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Sintomas de hepatite autoimune: o que observar e quando buscar ajuda médica

Uma condição em que o próprio corpo ataca o fígado, a doença pode evoluir de forma silenciosa. Conheça os sinais mais comuns.

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Aquele cansaço que parece não passar, mesmo após uma boa noite de sono, pode ser mais do que apenas estresse. Quando acompanhado por dores no corpo e um mal-estar geral persistente, ele pode ser um sinal de que algo não vai bem com seu fígado. Esses são alguns dos sintomas mais comuns da hepatite autoimune, uma doença crônica e que exige atenção.

O que é hepatite autoimune e por que ela acontece?

A hepatite autoimune é uma inflamação do fígado que acontece quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo contra infecções, confunde as células hepáticas (hepatócitos) como agentes estranhos e passa a atacá-las. Esse ataque contínuo gera um processo inflamatório crônico que, se não tratado, pode levar a danos severos.

As causas exatas para essa reação autoimune não são totalmente conhecidas. Acredita-se que exista uma predisposição genética que, combinada com certos gatilhos ambientais, como infecções virais ou o uso de alguns medicamentos, pode desencadear a doença. 

Em alguns casos, a doença pode ter um início súbito e rápido, desenvolvendo-se em cerca de 15 dias após um gatilho imunológico, como a vacinação. Vale dizer que a hepatite autoimune não é contagiosa e afeta mais mulheres do que homens.

Hepatologistas são os especialistas indicados para o acompanhamento e tratamento de hepatite. A Rede Américas conta com médicos renomados atendendo em vários hospitais do Brasil.

Quais são os principais sintomas da hepatite autoimune?

Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa, podendo ser leves ou intensos, e aparecer de forma gradual ou súbita. Eles podem ser divididos entre manifestações gerais, que afetam o corpo todo, e sinais mais específicos de comprometimento do fígado.

Sinais e sintomas mais comuns e inespecíficos

Muitas vezes, os primeiros indícios da doença são vagos e podem ser atribuídos a diversas outras condições, o que pode atrasar o diagnóstico. Para 65% a 70% dos adultos, a hepatite autoimune pode se manifestar com sintomas genéricos e leves, como fadiga, fraqueza, dor abdominal suave e náuseas. Essa apresentação inicial pode atrasar o diagnóstico. 

Os sintomas mais comuns, que são inespecíficos, incluem:

  • Fadiga intensa: o cansaço persistente é um dos sintomas mais prevalentes, muitas vezes descrito como avassalador e que interfere nas atividades diárias.
  • Dores nas articulações (artralgia): desconforto em juntas como joelhos, pulsos e ombros, sem inchaço aparente. Náuseas e dores nas articulações são sintomas comuns e inespecíficos.
  • Dores musculares (mialgia): sensação de corpo dolorido, semelhante a um estado gripal.
  • Mal-estar generalizado: uma sensação constante de não estar bem. Essa sensação, juntamente com o cansaço e a falta de apetite, são manifestações frequentes de hepatite autoimune crônica.
  • Falta de apetite e perda de peso: diminuição do interesse pela comida, levando a um emagrecimento não intencional.

Sintomas diretamente ligados ao fígado

Conforme a inflamação progride, os sinais de que o fígado não está funcionando corretamente se tornam mais evidentes. Estes são alertas importantes que indicam a necessidade de avaliação médica imediata.

  • Icterícia: coloração amarelada da pele e da parte branca dos olhos, causada pelo acúmulo de bilirrubina no sangue.
  • Dor abdominal: um desconforto ou dor na parte superior direita do abdômen, onde o fígado está localizado.
  • Urina escura (colúria): a urina adquire uma cor de chá ou Coca-Cola.
  • Fezes claras (acolia fecal): as fezes podem se tornar pálidas ou esbranquiçadas.
  • Coceira na pele (prurido): pode ser intensa e generalizada.

