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Como identificar a leucemia? Sinais de alerta e exames essenciais

Entenda quais manifestações no corpo merecem atenção e como o diagnóstico dessa condição é realizado por especialistas.

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Um cansaço que não passa, mesmo após uma boa noite de sono. Uma mancha roxa que surge na perna sem motivo aparente ou um sangramento na gengiva ao escovar os dentes. Essas situações, muitas vezes ignoradas na correria do dia a dia, podem ser os primeiros indícios de condições que exigem atenção, incluindo a leucemia.

A leucemia é um tipo de câncer que afeta as células do sangue, especificamente os glóbulos brancos (leucócitos). Ela começa na medula óssea, local onde as células sanguíneas são produzidas. Entender seus sinais é o primeiro passo para um diagnóstico precoce e um tratamento adequado.

Quais são os primeiros sinais e sintomas da leucemia?

Os sintomas da leucemia são variados e, muitas vezes, parecidos com os de doenças mais comuns, como gripes ou viroses. A principal diferença está na sua persistência e na combinação de vários sinais ao mesmo tempo. Eles podem ser agrupados para facilitar a identificação.

Sinais sistêmicos e gerais

Estes sintomas afetam o corpo como um todo e resultam diretamente da ação das células doentes e da falta de células saudáveis.

  • Fadiga e fraqueza extremas: cansaço desproporcional ao esforço realizado, que não melhora com o descanso.
  • Febre ou calafrios: episódios de febre sem uma infecção óbvia, que podem ir e vir.
  • Perda de peso inexplicável: emagrecimento sem alteração na dieta ou rotina de exercícios.
  • Infecções recorrentes: como o sistema de defesa está comprometido, infecções de garganta, pulmão ou pele podem se tornar frequentes.
  • Suores noturnos intensos: transpiração excessiva durante a noite, a ponto de molhar roupas e lençóis.

Sinais visíveis na pele e sangramentos

A diminuição do número de plaquetas, responsáveis pela coagulação, causa manifestações hemorrágicas bastante características.

  • Manchas roxas (hematomas): surgem com facilidade, após pequenos traumas ou até mesmo espontaneamente.
  • Pontos vermelhos (petéquias): pequenas manchas do tamanho de uma cabeça de alfinete, que não desaparecem ao serem pressionadas. Geralmente aparecem nas pernas e braços.
  • Sangramentos: podem ocorrer no nariz (epistaxe) ou nas gengivas com frequência.
  • Palidez: a pele e as mucosas (como a parte interna dos olhos e da boca) ficam mais pálidas devido à anemia.

Dores e inchaços

O acúmulo de células leucêmicas pode causar pressão e desconforto em diferentes partes do corpo.

  • Dores nos ossos e articulações: a medula óssea "inchada" pelo excesso de células doentes pode gerar dor, principalmente em ossos longos e na bacia. Além disso, a leucemia pode se manifestar com problemas ósseos como osteoporose, lesões nos ossos e um risco maior de fraturas. Isso ocorre devido à alteração na remodelação óssea causada pela doença.
  • Aumento dos gânglios linfáticos: inchaço de "ínguas" indolores no pescoço, axilas ou virilha.
  • Desconforto abdominal: o baço e o fígado podem aumentar de tamanho, causando uma sensação de "inchaço" ou dor no lado esquerdo do abdômen.

Por que esses sintomas acontecem?

Para entender os sintomas, é preciso saber o que ocorre dentro do corpo. A medula óssea funciona como uma fábrica de células sanguíneas: glóbulos vermelhos (transportam oxigênio), glóbulos brancos (combatem infecções) e plaquetas (ajudam na coagulação).

Na leucemia, a medula passa a produzir glóbulos brancos anormais e em excesso. Essas células doentes, chamadas blastos, se multiplicam descontroladamente e ocupam o espaço das células saudáveis. Com isso, a produção normal é prejudicada, levando a três consequências principais:

  1. Anemia: a falta de glóbulos vermelhos causa cansaço, palidez e falta de ar.
  2. Leucopenia/Neutropenia: a queda de glóbulos brancos de defesa funcionais aumenta o risco de infecções.
  3. Plaquetopenia: a redução de plaquetas provoca sangramentos e o surgimento de hematomas e petéquias.

Como a leucemia é diagnosticada por exames?

