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Pintas que podem ser câncer: como identificar e quando se preocupar?

Saiba como reconhecer pintas suspeitas na pele, quais sinais indicam risco de câncer e quando buscar avaliação médica.

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Você já parou para observar aquela pintinha que sempre esteve ali, no braço ou nas costas? Ou notou uma nova mancha que surgiu recentemente? É natural ter curiosidade sobre as marcas na pele, mas também é importante saber diferenciá-las para identificar se alguma delas pode indicar um risco à sua saúde.

Nem toda pinta é câncer: desmistificando o medo

A preocupação com as pintas é bastante comum, e muitas pessoas se perguntam se uma mancha na pele pode ser sinal de algo grave. Felizmente, a vasta maioria das pintas é benigna, ou seja, são formações comuns da pele que não representam risco de se tornarem um câncer. Elas podem ser congênitas (presentes desde o nascimento) ou adquiridas ao longo da vida.

Contudo, é fundamental estar atento a qualquer mudança ou ao surgimento de novas lesões. O câncer de pele, quando detectado precocemente, apresenta altas chances de cura. Assim, o conhecimento e a observação são suas principais ferramentas de prevenção e cuidado.

Quais tipos de pintas podem indicar câncer de pele?

Existem diferentes tipos de câncer de pele, e cada um pode se manifestar de maneiras distintas. Os três mais comuns são o melanoma, o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular. Cada um deles possui características que podem ser observadas.

Melanoma: o mais grave

O melanoma é o tipo mais agressivo de câncer de pele, mas também o menos frequente. Ele pode surgir de uma pinta já existente ou aparecer como uma nova lesão na pele. A detecção precoce é vital para o sucesso do tratamento.

Para se ter uma ideia da importância da detecção precoce, em 2022, foram estimados nos Estados Unidos cerca de 99.780 novos casos de melanoma cutâneo e aproximadamente 7.650 mortes, dados que sublinham a importância crucial do diagnóstico precoce, conforme estudo divulgado na Cureus.

Para identificar pintas suspeitas de melanoma, a comunidade médica e dermatológica mundial utiliza a regra do ABCDE, um guia simples e eficaz para o autoexame:

  • A de Assimetria: Uma metade da pinta não é igual à outra. Lesões benignas costumam ser simétricas.
  • B de Bordas: As bordas são irregulares, mal definidas, com recortes ou entalhes. Pintas normais geralmente têm bordas lisas e regulares.
  • C de Cores: A pinta apresenta várias cores, como tons de marrom, preto, vermelho, azul ou branco. Pintas benignas tendem a ter uma coloração uniforme.
  • D de Diâmetro: Embora não seja uma regra absoluta, lesões com diâmetro maior que 6 milímetros (o tamanho de um borracha de lápis) merecem atenção. Melanomas podem ser menores, mas a atenção ao tamanho é um indicativo.
  • E de Evolução: Qualquer mudança no tamanho, forma, cor, elevação, ou o surgimento de sintomas como coceira, dor ou sangramento. A evolução é o sinal mais importante.

A presença de um ou mais desses sinais não significa, necessariamente, que a pinta é um melanoma. No entanto, indica a necessidade de avaliação por um dermatologista.

Carcinoma basocelular (CBC): o mais comum

O carcinoma basocelular é o tipo mais comum de câncer de pele e, felizmente, o de menor agressividade. Ele raramente se espalha para outras partes do corpo, mas pode causar danos significativos se não for tratado precocemente. Geralmente, surge em áreas expostas ao sol, como rosto, pescoço e braços.

Suas características incluem:

  • Pequenas protuberâncias peroladas ou translúcidas, com vasos sanguíneos visíveis.
  • Lesões planas, firmes e pálidas ou amareladas.
  • Feridas que não cicatrizam, que sangram facilmente ou que formam crostas repetidamente.

Carcinoma espinocelular (CEC): o segundo mais comum

O carcinoma espinocelular é o segundo tipo mais comum de câncer de pele. Assim como o CBC, ele se desenvolve com maior frequência em áreas expostas ao sol. Embora seja mais propenso a se espalhar do que o basocelular, ainda possui altas taxas de cura quando detectado e tratado precocemente.

Sinais de alerta para o CEC incluem:

  • Manchas vermelhas, escamosas ou crostosas.
  • Nódulos firmes e avermelhados.
  • Feridas abertas que não cicatrizam ou que sangram com frequência.
  • Lesões semelhantes a verrugas que crescem rapidamente.

