Ícone
Logo Portal AméricasLogo Portal Américas Mobile
InícioSaúdeSaúde da mulher

Testosterona livre feminina: compreenda seu papel na sua saúde e bem-estar

Desmistifique o hormônio que vai além da libido e descubra sua real importância para o corpo da mulher.

Testosterona livre feminina1.jpg

O que é a testosterona livre e por que ela é importante para as mulheres?

Sabe aquela sensação de cansaço que não vai embora, mesmo dormindo bem? Ou a dificuldade em manter o foco e a energia que parecem ter diminuído? Muitas mulheres se surpreendem ao descobrir que a testosterona, frequentemente associada ao universo masculino, desempenha um papel fundamental em todas essas sensações.

Testosterona: um hormônio essencial para todos

A testosterona é um hormônio esteroide pertencente ao grupo dos andrógenos. Embora seja o principal hormônio sexual masculino, ela também é produzida em pequenas quantidades no corpo feminino. As principais fontes de testosterona em mulheres são os ovários e as glândulas suprarrenais.

Este hormônio é vital para diversas funções metabólicas e reprodutivas femininas. Sua presença em níveis adequados é crucial para o bom funcionamento do organismo da mulher em todas as fases da vida.

Qual a diferença entre testosterona total e livre?

Quando a testosterona é produzida, a maior parte dela se liga a proteínas no sangue. As duas proteínas mais importantes que transportam testosterona são a globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e a albumina. A testosterona que está ligada à SHBG não está disponível para uso pelas células do corpo.

A testosterona total mede a quantidade total do hormônio presente no sangue, incluindo a parte ligada e a não ligada. Já a testosterona livre refere-se à porção do hormônio que não está ligada a essas proteínas. 

Esta é a forma biologicamente ativa da testosterona, ou seja, ela está "livre" para se ligar aos receptores celulares e exercer seus efeitos no corpo. É por isso que a testosterona livre é frequentemente mais relevante para avaliar o impacto do hormônio na saúde.

Por que a testosterona livre é crucial?

A testosterona livre é a fração que realmente interage com os tecidos do corpo. Ela afeta o cérebro, ossos, músculos, pele e órgãos reprodutivos. Uma quantidade adequada de testosterona livre é necessária para a manutenção de diversas funções fisiológicas e para o bem-estar geral da mulher.

Medir essa fração do hormônio oferece uma visão mais precisa sobre a disponibilidade de testosterona para as células. Isso é especialmente útil em casos onde há suspeita de desequilíbrio hormonal.

Quais as funções da testosterona no corpo feminino?

Apesar de estar presente em concentrações muito menores do que nos homens, a testosterona desempenha um papel multifacetado na saúde feminina. Suas funções vão muito além do que a maioria das pessoas imagina.

Além da libido: energia, humor e bem-estar

A testosterona é reconhecida por sua influência no desejo sexual feminino, ou libido. No entanto, ela também impacta significativamente os níveis de energia, o humor e a sensação de bem-estar. Mulheres com níveis adequados de testosterona podem apresentar maior vitalidade, melhor concentração e uma disposição mais positiva.

Este hormônio também contribui para a regulação do sono e pode influenciar a capacidade cognitiva. Seus efeitos no humor são notáveis, auxiliando na redução de sintomas de fadiga e irritabilidade.

Pesquisas recentes indicam que níveis mais baixos de testosterona plasmática podem estar associados a um desempenho cognitivo menos eficaz, especialmente em áreas como velocidade de processamento e memória verbal. Essa relação é notada principalmente em mulheres com uma predisposição genética específica, conforme um estudo no Biology of Sex Differences.

Além disso, a testosterona tem um papel relevante na resposta imune. Pesquisas indicam que o aumento de seus níveis pode modificar o comportamento de certas células de defesa, sugerindo que ela influencia como o corpo lida com infecções, de forma diferente em homens e mulheres.

Saúde óssea e massa muscular

A manutenção da densidade óssea é outro benefício importante da testosterona. Juntamente com o estrogênio, ela ajuda a fortalecer os ossos, reduzindo o risco de osteoporose, especialmente após a menopausa. Mulheres com baixa testosterona podem apresentar maior fragilidade óssea.