A suspeita clínica levantada pelos sintomas deve ser sempre confirmada por exames laboratoriais. O diagnóstico não é feito apenas com um teste, mas sim por uma sequência de investigações conduzidas por um médico, geralmente um hematologista.

O hemograma completo como ponto de partida

O primeiro e mais importante exame é o hemograma. Ele fornece uma contagem detalhada de todas as células do sangue e é uma ferramenta crucial para rastrear a leucemia. Este exame pode indicar a doença através de altos níveis de glóbulos brancos.

Em casos de leucemia, é comum observar alterações significativas, como um aumento extremo no número de leucócitos (leucocitose) ou uma queda acentuada em todas as linhagens celulares (pancitopenia).

Exames para confirmação e detalhamento

Se o hemograma for suspeito, o médico solicitará exames mais aprofundados para confirmar o diagnóstico e, crucialmente, definir o tipo exato de leucemia. Isso é vital para escolher o tratamento correto.

  • Mielograma: uma amostra do líquido da medula óssea é aspirada, geralmente do osso da bacia, para análise da quantidade e aparência das células.
  • Biópsia da medula óssea: um pequeno fragmento do osso é retirado para analisar a estrutura da medula.
  • Imunofenotipagem (ou citometria de fluxo): identifica proteínas específicas na superfície das células cancerígenas, classificando o tipo de leucemia (linfoide ou mieloide, aguda ou crônica).
  • Análises genéticas (cariótipo e testes moleculares): buscam por alterações nos cromossomos e genes das células doentes, o que ajuda a prever a agressividade da doença e a resposta a certos tratamentos. A análise detalhada da composição genética da leucemia, que revela alterações moleculares, é crucial para entender a doença e avaliar seus riscos com precisão. Por exemplo, a detecção de mutações em genes como o DNMT3A é importante para identificar alguns tipos de leucemia, como a mieloide aguda (LMA), e também certas síndromes mielodisplásicas (SMD).

Exames como o PCR e a citometria de fluxo também são usados para monitorar a doença residual mínima (DRM). A DRM indica a presença de pequenas quantidades de células de leucemia após o tratamento e auxilia no ajuste da terapia.

O que o exame de sangue mostra quando há suspeita de leucemia?

Um hemograma alterado é a principal bandeira vermelha. As alterações podem variar, mas geralmente seguem um padrão que chama a atenção do médico. A seguir, um resumo do que pode ser encontrado:

Componente do Sangue

Alteração Comum na Leucemia

Sintoma Associado

 

Leucócitos (Glóbulos Brancos)

Número muito alto ou muito baixo; presença de blastos.

Baixa imunidade, infecções frequentes.

Hemácias (Glóbulos Vermelhos)

Número baixo (anemia).

Cansaço, palidez, falta de ar.

Plaquetas

Número baixo (plaquetopenia).

Manchas roxas, sangramentos.

É possível identificar leucemia em crianças?

A leucemia é o tipo de câncer mais comum na infância, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os sinais em crianças são muito semelhantes aos dos adultos, como palidez, cansaço fácil, febre, manchas roxas e dores nas pernas. Muitas vezes, os pais percebem que a criança está menos ativa que o normal ou se queixa de dor ao andar.

Como esses sintomas podem ser confundidos com os de infecções ou dores de crescimento, é fundamental que a criança seja avaliada por um pediatra se os sinais forem persistentes ou se houver uma combinação de vários deles.

O que é a pré-leucemia?

O termo "pré-leucemia" é popularmente usado para se referir às Síndromes Mielodisplásicas (SMD). Trata-se de um grupo de doenças em que a medula óssea não consegue produzir células sanguíneas maduras e saudáveis em quantidade suficiente.

As células podem morrer dentro da medula ou logo após chegarem à corrente sanguínea. Em alguns casos, com o tempo, a SMD pode evoluir para uma leucemia mieloide aguda (LMA). Por isso, o acompanhamento com um hematologista é indispensável.

Quando devo procurar um médico?

É fundamental procurar um clínico geral ou um hematologista se você ou alguém próximo apresentar um conjunto de sintomas que não melhoram com o tempo. Fique atento especialmente se houver:

  • Cansaço persistente e inexplicável.
  • Surgimento de múltiplas manchas roxas sem trauma.
  • Febre que dura mais de alguns dias sem causa definida.
  • Combinação de dois ou mais dos sintomas listados neste artigo.

Lembre-se que apenas um profissional de saúde pode realizar a investigação correta. O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento da leucemia.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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