14/08/2025
Revisado em: 14/08/2025
A demência é uma síndrome que aparece de forma sorrateira, por isso é importante se atentar aos sintomas
Os sinais de demência em idosos costumam surgir de forma sutil. Esquecer onde colocou algo, contar a mesma história mais de uma vez ou parecer confuso com datas pode até parecer natural com o envelhecimento.
Mas, quando esses episódios começam a atrapalhar tarefas simples ou mudam o comportamento da pessoa, é hora de prestar atenção.
A demência não é apenas “coisa da idade” e nem pode ser tratada dessa forma, porque é uma condição que afeta o funcionamento do cérebro de forma progressiva, comprometendo memória, raciocínio e até a forma como a pessoa se relaciona com o mundo.
Identificar os sinais cedo pode fazer toda a diferença para garantir mais qualidade de vida, tanto para quem enfrenta o problema quanto para quem cuida.
A demência é uma síndrome que envolve perda de habilidades cognitivas e/ou mudanças no comportamento, a ponto de interferir na autonomia da pessoa.
Não é causada por alterações temporárias e nem por transtornos psiquiátricos. A demência tende a ser permanente e evolutiva.
A síndrome pode aparecer de diferentes formas. Por exemplo, a mais comum é a Doença de Alzheimer, mas existem outros tipos, como a demência vascular, por corpos de Lewy e frontotemporal.
E vale dizer que não é raro conhecer alguém que conviva com a condição. O Relatório Nacional sobre a Demência (Renade) diz que cerca de 8,5% dos idosos brasileiros apresentam algum tipo de demência.
A demência acontece através das mortes de neurônios em áreas do cérebro ligadas à memória, linguagem e tomada de decisões.
Isso pode ser causado por diversas doenças neurodegenerativas e os danos costumam se acumular aos poucos, afetando o comportamento e a capacidade de realizar tarefas do dia a dia.
Fatores de risco associados incluem:
Essas alterações acarretam prejuízos funcionais progressivos, impactando a autonomia e qualidade de vida do idoso e de seus cuidadores.
Os primeiros sinais de demência em idosos costumam afetar a memória recente e a orientação temporal e até espacial.
Os sintomas iniciais incluem:
Podem parecer sinais comuns de avanço da idade ou, até mesmo, de ansiedade por uma rotina estressante. Porém, é importante notar a frequência desses sintomas e o quanto eles afetam o dia a dia.
A velocidade da evolução varia de pessoa para pessoa e também depende do tipo de demência. De maneira geral, o quadro é progressivo e pode levar anos até alcançar um estágio mais avançado.
No caso do Alzheimer, a progressão costuma ser lenta e gradual. Em média, os pacientes vivem entre 5 a 10 anos após o diagnóstico, com uma piora contínua nas funções cognitivas.
Já a demência vascular pode evoluir em “degraus”, com momentos de estabilidade seguidos de piora repentina. Há também pessoas que permanecem por muito tempo em estágios leves, o que reforça a importância do acompanhamento médico desde os primeiros sinais.
Ao perceber os primeiros sinais de demência em idosos, o mais indicado é buscar ajuda médica o quanto antes. Veja alguns profissionais que podem ajudar na trajetória para combater a síndrome:
Quando surgem dúvidas sobre a memória ou outras funções do cérebro, o neurologista costuma ser o primeiro especialista procurado. Isso porque ele é o médico focado justamente no cérebro e no sistema nervoso.
Com conhecimento específico, ele consegue avaliar com profundidade as mudanças cognitivas, pedir exames como tomografia ou ressonância magnética e aplicar testes neurológicos que ajudam a entender melhor o tipo e o estágio da demência.
O geriatra também é uma peça-chave nesses casos de demência. Esse é o médico especializado na saúde do idoso como um todo.
Além de olhar para a cognição, o geriatra avalia outras questões que podem influenciar nos sintomas, como pressão alta, diabetes, efeitos de medicamentos ou até alterações hormonais.
É comum que esse profissional acompanhe o paciente por mais tempo, com uma visão mais ampla e integrada, algo essencial em doenças crônicas e síndromes como a demência.
Em certas situações, pode ser importante também procurar um psiquiatra com experiência em geriatria, conhecido como psicogeriatra.
Esse especialista entra em cena especialmente quando, além das falhas de memória, surgem alterações no comportamento ou no humor, como agitação, tristeza profunda, apatia ou delírios.
Ele também ajuda a diferenciar se os sintomas não estão relacionados a outros transtornos, como uma depressão severa, que pode se parecer com a demência, mas exige um tratamento diferente.