Além disso, a testosterona contribui para a manutenção da massa muscular e da força física. Ela desempenha um papel na síntese proteica, fundamental para a saúde muscular, o que é essencial para a mobilidade e qualidade de vida ao longo dos anos.

Impacto no ciclo menstrual e na fertilidade

A testosterona participa da regulação do ciclo menstrual. Ela atua em conjunto com outros hormônios, como estrogênio e progesterona, para garantir a ovulação regular. Desequilíbrios nos níveis de testosterona podem levar a irregularidades menstruais e dificuldades para engravidar.

Um nível adequado de testosterona é, portanto, parte essencial do complexo balanço hormonal que governa a saúde reprodutiva feminina. A sua participação no sistema endócrino é um indicativo da sua importância para a fertilidade e a regularidade dos ciclos. 

A testosterona sérica em mulheres é positivamente associada ao Índice de Massa Corporal (IMC). A fecundabilidade máxima é observada com um IMC entre 20 e 21 kg/m², e acima de 25 kg/m², essa capacidade tende a diminuir, conforme apontado por um estudo publicado no Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society.

Testosterona baixa: quais os sintomas e causas?

Quando os níveis de testosterona livre feminina estão abaixo do ideal, o corpo pode manifestar uma série de sintomas. Reconhecê-los é o primeiro passo para buscar um diagnóstico e tratamento adequados.

Reconhecendo os sinais de baixa testosterona

Os sintomas de baixa testosterona em mulheres são variados e podem ser confundidos com outras condições. Os mais comuns incluem:

  • Redução da libido: diminuição significativa do desejo sexual, que pode ser acompanhada de dificuldade para atingir o orgasmo.
  • Fadiga persistente: cansaço excessivo, mesmo após períodos de descanso.
  • Alterações de humor: irritabilidade, ansiedade e até sintomas depressivos.
  • Perda de massa muscular e ganho de gordura: dificuldade em manter a massa magra e aumento de gordura corporal, especialmente na região abdominal.
  • Dificuldade de concentração: problemas de memória e clareza mental ("nevoeiro cerebral").
  • Diminuição da densidade óssea: maior risco de osteopenia e osteoporose.
  • Ressecamento vaginal: que pode levar a desconforto durante as relações sexuais.

É importante ressaltar que a presença de um ou mais desses sintomas não confirma um diagnóstico de baixa testosterona. A avaliação médica é sempre indispensável.

As principais causas da testosterona baixa

Diversos fatores podem levar à diminuição dos níveis de testosterona livre em mulheres. Entre as causas mais frequentes, destacam-se:

  • Envelhecimento: os níveis de testosterona, assim como os de outros hormônios, tendem a diminuir naturalmente com a idade, especialmente após a menopausa.
  • Remoção cirúrgica dos ovários: os ovários são uma das principais fontes de testosterona, e sua remoção pode causar uma queda abrupta.
  • Insuficiência adrenal: as glândulas suprarrenais também produzem testosterona, e disfunções podem afetar seus níveis.
  • Uso de certos medicamentos: alguns anticoncepcionais orais e medicamentos para outras condições podem reduzir os níveis de testosterona livre ao aumentar a SHBG.
  • Condições crônicas de saúde: algumas doenças crônicas ou disfunções da tireoide podem influenciar o equilíbrio hormonal.

Testosterona alta: o que ela pode indicar?

Assim como os níveis baixos, a testosterona livre feminina elevada também pode ser um indicativo de desequilíbrio hormonal e trazer sintomas desconfortáveis. É fundamental estar atenta aos sinais que o corpo apresenta.