Fatores de risco para o câncer de pele

Conhecer os fatores de risco pode ajudar na prevenção e na observação da sua pele. Alguns dos principais incluem:

  • Exposição solar excessiva: A exposição prolongada e sem proteção aos raios ultravioleta (UV) é o principal fator de risco.
  • Histórico de queimaduras solares: Queimaduras solares graves, especialmente na infância ou adolescência, aumentam o risco.
  • Pele clara e sensível ao sol: Pessoas com pele, cabelos e olhos claros, que se queimam facilmente e não se bronzeiam, são mais suscetíveis.
  • Grande número de pintas: Ter muitas pintas (mais de 50) ou pintas atípicas (displásicas) pode aumentar o risco de melanoma.
  • Histórico familiar: Se algum familiar de primeiro grau (pais, irmãos, filhos) teve melanoma, seu risco pode ser maior.
  • Sistema imunológico enfraquecido: Pessoas com imunidade baixa (devido a doenças ou medicamentos) têm maior risco.

As pintas atípicas, também conhecidas como nevos displásicos, merecem atenção especial. Uma meta-análise recente sugere que cerca de 65% dos melanomas que estão associados a pintas preexistentes se desenvolvem a partir de nevos displásicos, conforme publicado na Cancers. A progressão dessas pintas para melanoma envolve complexas mudanças genéticas, com diferenças significativas observadas na expressão de milhares de genes entre eles.

Por isso, alguns nevos displásicos, especialmente aqueles que apresentam certas alterações genéticas, são frequentemente classificados como "neoplasias de comportamento incerto". Isso reforça a importância da avaliação médica especializada para determinar seu potencial de risco e garantir o acompanhamento adequado.

Autoexame: seu aliado na detecção precoce

Realizar o autoexame da pele regularmente é uma ferramenta poderosa para identificar alterações precocemente. A recomendação é fazer o exame uma vez por mês, em um local bem iluminado, utilizando um espelho de corpo inteiro e um espelho de mão para áreas de difícil acesso.

Observe todas as áreas do corpo, incluindo couro cabeludo, palma das mãos, planta dos pés, entre os dedos, unhas e até as mucosas (boca e genitais). Peça ajuda a um familiar para examinar suas costas, nuca e couro cabeludo. O objetivo é mapear suas pintas e estar atento a qualquer mudança em sua aparência ou ao surgimento de novas lesões.

Quando procurar um médico? Sinais de alerta

Embora o autoexame seja fundamental, ele não substitui a avaliação de um especialista. Procure um dermatologista imediatamente se você notar qualquer um dos seguintes sinais em uma pinta ou mancha na pele:

  • Mudanças no tamanho, forma ou cor de uma pinta existente.
  • O surgimento de uma nova pinta com características suspeitas (Assimetria, Bordas irregulares, Várias Cores, Diâmetro > 6mm, Evolução).
  • Uma lesão que sangra, coça, dói ou forma crosta sem cicatrização.
  • Qualquer mancha ou ferida que não cicatriza em poucas semanas.

Lembre-se: quanto antes um câncer de pele for diagnosticado, maiores são as chances de um tratamento bem-sucedido e completo. A avaliação médica profissional é a única forma de obter um diagnóstico preciso.

É importante ressaltar que, mesmo após a remoção de nevos displásicos com características moderadas, o acompanhamento médico contínuo é essencial. Estudos indicam que o risco de desenvolver um novo melanoma cutâneo persiste, especialmente se as margens cirúrgicas da biópsia inicial ainda apresentarem células alteradas, o que sublinha a necessidade de vigilância contínua e consultas de acompanhamento.

Prevenção é a melhor estratégia

A melhor forma de combater o câncer de pele é preveni-lo. Medidas simples e eficazes podem reduzir significativamente seu risco:

  • Proteção solar diária: Use protetor solar com FPS 30 ou superior todos os dias, mesmo em dias nublados, e reaplique a cada duas horas ou após nadar/transpirar.
  • Evite o sol nos horários de pico: Entre 10h e 16h, quando a incidência dos raios UV é mais forte.
  • Use roupas de proteção: Chapéus de abas largas, óculos de sol com proteção UV e roupas com tecidos que oferecem proteção solar são excelentes aliados.
  • Evite câmaras de bronzeamento artificial: Elas emitem radiação UV que aumenta drasticamente o risco de câncer de pele.
  • Consulte um dermatologista regularmente: Faça um check-up anual para que o especialista possa examinar todas as suas pintas e identificar precocemente qualquer alteração.

Cuidar da sua pele é um ato contínuo de carinho e prevenção. Ao se manter informado e proativo, você protege sua saúde e bem-estar. Não hesite em buscar orientação profissional sempre que tiver dúvidas.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.

Bibliografia

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