Ainda não há cura para os tipos mais comuns de demência. No entanto, existem tratamentos que ajudam a atrasar o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida.
Por exemplo, medicamentos como inibidores da colinesterase (donepezila, galantamina, rivastigmina) e memantina podem trazer modesto benefício em casos de demência leve a moderada.
Outra solução é terapias não farmacológicas que incluem exercícios físicos regulares, estimulação cognitiva, apoio psicológico, incentivo à socialização, boa alimentação e controle de fatores de risco.
Todas essas boas práticas que fazem o cérebro funcionar durante todo o dia ajudam a adiar o avanço da síndrome.
Lidar com possíveis sinais de demência em pessoas idosas pode ser desafiador, principalmente para quem acompanha, como familiares e cuidadores. Algumas pequenas mudanças de comportamento nem sempre são percebidos de imediato, por isso, quanto mais cedo eles forem notados, maiores são as chances de garantir qualidade de vida e um tratamento adequado. Veja a seguir como agir com cuidado e responsabilidade frente a essas situações.
Prestar atenção aos sinais de demência em idosos no dia a dia é fundamental. Os sinais que vimos até aqui não devem ser ignorados.
A observação deve ser feita com paciência, respeitando o ritmo da pessoa e sem julgamentos. Anotar os episódios mais marcantes pode ajudar na hora da consulta médica, oferecendo um histórico mais claro para o profissional de saúde.
Ao notar sinais consistentes, o próximo passo é buscar atendimento com um geriatra, neurologista ou psiquiatra especializado em idosos.
O diagnóstico da demência não é baseado em um único teste, mas sim em um conjunto de avaliações: histórico clínico detalhado, testes de memória e cognição, além de exames complementares como ressonância magnética, tomografia e análises de sangue.
Esses exames servem tanto para confirmar o diagnóstico quanto para descartar causas tratáveis, como deficiência de vitaminas, depressão ou problemas na tireoide.
Quanto antes esse acompanhamento dos sinais de demência em idosos começar, mais chances existem de manter a autonomia e retardar a progressão dos sintomas.
É possível reduzir o impacto da demência em pessoas de idade ao controlar fatores como:
Incluir a pessoa em atividades físicas regulares, manter uma alimentação equilibrada, estimular o convívio com amigos e familiares e incentivar passatempos como leitura, artesanato, jardinagem ou jogos de raciocínio são medidas que protegem o cérebro e melhoram o bem-estar.
Viver com demência pode ser angustiante. Por isso, o acolhimento emocional é parte essencial do cuidado. Evite confrontos ou correções duras, prefira falar com calma e oferecer ajuda quando necessário.
Outro ponto é que ter uma rotina previsível, com horários definidos para refeições, descanso e atividades, traz segurança e reduz a ansiedade.
Vale ressaltar que adaptar a casa também é uma forma de acolhimento. Retire objetos perigosos, sinalize os cômodos e mantenha os ambientes bem iluminados. Isso contribui para a autonomia e reduz riscos de acidentes.
E, claro, também é importante validar os sentimentos da pessoa, mesmo quando ela estiver confusa ou apresentar comportamentos repetitivos.
Um simples gesto de escuta ou presença pode acalmar crises de ansiedade e fortalecer o vínculo de confiança.
Com o tempo, os cuidados se tornam mais intensos. Por isso, é importante planejar:
Conversar sobre essas questões enquanto a pessoa ainda consegue opinar evita decisões difíceis no futuro e respeita sua autonomia.
Aprender a identificar os sinais de demência em idosos é essencial para agir no tempo certo. A demência afeta mais do que a memória, porque ela compromete o modo de viver, se relacionar e se cuidar.
Não se trata de uma consequência natural da idade, mas sim de uma condição que precisa de atenção, orientação e acolhimento.
Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e apoio familiar, é possível oferecer mais dignidade e qualidade de vida para quem enfrenta essa jornada.
Bibliografia
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Alzheimer. [s. d.]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer. Acesso em: 29 jul. 2025.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Demência – definição. [s. d.]. Disponível em: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/demencia/definicao/. Acesso em: 29 jul. 2025.
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4. CARAMELLI, Paulo; NITRINI, Ricardo. Dementia in Brazil: a public health priority. Dementia & Neuropsychologia, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 1-3, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/dn/a/qCcZ73tZ9Y9N93w7QngSWCq/. Acesso em: 29 jul. 2025.
5. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dementia. [s. d.]. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia. Acesso em: 29 jul. 2025.
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