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O que não pode fazer no resguardo: cuidados importantes após o parto

Veja quais são as principais restrições no período de resguardo e entenda por que seguir os cuidados certos faz diferença na recuperação da mulher após o parto.

 

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O bebê nasceu. A emoção é grande, o amor é imediato, mas o corpo, esse ainda está tentando entender tudo o que aconteceu. Entre uma mamada e outra, surge a dúvida: o que não pode fazer no resguardo? Será que dá para voltar à rotina? Posso pegar peso? E relação sexual, tem que esperar mesmo?

O puerpério, ou resguardo, é um período de intensas transformações físicas e emocionais. São cerca de 40 dias (mas esse tempo pode variar) em que o corpo materno se reorganiza após o parto.

O útero precisa voltar ao tamanho original, os hormônios se estabilizam, a cicatrização interna acontece. E tudo isso exige cuidados não só com o bebê, mas com você.

O que é o resguardo?

O resguardo é o nome popular do puerpério, a fase que começa logo após o nascimento do bebê e pode durar de 6 a 8 semanas.

Durante esse período, o corpo da mulher passa por ajustes importantes:

  • O útero diminui de tamanho (involução uterina);
  • O sangramento vaginal (lóquios) vai reduzindo até desaparecer;
  • A cicatrização do parto (normal ou cesárea) está em curso;
  • Há mudanças hormonais que impactam o humor, o sono, o apetite e a libido;
  • O vínculo com o bebê começa a ser construído, muitas vezes em meio ao cansaço extremo.

Por isso, o resguardo não é só um tempo simbólico. Ele é um período de recuperação real e merece ser respeitado.

O que não pode fazer no resguardo?

Muitas orientações antigas circulam por aí. Algumas com base científica, outras nem tanto. Para te ajudar a cuidar de si com mais segurança e tranquilidade, listamos abaixo os principais cuidados médicos recomendados durante o resguardo.

1. Não ter relação sexual com penetração antes da liberação médica

Esse é um dos pontos mais importantes. Durante o puerpério, o colo do útero ainda está entreaberto, o canal vaginal pode estar fragilizado e o risco de infecção é maior. O corpo precisa de tempo para cicatrizar, principalmente se for o caso de laceração, episiotomia ou cesárea.

O retorno da vida sexual deve acontecer apenas após a consulta de revisão, geralmente entre 30 e 45 dias após o parto e sempre com preservativo, mesmo durante a amamentação.

2. Evitar carregar peso ou fazer esforço físico

Pegar o bebê no colo é inevitável, claro. Mas subir escadas com peso, levantar móveis ou fazer esforço para limpar a casa pode comprometer a cicatrização do períneo (no parto normal) ou da cesárea. A recomendação é não carregar mais do que o peso do bebê nesse início.

3. Não descuidar da alimentação

Muitas mulheres têm queda de apetite ou vontade de “compensar” o estresse com alimentos industrializados. Mas durante o resguardo, o corpo precisa de nutrientes para cicatrizar, produzir leite e manter a imunidade em alta. Evite jejuns longos, alimentos ultraprocessados, excesso de café e bebidas açucaradas.

4. Não usar absorvente interno ou fazer ducha vaginal

A região íntima está mais vulnerável nesse período, e qualquer produto que aumente o risco de infecção deve ser evitado.

Use absorventes externos, trocando com frequência, e faça apenas higiene com água morna e sabonete neutro. Nada de duchas vaginais ou lenços umedecidos com álcool.

5. Não recomeçar atividade física sem orientação

O retorno à prática de exercícios deve ser gradual e com liberação médica. Caminhadas leves são bem-vindas após as primeiras semanas, mas atividades de impacto, abdominal ou musculação devem ser iniciadas apenas após avaliação profissional, e ainda assim: cada caso é um caso.

6. Evitar o uso de cintas apertadas por conta própria

O uso de cintas no pós-parto pode ajudar na sustentação da musculatura abdominal, mas deve ser indicado por um médico ou fisioterapeuta. Se usadas de forma errada, elas podem prejudicar a circulação, causar dor ou até interferir na cicatrização.

7. Não ignorar sinais do próprio corpo

Muitas mulheres tentam “dar conta de tudo” e acabam ignorando sinais importantes: dor persistente, sangramento intenso, febre, secreção com odor forte, tristeza profunda, dificuldade de se conectar com o bebê. Esses são sinais de que algo não está bem e merecem avaliação médica o quanto antes.

E quanto aos mitos do resguardo?

Você provavelmente já ouviu conselhos como “não pode lavar o cabelo”, “não pode sair no vento”, “não pode tomar água gelada”.

A verdade é que grande parte dessas orientações são crenças populares sem base científica.

  • Pode lavar o cabelo, mas com cuidado para evitar quedas ou exposição ao frio intenso;
  • Pode tomar água em qualquer temperatura, porque você precisa estar bem hidratada;
  • Pode sair de casa, desde que esteja se sentindo bem e protegida.

O que importa é respeitar o ritmo do seu corpo e não se cobrar demais.

O resguardo é sobre pausa e não sobre prisão

O resguardo é um tipo de convite para você desacelerar. Dê tempo ao seu corpo. Dê colo para você também. A maternidade exige demais, e o puerpério está mais para uma travessia que uma maratona.

Se você tem rede de apoio, use. Se não tem, peça ajuda sempre que possível. Você não precisa dar conta de tudo nos primeiros 40 dias. Seu bebê precisa de você bem, não perfeita, não impecável, mas consciente do que está vivendo.

Tudo é novo para você e para ele: se deem esse momento.

O que não pode fazer no resguardo? Ignorar que você também precisa de cuidado.

Cuidar de um recém-nascido é intenso. Mas cuidar de si é necessário. O puerpério é físico, mas também é emocional, social, mental. Saber o que não pode fazer no resguardo é um ato de amor-próprio, e também de proteção.

Você acabou de viver uma experiência transformadora. Agora, o seu corpo e você inteira precisam de tempo para se recompor.

E está tudo bem com isso.

 

Referências bibliográficas

MSD MANUAL. Cuidados após o parto. MSD Manual – Versão Profissional. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/cuidados-p%C3%B3s-parto-e-dist%C3%BArbios-associados/cuidados-ap%C3%B3s-o-parto . Acesso em: 22 ago. 2025.

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