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Cirurgia bariátrica robótica: entenda como funciona e quando ela é indicada

Conheça a tecnologia desse tipo de cirurgia, as vantagens e os cuidados essenciais para uma boa recuperação.

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A obesidade é uma condição crônica que atinge milhões de pessoas globalmente. No Brasil, o número de procedimentos cirúrgicos para o tratamento dessa condição é alto. 

Entre 2015 e 2018, foram realizados mais de 760 mil casos de cirurgia bariátrica no país, segundo dados apresentados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica ( 2022).

Desse total, a abordagem utilizando a plataforma robótica cresceu 200% no período. O avanço da tecnologia trouxe para o campo da cirurgia bariátrica para redução do estômago um método mais preciso e minimamente invasivo: a cirurgia bariátrica robótica.

Entenda como funciona o procedimento, as vantagens para o paciente e quais cuidados são indispensáveis após a operação.

O que é cirurgia bariátrica robótica e como funciona?

A cirurgia bariátrica robótica é um procedimento feito para tratar a obesidade grave. Ela pode ser aplicada nas duas principais cirurgias de redução de estômago: a bypass bariátrica e a sleeve.

O médico realiza a operação com o auxílio de um sistema robótico de alta tecnologia. O sistema Da Vinci é o mais utilizado globalmente.

É fundamental ressaltar que o robô não age sozinho. Ele é um instrumento avançado que reproduz, com precisão e maior alcance, os movimentos realizados pelo cirurgião. O médico fica sentado em uma cabine de controle chamada console. É assim que funciona uma cirurgia robótica de modo geral, seja ela bariátrica, urológica ou de outra finalidade médica.

A tecnologia robótica é considerada uma evolução dos procedimentos minimamente invasivos, como a videolaparoscopia. Na cirurgia robótica, um sistema com quatro braços é conectado ao paciente por meio de pequenas incisões, ou cortes.

Um dos braços sustenta uma câmera de alta definição. Ela oferece ao cirurgião uma visão tridimensional ampliada e de alta qualidade da área operada. Os outros braços seguram instrumentos cirúrgicos que possuem movimentos articulados.

Eles conseguem alcançar e manipular estruturas anatômicas em ângulos que a mão humana ou as pinças laparoscópicas tradicionais não alcançam. A tecnologia ainda filtra possíveis tremores das mãos do cirurgião, garantindo um movimento mais delicado e assertivo.

Isso permite realizar suturas mais precisas e operar em regiões de difícil acesso. Por exemplo, a cavidade abdominal de pacientes com superobesidade, de índice de massa corporal acima de 50 kg/m2.

Por que a obesidade grave é preocupante?

A obesidade é mais do que uma questão estética ou de estilo de vida. Ela é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, progressiva e multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal.

A preocupação com a obesidade grave (IMC ≥ 35 kg/m2) reside na sua forte associação com diversas comorbidades que impactam a qualidade de vida, a produtividade e a longevidade.

Entre as condições mais preocupantes estão:

  • Diabetes Mellitus Tipo 2;
  • Hipertensão arterial;
  • Doenças cardiovasculares;
  • Apneia do sono grave;
  • Esteatose hepática (gordura no fígado);
  • Certos tipos de câncer, como o câncer colorretal e o câncer de mama.

O tratamento clínico convencional que envolve dieta, exercícios e medicamentos levam a perda de peso sustentável ou controlam essas doenças associadas. Quando isso não acontece, a cirurgia bariátrica e metabólica passa a ser a intervenção mais eficaz.

A cirurgia, seja robótica ou laparoscópica, é o caminho para promover uma perda de peso significativa e duradoura. Ela resulta na remissão ou melhora clínica de mais de 80% das comorbidades relacionadas, conforme reforça o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Vantagens da cirurgia bariátrica robótica

A cirurgia bariátrica robótica pode ser aplicada em todas as técnicas de redução do estômago. As principais são o Bypass gástrico, que altera o caminho do alimento, e a Gastrectomia Vertical, ou Sleeve, que reduz o tamanho do estômago em forma de tubo.

O aprimoramento técnico que o robô proporciona é uma grande diferença desse procedimento em relação às cirurgias convencionais. Oferece maior amplitude de movimento e visão 3D ampliada, trazendo benefícios para o paciente::

  • Menor trauma cirúrgico: as incisões são menores, resultando em cicatrizes mais discretas e menos agressivas ao tecido;
  • Menos dor pós-operatória: a delicadeza da manipulação robótica tende a reduzir o trauma nos tecidos, diminuindo a necessidade de analgésicos;
  • Menor risco de complicações: a precisão do robô e a melhor visualização das estruturas reduzem a probabilidade de lesões internas e sangramento;
  • Recuperação mais rápida: o tempo de internação costuma ser reduzido, permitindo um retorno precoce às atividades diárias, em comparação com a cirurgia aberta tradicional;
  • Maior segurança em casos complexos: facilita o acesso e a realização de procedimentos mais desafiadores, como as reoperações e cirurgias em pacientes com grande volume de gordura abdominal (Clínica Simoneti, 2024).

