14/08/2025
Revisado em: 15/08/2025
Desmistifique o hormônio que vai além da libido e descubra sua real importância para o corpo da mulher.
Sabe aquela sensação de cansaço que não vai embora, mesmo dormindo bem? Ou a dificuldade em manter o foco e a energia que parecem ter diminuído? Muitas mulheres se surpreendem ao descobrir que a testosterona, frequentemente associada ao universo masculino, desempenha um papel fundamental em todas essas sensações.
A testosterona é um hormônio esteroide pertencente ao grupo dos andrógenos. Embora seja o principal hormônio sexual masculino, ela também é produzida em pequenas quantidades no corpo feminino. As principais fontes de testosterona em mulheres são os ovários e as glândulas suprarrenais.
Este hormônio é vital para diversas funções metabólicas e reprodutivas femininas. Sua presença em níveis adequados é crucial para o bom funcionamento do organismo da mulher em todas as fases da vida.
Quando a testosterona é produzida, a maior parte dela se liga a proteínas no sangue. As duas proteínas mais importantes que transportam testosterona são a globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e a albumina. A testosterona que está ligada à SHBG não está disponível para uso pelas células do corpo.
A testosterona total mede a quantidade total do hormônio presente no sangue, incluindo a parte ligada e a não ligada. Já a testosterona livre refere-se à porção do hormônio que não está ligada a essas proteínas.
Esta é a forma biologicamente ativa da testosterona, ou seja, ela está "livre" para se ligar aos receptores celulares e exercer seus efeitos no corpo. É por isso que a testosterona livre é frequentemente mais relevante para avaliar o impacto do hormônio na saúde.
A testosterona livre é a fração que realmente interage com os tecidos do corpo. Ela afeta o cérebro, ossos, músculos, pele e órgãos reprodutivos. Uma quantidade adequada de testosterona livre é necessária para a manutenção de diversas funções fisiológicas e para o bem-estar geral da mulher.
Medir essa fração do hormônio oferece uma visão mais precisa sobre a disponibilidade de testosterona para as células. Isso é especialmente útil em casos onde há suspeita de desequilíbrio hormonal.
Apesar de estar presente em concentrações muito menores do que nos homens, a testosterona desempenha um papel multifacetado na saúde feminina. Suas funções vão muito além do que a maioria das pessoas imagina.
A testosterona é reconhecida por sua influência no desejo sexual feminino, ou libido. No entanto, ela também impacta significativamente os níveis de energia, o humor e a sensação de bem-estar. Mulheres com níveis adequados de testosterona podem apresentar maior vitalidade, melhor concentração e uma disposição mais positiva.
Este hormônio também contribui para a regulação do sono e pode influenciar a capacidade cognitiva. Seus efeitos no humor são notáveis, auxiliando na redução de sintomas de fadiga e irritabilidade.
Pesquisas recentes indicam que níveis mais baixos de testosterona plasmática podem estar associados a um desempenho cognitivo menos eficaz, especialmente em áreas como velocidade de processamento e memória verbal. Essa relação é notada principalmente em mulheres com uma predisposição genética específica, conforme um estudo no Biology of Sex Differences.
Além disso, a testosterona tem um papel relevante na resposta imune. Pesquisas indicam que o aumento de seus níveis pode modificar o comportamento de certas células de defesa, sugerindo que ela influencia como o corpo lida com infecções, de forma diferente em homens e mulheres.
A manutenção da densidade óssea é outro benefício importante da testosterona. Juntamente com o estrogênio, ela ajuda a fortalecer os ossos, reduzindo o risco de osteoporose, especialmente após a menopausa. Mulheres com baixa testosterona podem apresentar maior fragilidade óssea.
Além disso, a testosterona contribui para a manutenção da massa muscular e da força física. Ela desempenha um papel na síntese proteica, fundamental para a saúde muscular, o que é essencial para a mobilidade e qualidade de vida ao longo dos anos.
A testosterona participa da regulação do ciclo menstrual. Ela atua em conjunto com outros hormônios, como estrogênio e progesterona, para garantir a ovulação regular. Desequilíbrios nos níveis de testosterona podem levar a irregularidades menstruais e dificuldades para engravidar.
Um nível adequado de testosterona é, portanto, parte essencial do complexo balanço hormonal que governa a saúde reprodutiva feminina. A sua participação no sistema endócrino é um indicativo da sua importância para a fertilidade e a regularidade dos ciclos.
A testosterona sérica em mulheres é positivamente associada ao Índice de Massa Corporal (IMC). A fecundabilidade máxima é observada com um IMC entre 20 e 21 kg/m², e acima de 25 kg/m², essa capacidade tende a diminuir, conforme apontado por um estudo publicado no Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society.
Quando os níveis de testosterona livre feminina estão abaixo do ideal, o corpo pode manifestar uma série de sintomas. Reconhecê-los é o primeiro passo para buscar um diagnóstico e tratamento adequados.