Sintomas de testosterona elevada em mulheres

O excesso de testosterona em mulheres pode se manifestar de diversas formas. Os sintomas mais comuns incluem:

  • Hirsutismo: crescimento excessivo de pelos em áreas tipicamente masculinas, como rosto, peito, costas e abdome.
  • Acne: surtos de espinhas, especialmente na mandíbula, queixo e costas.
  • Alopecia androgenética: queda de cabelo com padrão masculino, ou seja, afinamento na parte superior da cabeça.
  • Irregularidades menstruais: ciclos irregulares, ausência de menstruação (amenorreia) ou sangramentos anormais.
  • Aumento da massa muscular: um ganho de massa muscular que não é proporcional ao exercício físico.
  • Voz mais grave: um engrossamento perceptível da voz.
  • Aumento do clitóris: um efeito mais raro, mas possível em casos de níveis muito elevados.

Condições associadas à alta testosterona

A causa mais comum de testosterona elevada em mulheres é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Esta é uma condição endócrina complexa que afeta uma parcela significativa de mulheres em idade reprodutiva, caracterizada por:

  • Ovários com múltiplos cistos (folículos imaturos).
  • Irregularidades menstruais.
  • Sinais de excesso de andrógenos (como testosterona), incluindo hirsutismo e acne.

Outras causas mais raras incluem tumores nas glândulas suprarrenais ou nos ovários que produzem andrógenos. Nesses casos, a elevação da testosterona é geralmente mais abrupta e os sintomas mais intensos. A avaliação médica é imprescindível para investigar a causa e propor o tratamento adequado.

Como é medida a testosterona livre e quais os níveis normais?

A dosagem da testosterona livre é um exame de sangue que oferece informações importantes sobre a saúde hormonal feminina. Entender como funciona e o que os resultados podem indicar é fundamental.

O exame de testosterona livre: como funciona?

A medição da testosterona livre é feita através de uma amostra de sangue simples. Geralmente, os médicos solicitam que o exame seja realizado pela manhã, pois os níveis hormonais podem variar ao longo do dia. Em mulheres em idade reprodutiva, o período do ciclo menstrual também pode influenciar a interpretação, e o médico pode indicar o dia ideal para a coleta.

É importante informar ao profissional de saúde sobre quaisquer medicamentos que você esteja tomando, incluindo anticoncepcionais orais, pois eles podem afetar os resultados da testosterona livre ao alterar a quantidade de SHBG no sangue.

Níveis de referência e variações por idade

Os níveis considerados normais de testosterona livre feminina podem variar ligeiramente entre laboratórios. No entanto, as faixas de referência geralmente situam-se em valores muito baixos em comparação com os masculinos. Para mulheres pré-menopausadas saudáveis, por exemplo, a faixa de referência da testosterona circulante pode ser de 0 a 1,7 nmol/L, quando medida por cromatografia líquida-espectrometria de massa, um método de alta precisão, de acordo com o periódico Endocrine Reviews.

É crucial entender que "normal" é uma faixa, não um número exato. Além disso, os níveis podem variar naturalmente ao longo da vida da mulher:

  • Adolescência e idade reprodutiva: os níveis tendem a ser mais estáveis e um pouco mais elevados em comparação com a pós-menopausa.
  • Pós-menopausa: ocorre um declínio natural nos níveis de testosterona, assim como no estrogênio e progesterona.

A interpretação dos resultados do exame deve ser sempre feita por um médico. Ele considerará seus sintomas, histórico de saúde e outros exames para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.

Desmistificando a testosterona feminina: mitos e verdades

Existem muitas informações errôneas sobre a testosterona em mulheres, o que gera dúvidas e, por vezes, medos infundados. É tempo de separar o que é mito do que é verdade.

A testosterona é um hormônio masculino?

Mito. Embora seja o principal andrógeno em homens, a testosterona é essencial para o funcionamento do corpo feminino. Mulheres produzem testosterona em seus ovários e glândulas suprarrenais. Sua presença em níveis adequados é vital para a libido, energia, humor, saúde óssea e muscular, e até mesmo para a função reprodutiva.

Efeitos de "masculinização": o que é real?

Verdade, mas com ressalvas. É verdade que níveis excessivamente altos de testosterona podem levar a características androgênicas em mulheres, como crescimento de pelos faciais e corporais (hirsutismo), acne, engrossamento da voz e, em casos raros, aumento do clitóris. 