Outras manifestações possíveis

Além dos sintomas mais clássicos, a hepatite autoimune pode se manifestar de outras formas, incluindo:

  • Alterações na pele: como acne, erupções cutâneas ou o aparecimento de pequenos vasos sanguíneos em forma de aranha (angiomas aracnídeos).
  • Ausência de menstruação (amenorreia): em mulheres, a doença pode afetar o ciclo menstrual.

A hepatite autoimune pode ser silenciosa?

Sim. Em uma parcela significativa dos casos, a doença não apresenta nenhum sintoma em suas fases iniciais. Estima-se que entre 12% e 39% dos pacientes não apresentem sintomas evidentes, o que contribui para atrasos no diagnóstico. 

A descoberta muitas vezes ocorre de forma acidental, durante a realização de exames de sangue de rotina que mostram níveis elevados de enzimas hepáticas, como TGO (transaminase oxalacética) e TGP (transaminase pirúvica).

Por essa razão, é fundamental realizar check-ups médicos periódicos. Uma alteração nesses marcadores pode ser o primeiro e único sinal de que o fígado precisa de uma investigação mais aprofundada.

Quais são os sinais de alerta de um quadro avançado?

Quando a hepatite autoimune não é diagnosticada e tratada a tempo, a inflamação persistente pode levar à formação de cicatrizes no fígado, uma condição conhecida como fibrose. Com o tempo, essa fibrose pode evoluir para cirrose, um estágio grave de dano hepático.

Os sinais de que a doença está avançando e evoluindo para insuficiência hepática incluem:

  • Ascite: acúmulo de líquido na cavidade abdominal, causando inchaço na barriga.
  • Encefalopatia hepática: confusão mental, sonolência e alterações de comportamento devido ao acúmulo de toxinas no cérebro.
  • Aparecimento de varizes no esôfago: que podem sangrar e representar uma emergência médica.
  • Coloração avermelhada das palmas das mãos: também conhecida como eritema palmar.

Como o diagnóstico da doença é confirmado?

O diagnóstico de hepatite autoimune é um processo que envolve várias etapas para excluir outras causas de doença hepática, como hepatites virais ou uso de álcool. Para confirmar a hepatite autoimune, é fundamental observar a presença de certas características, como alterações na biópsia hepática que mostram uma inflamação específica do fígado (chamada hepatite de interface). 

Além disso, o diagnóstico exige níveis elevados de imunoglobulina G no sangue, a detecção de autoanticorpos específicos e a exclusão rigorosa de outras condições que possam afetar o fígado, como infecções virais ou efeitos de medicamentos. 

Geralmente, o médico solicita:

  1. Exames de sangue: para medir as enzimas do fígado (TGO e TGP), verificar níveis de imunoglobulina G e para procurar por autoanticorpos específicos, como o anticorpo antinuclear (FAN) e o anticorpo antimúsculo liso (AAML).
  2. Exames de imagem: como a ultrassonografia de abdômen, para avaliar a estrutura do fígado.
  3. Biópsia hepática: considerada o padrão-ouro, consiste na retirada de um pequeno fragmento do fígado para análise em laboratório, confirmando a inflamação (como a hepatite de interface) e avaliando o grau de dano ao órgão.

Quando devo procurar um médico?

É fundamental procurar um gastroenterologista ou hepatologista se você apresentar um ou mais dos sintomas descritos, especialmente se eles forem persistentes. Preste atenção especial se:

  • Você notar pele ou olhos amarelados.
  • Sentir um cansaço inexplicável que não melhora com o descanso.
  • Tiver dor constante na região do fígado.
  • Já possuir outra doença autoimune (como tireoidite de Hashimoto ou diabetes tipo 1) e apresentar novos sintomas.

O diagnóstico precoce é o fator mais importante para um bom prognóstico. Com o tratamento adequado, é possível controlar a inflamação, aliviar os sintomas e preservar a função do fígado a longo prazo.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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