rins?

Altas doses, acima de 3 g/dia de EPA+DHA combinados, podem sobrecarregar as vias de metabolismo dos eicosanoides e aumentar a produção de prostaglandinas renais. Em pessoas já com filtração reduzida, isso pode resultar em elevação leve da creatinina — geralmente reversível ao reduzir a dose. 

Embora o ômega-3 possa causar um leve aumento em um marcador da função renal (BUN), esses níveis geralmente permanecem dentro do considerado normal e não representam risco de efeitos adversos para os rins.

Situações de atenção

  • Uso concomitante de anti-inflamatórios (ibuprofeno, diclofenaco) ou inibidores de COX-2
  • Medicamentos que afetam coagulação (varfarina, clopidogrel) — risco de sangramento e, consequentemente, lesão renal por hipoperfusão
  • Reposição simultânea de vitamina D em altas doses, presente em algumas cápsulas combinadas
  • Diurese excessiva (uso de furosemida) que leva a desidratação, agravada pelo possível efeito leve do óleo de peixe na pressão arterial

Quem tem doença renal crônica deve evitar suplementos?

Não é preciso evitar, mas o consumo deve ser adequado e monitorado por um profissional de saúde. Em pacientes com doença renal crônica, o ômega-3 não demonstrou prejudicar os rins; na verdade, ele pode ajudar a melhorar a saúde cardiovascular e reduzir o estresse oxidativo. 

Além disso, a suplementação de ômega-3 mostrou um efeito positivo no comprimento dos telômeros para pessoas com essa condição, sem evidências de prejuízo aos rins.

A orientação da National Kidney Foundation resume-se em três pontos:

  1. Prefira alimentos ricos em ômega 3 antes de cápsulas
  2. Limite suplemento a 1 g/dia de EPA+DHA, exceto prescrição médica distinta
  3. Avaliar função renal a cada 3–6 meses; se creatinina aumentar > 0,3 mg/dL em relação ao basal, suspenda e reavalie

Para pacientes em diálise, não há contraindicação, mas o profissional deve considerar o balanço de lípidos e uso de anticoagulantes durante o procedimento.

Formas seguras de consumo e cuidados de monitoramento

A maioria das pessoas não precisa de exames extras se ingerir até 1 g/dia de suplemento. Em caso de histórico familiar de doença renal ou uso contínuo de anti-inflamatório, peça ao médico:

  • Creatinina sérica e taxa de filtração estimada (TFG)
  • Albumina urinária ou razão albumina/creatinina na urina
  • Tempo de coagulação ou INR, se usar varfarina

Fontes alimentares são as mais seguras:

  • Salmão, atum, sardinha: 2 a 3 porções (120 g cada) por semana equivalem a 1 g de EPA+DHA.
  • Sementes de chia e linhaça moída: fornecem ALA, que o organismo converte parcialmente em EPA/DHA, sendo alternativa vegetariana.

Evite cápsulas com adição de vitamina A em doses > 100 % do valor diário; excesso desta vitamina é conhecidamente nefrotóxico.

Mitos frequentes e esclarecimentos rápidos

Ômega 3 afeta o volume de urina? Não. O suplemento não tem ação diurética relevante. O que pode ocorrer é ingestão maior de líquidos para engolir cápsulas, aumentando ligeiramente a frequência. 

Consumo alto causa proteinúria? Ao contrário, estudos mostram redução da excreção de proteínas, em especial da albumina, em pacientes com doença renal. Todo peixe é seguro para rins? 

Peixes predadores (espada, tubarão) podem conter metilmercúrio; preferir espécies pequenas e acompanhadas de selo de origem sustentável.

 

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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