No entanto, esses efeitos geralmente ocorrem em situações de desequilíbrio hormonal significativo, como na Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) não tratada ou em condições mais raras, como tumores produtores de andrógenos.

A presença da testosterona em seus níveis normais não causa esses efeitos. O objetivo do tratamento para baixa testosterona é restaurar os níveis dentro da faixa fisiológica feminina, não elevá-los a ponto de causar virilização.

Equilíbrio hormonal: o papel do estilo de vida

Embora as alterações hormonais possam necessitar de intervenção médica, alguns hábitos de vida saudáveis contribuem para o equilíbrio geral do corpo, incluindo os hormônios.

  • Alimentação balanceada: uma dieta rica em nutrientes, vitaminas e minerais apoia a produção e regulação hormonal.
  • Exercício físico regular: a atividade física auxilia na manutenção do peso e da massa muscular, influenciando positivamente o balanço hormonal.
  • Gerenciamento do estresse: o estresse crônico pode afetar a produção hormonal. Técnicas de relaxamento são benéficas.
  • Sono de qualidade: dormir o suficiente é crucial para a recuperação do corpo e para a regulação dos ciclos hormonais.

Estas medidas são complementares ao tratamento médico e não substituem a necessidade de acompanhamento profissional.

Quando buscar orientação médica especializada?

Se você identifica sintomas que sugerem um desequilíbrio na testosterona livre feminina, seja por excesso ou deficiência, procure um profissional de saúde. Endocrinologistas e ginecologistas são os especialistas mais indicados para avaliar sua condição.

O médico realizará uma avaliação completa, que inclui o histórico clínico, exame físico e solicitação de exames laboratoriais, como a dosagem da testosterona livre. 

Com base nesses dados, ele poderá oferecer um diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado para o seu caso, que pode variar desde mudanças no estilo de vida até terapias hormonais específicas. Não se automedique e evite soluções sem comprovação científica. Sua saúde é prioridade.

[BOTÃO DE AGENDAR CONSULTA]

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.

Bibliografia

AGUILAR-CASTRO, J.; et al. Testosterone induces sexual dimorphism during infection with ANKA. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology. v. 12; 968325, 2022. Disponível em: <https://doi.org/10.3389/fcimb.2022.968325>. Acesso em: 24 jul 2025.

CRESPI, B. J.; BUSHELL, A.; DINSDALE, N. Testosterone mediates life‐history trade‐offs in female mammals. Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society, v. 100, n. 1, p. 283-305, 2025. Disponível em: <https://doi.org/10.1111/brv.13166>. Acesso em: 24 jul 2025.

DRATVA, M. A.; et al. Low testosterone levels relate to poorer cognitive function in women in an -ε4-dependant manner. Biology of Sex Differences, 2024. Disponível em: <https://doi.org/10.1186/s13293-024-00620-4>. Acesso em: 24 jul 2025.

HANDELSMAN, DJ.; HIRSCHBERG, AL.; BERMON, S. Circulating Testosterone as the Hormonal Basis of Sex Differences in Athletic Performance. Endocrine Reviews. v. 39, n. 5; p. 814-851, 2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1210/er.2018-00020>. Acesso em: 24 jul 2025.

POPULARES EM SAÚDE DA MULHER

Os conteúdos mais buscados sobre Saúde da mulher

O que é eclâmpsia na gravidez e como ela pode ser prevenida?

O que é eclâmpsia na gravidez e como ela pode ser prevenida?

Eclâmpsia na gravidez: saiba identificar os sinais, causas e riscos para a mãe e o bebê. Informação essencial para gestantes. Continue lendo!

Leia mais
Corrimento marrom pode ser gravidez?

Corrimento marrom pode ser gravidez?

Saiba como diferenciar o sangramento de nidação da menstruação e entenda em que fase da gravidez o corrimento marrom pode aparecer.

Leia mais
Corrimento marrom: o que pode ser?

Corrimento marrom: o que pode ser?

Conheça as causas mais comuns para o corrimento marrom, desde variações do ciclo menstrual até sinais que podem indicar uma infecção.

Leia mais
Ver todos