Os sintomas de baixa testosterona em mulheres são variados e podem ser confundidos com outras condições. Os mais comuns incluem:
É importante ressaltar que a presença de um ou mais desses sintomas não confirma um diagnóstico de baixa testosterona. A avaliação médica é sempre indispensável.
Diversos fatores podem levar à diminuição dos níveis de testosterona livre em mulheres. Entre as causas mais frequentes, destacam-se:
Assim como os níveis baixos, a testosterona livre feminina elevada também pode ser um indicativo de desequilíbrio hormonal e trazer sintomas desconfortáveis. É fundamental estar atenta aos sinais que o corpo apresenta.
O excesso de testosterona em mulheres pode se manifestar de diversas formas. Os sintomas mais comuns incluem:
A causa mais comum de testosterona elevada em mulheres é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Esta é uma condição endócrina complexa que afeta uma parcela significativa de mulheres em idade reprodutiva, caracterizada por:
Outras causas mais raras incluem tumores nas glândulas suprarrenais ou nos ovários que produzem andrógenos. Nesses casos, a elevação da testosterona é geralmente mais abrupta e os sintomas mais intensos. A avaliação médica é imprescindível para investigar a causa e propor o tratamento adequado.
A dosagem da testosterona livre é um exame de sangue que oferece informações importantes sobre a saúde hormonal feminina. Entender como funciona e o que os resultados podem indicar é fundamental.
A medição da testosterona livre é feita através de uma amostra de sangue simples. Geralmente, os médicos solicitam que o exame seja realizado pela manhã, pois os níveis hormonais podem variar ao longo do dia. Em mulheres em idade reprodutiva, o período do ciclo menstrual também pode influenciar a interpretação, e o médico pode indicar o dia ideal para a coleta.
É importante informar ao profissional de saúde sobre quaisquer medicamentos que você esteja tomando, incluindo anticoncepcionais orais, pois eles podem afetar os resultados da testosterona livre ao alterar a quantidade de SHBG no sangue.
Os níveis considerados normais de testosterona livre feminina podem variar ligeiramente entre laboratórios. No entanto, as faixas de referência geralmente situam-se em valores muito baixos em comparação com os masculinos. Para mulheres pré-menopausadas saudáveis, por exemplo, a faixa de referência da testosterona circulante pode ser de 0 a 1,7 nmol/L, quando medida por cromatografia líquida-espectrometria de massa, um método de alta precisão, de acordo com o periódico Endocrine Reviews.
É crucial entender que "normal" é uma faixa, não um número exato. Além disso, os níveis podem variar naturalmente ao longo da vida da mulher:
A interpretação dos resultados do exame deve ser sempre feita por um médico. Ele considerará seus sintomas, histórico de saúde e outros exames para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.
Existem muitas informações errôneas sobre a testosterona em mulheres, o que gera dúvidas e, por vezes, medos infundados. É tempo de separar o que é mito do que é verdade.
Mito. Embora seja o principal andrógeno em homens, a testosterona é essencial para o funcionamento do corpo feminino. Mulheres produzem testosterona em seus ovários e glândulas suprarrenais. Sua presença em níveis adequados é vital para a libido, energia, humor, saúde óssea e muscular, e até mesmo para a função reprodutiva.
Verdade, mas com ressalvas. É verdade que níveis excessivamente altos de testosterona podem levar a características androgênicas em mulheres, como crescimento de pelos faciais e corporais (hirsutismo), acne, engrossamento da voz e, em casos raros, aumento do clitóris.
No entanto, esses efeitos geralmente ocorrem em situações de desequilíbrio hormonal significativo, como na Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) não tratada ou em condições mais raras, como tumores produtores de andrógenos.
A presença da testosterona em seus níveis normais não causa esses efeitos. O objetivo do tratamento para baixa testosterona é restaurar os níveis dentro da faixa fisiológica feminina, não elevá-los a ponto de causar virilização.
Embora as alterações hormonais possam necessitar de intervenção médica, alguns hábitos de vida saudáveis contribuem para o equilíbrio geral do corpo, incluindo os hormônios.
Estas medidas são complementares ao tratamento médico e não substituem a necessidade de acompanhamento profissional.
Se você identifica sintomas que sugerem um desequilíbrio na testosterona livre feminina, seja por excesso ou deficiência, procure um profissional de saúde. Endocrinologistas e ginecologistas são os especialistas mais indicados para avaliar sua condição.
O médico realizará uma avaliação completa, que inclui o histórico clínico, exame físico e solicitação de exames laboratoriais, como a dosagem da testosterona livre.
Com base nesses dados, ele poderá oferecer um diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado para o seu caso, que pode variar desde mudanças no estilo de vida até terapias hormonais específicas. Não se automedique e evite soluções sem comprovação científica. Sua saúde é prioridade.
[BOTÃO DE AGENDAR CONSULTA]
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.
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