O procedimento, assim como outros tipos de cirurgia robótica, é uma tecnologia de alto custo, o que pode ser uma limitação para sua ampla adoção. Além disso, a curva de aprendizado do cirurgião é um fator importante na sua realização (SBCBM, 2023).

Quando a cirurgia bariátrica robótica é indicada?

A indicação da cirurgia bariátrica, seja ela robótica ou laparoscópica, segue os mesmos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

No entanto, a técnica robótica é frequentemente preferida e recomendada em casos específicos onde suas vantagens técnicas proporcionam maior segurança:

Superobesidade com IMC ≥ 50 kg/m2

A robótica é considerada a melhor opção para pacientes com grau extremo de obesidade. O robô oferece maior amplitude de movimento e melhor acesso a regiões mais profundas, que são limitadas pelo volume de tecido adiposo (SBCBM, 2023).

Cirurgias revisionais para quem já realizou a bariátrica antes

Para pacientes que já realizaram uma cirurgia bariátrica prévia e precisam de uma nova intervenção devido a complicações ou reganho de peso. Nestes casos, a presença de aderências e cicatrizes internas torna o procedimento mais complexo, sendo a precisão robótica um grande aliado.

Pacientes de alto risco

Indivíduos com doenças cardíacas ou pulmonares associadas, para os quais o menor trauma cirúrgico e a recuperação mais rápida são vitais.

Pacientes com anatomia desafiadora para a equipe médica

Pacientes com hérnias de hiato muito grandes, fibroses, ou outras alterações anatômicas que dificultam a manipulação dos tecidos pela técnica laparoscópica tradicional.

Embora a robótica possa ser usada em qualquer técnica, ela se destaca como uma ferramenta de segurança e precisão para procedimentos complexos ou de maior risco. É crucial analisar se o paciente possui as condições clínicas e psicológicas necessárias.

Existem contraindicações da cirurgia bariátrica robótica?

As contraindicações da cirurgia bariátrica robótica são essencialmente as mesmas da cirurgia bariátrica tradicional, pois a robótica é apenas de realizar o procedimento, e não um novo tipo de cirurgia.

Elas visam garantir que o paciente tenha condições de suportar o procedimento e de cumprir o rigoroso acompanhamento pós-operatório:

Pacientes com doenças psiquiátricas e transtornos não controlados

A cirurgia não é recomendada para pacientes com transtornos psicóticos e quadros de depressão grave não estabilizados. Quem tem transtornos alimentares ativos, como anorexia e bulimia, que não estejam sob tratamento adequado, também não devem realizar a cirurgia, de modo geral.

Usuários de entorpecentes e consumo de álcool

O abuso de substâncias como álcool e entorpecentes podem comprometer a capacidade do paciente de seguir o plano alimentar e o acompanhamento de longo prazo. O médico deve avaliar os hábitos do paciente para recomendar ou não a cirurgia.

Pacientes com doenças potencialmente letais

A cirurgia também não é indicada para quem possui condições de saúde graves e não relacionadas à obesidade, como certos tipos de câncer em estágio avançado. O procedimento pode reduzir significativamente a expectativa de vida ou o risco cirúrgico.

Pessoas com dificuldade ou incapacidade de cumprir a dieta

É importante que o paciente siga a orientação médica. Ele precisa compreender e aderir às mudanças nutricionais, e seguir a suplementação vitamínica após a cirurgia.

Contraindicação clínica ou anestésica

Os pacientes com doenças pulmonares, cardíacas ou renais graves também não podem realizar a cirurgia, ou devem conversar com o médico. Essas condições de saúde podem impossibilitar a segurança da anestesia geral.

De forma geral, a indicação e a contraindicação do procedimento devem sempre ser avaliadas por uma equipe multidisciplinar completa, que analisará o perfil de risco-benefício de cada paciente de forma individualizada.

Cuidados após a cirurgia bariátrica robótica

Independentemente da técnica usada, o sucesso da cirurgia bariátrica depende diretamente do acompanhamento pós-operatório. A recuperação da cirurgia robótica tende a ser mais rápida, mas os cuidados com a nova rotina e com a saúde são permanentes.

É fundamental seguir as orientações da equipe multidisciplinar, composta por cirurgião, nutricionista, psicólogo e, em alguns casos, educador físico. 

Os principais cuidados incluem:

  • Siga uma dieta progressiva: o paciente inicia com uma dieta líquida. Ela evolui para pastosa, branda e, finalmente, normal, em um período de cerca de 30 dias. O objetivo é proteger as linhas de sutura do estômago e garantir a cicatrização;
  • Avalie com o médico uma suplementação nutricional: pode ser essencial o uso contínuo de suplementos vitamínicos e minerais para prevenir deficiências. Isso ocorre devido à menor absorção de nutrientes ou à menor ingestão que pode acontecer após a cirurgia;
  • Movimente-se gradualmente: mesmo com a alta hospitalar, é recomendado fazer pequenas caminhadas. Isso ajuda a prevenir complicações, como a formação de coágulos. Atividades físicas mais intensas só devem ser retomadas após a liberação médica;
  • Mantenha limpa as incisões: manter os pequenos cortes limpos e secos é crucial para evitar infecções no local da cirurgia;
  • Busque acompanhamento psicológico: a cirurgia muda a relação do paciente com a comida e com o próprio corpo. O suporte psicológico é vital para lidar com as novas emoções e hábitos;
  • Evite álcool e tabaco: o consumo dessas substâncias pode atrapalhar a cicatrização e aumentar o risco de complicações severas.

A atenção constante a esses pontos garante uma recuperação saudável e a manutenção da perda de peso a longo prazo.

Qual o valor da cirurgia bariátrica robótica?

É importante entender que não existe um valor fixo para a cirurgia bariátrica robótica. O custo do procedimento é influenciado por diversos fatores, sendo a tecnologia robótica o mais significativo.

O sistema robótico é um equipamento de alto custo de aquisição e manutenção, o que naturalmente se reflete no preço final da cirurgia. Os principais fatores que influenciam o valor são:

  • Custos hospitalares: incluem o tempo de internação, o uso de materiais cirúrgicos específicos e descartáveis para o robô, além dos honorários da equipe de apoio;
  • Honorários médicos: a experiência e o renome do cirurgião e da equipe médica também são fatores considerados;
  • Complexidade do caso clínico: cirurgias mais longas, pacientes com outras doenças associadas ou casos de reoperação podem exigir mais tempo de centro cirúrgico e insumos;
  • Localização: hospitais com maior tecnologia e em grandes centros urbanos tendem a ter custos mais elevados.

Por ser uma tecnologia avançada e de alto investimento, a cirurgia robótica é majoritariamente oferecida na rede particular. Em comparação com a videolaparoscopia, a versão robótica tende a ser mais cara devido ao custo da plataforma e dos materiais.

Procure um cirurgião bariátrico de confiança e verifique a disponibilidade da técnica robótica no hospital de sua preferência.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Referências

CLÍNICA SIMONETI. Como a Cirurgia Robótica Reduz Riscos em Pacientes Obesos. Clínica Simoneti, 2024. Disponível em: https://www.clinicasimoneti.com.br/cirurgia-robotica-reduz-riscos-pacientes-obesos/. Acesso em: 14 out. 2025.

GASTROMED. Cirurgia bariátrica: existem contraindicações para o procedimento? Gastromed, 2024. Disponível em: https://www.gastromed.com.br/cirurgia-bariatrica-existem-contraindicacoes-para-o-procedimento/. Acesso em: 14 out. 2025.

MSD MANUALS. Prognóstico para cirurgia metabólica e bariátrica. MSD Manuals, 2025. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-nutricionais/obesidade-e-s%C3%ADndrome-metab%C3%B3lica/progn%C3%B3stico-para-cirurgia-metab%C3%B3lica-e-bari%C3%A1trica. Acesso em: 14 out. 2025.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA (SBCBM). Cirurgia bariátrica por robótica cresce 200% em quatro anos, apontam estudos. SBCBM, 2022. Disponível em: https://sbcbm.org.br/cirurgia-bariatrica-por-robotica-cresce-200-em-quatro-anos-apontam-estudos/. Acesso em: 14 out. 2025.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA (SBCBM). Robô é aliado no tratamento cirúrgico de pacientes superobesos. SBCBM, 2023. Disponível em: https://sbcbm.org.br/robo-e-aliado-no-tratamento-cirurgico-de-pacientes-superobesos/. Acesso em: 14 out. 2025.

SOUZA, João Carlos Vieira de et al. Fatores associados ao custo da cirurgia bariátrica robótica: uma análise em hospital terciário. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 48, e20213038, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcbc/a/9gNbgzNwS3QGmBWCJ3484Pb/?format=html&lang=pt. Acesso em: 14 out. 2025.

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