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Imunidade baixa pode causar leucemia? Entenda a relação

A relação entre o sistema de defesa do corpo e o câncer no sangue é o inverso do que muitos imaginam. Entenda a seguir.

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Um resfriado que não passa, seguido por uma infecção de garganta. Sentir um cansaço persistente e indisposição se tornou rotina, e a primeira suspeita que vem à mente é: "minha imunidade deve estar baixa". Essa é uma preocupação comum, mas quando os episódios se repetem, é natural questionar se algo mais sério pode estar acontecendo.

O que é leucemia e como ela afeta o corpo?

Para entender a relação com a imunidade, primeiro é preciso saber o que é a leucemia. Trata-se de um tipo de câncer que tem origem nas células-tronco da medula óssea, o local onde as células do sangue são produzidas. A doença acontece quando uma dessas células sofre uma mutação genética e se transforma em uma célula cancerígena.

Essa célula doente começa a se multiplicar de forma descontrolada. Com o tempo, essas células anormais (chamadas de blastos) se acumulam na medula óssea, ocupando o espaço das células sanguíneas saudáveis. 

Assim, a produção de glóbulos vermelhos (que transportam oxigênio), plaquetas (que ajudam na coagulação) e, principalmente, glóbulos brancos (células de defesa) fica severamente comprometida.

Além disso, as células da leucemia desenvolveram mecanismos para evitar a detecção e eliminação pelo próprio sistema imunológico. Esse processo contribui para a criação de um ambiente de baixa imunidade diretamente na medula óssea.

Qual é a verdadeira relação entre imunidade baixa e leucemia?

A principal dúvida de muitas pessoas é se um sistema imunológico enfraquecido pode levar ao desenvolvimento da leucemia. A resposta direta, segundo especialistas e órgãos de saúde como o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é não. A imunidade baixa é uma consequência da leucemia, e não a sua causa.

O processo é o seguinte:

  1. A leucemia se instala na medula óssea.
  2. As células cancerígenas se multiplicam e "expulsam" as células saudáveis.
  3. A produção de glóbulos brancos normais e funcionais diminui drasticamente.
  4. Com menos células de defesa, o sistema imunológico fica enfraquecido, resultando na chamada imunidade baixa ou imunossupressão.

Portanto, ter infecções recorrentes é um dos sinais mais característicos de que a leucemia pode estar em atividade, pois o corpo perdeu sua capacidade de se defender adequadamente.

Quais são os outros sinais de alerta da leucemia?

A queda na produção de células saudáveis gera um efeito cascata no organismo. Além da baixa imunidade, outros sintomas são fundamentais para levantar a suspeita da doença. Fique atento se apresentar:

  • Anemia: causada pela falta de glóbulos vermelhos, levando a cansaço extremo, fadiga, palidez e falta de ar.
  • Sangramentos e manchas roxas: resultado da baixa contagem de plaquetas. Podem ocorrer sangramentos no nariz e gengivas ou hematomas que aparecem sem motivo aparente.
  • Gânglios inchados: especialmente no pescoço, axilas e virilha, geralmente indolores.
  • Febre ou suores noturnos: sem causa infecciosa aparente.
  • Dores nos ossos e articulações: devido ao acúmulo de células doentes na medula óssea.
  • Perda de peso inexplicada: associada à falta de apetite.

Uma imunidade já enfraquecida pode aumentar o risco de leucemia?

Embora a imunidade baixa não cause leucemia diretamente, a relação pode ser um pouco mais complexa. Algumas condições que comprometem cronicamente o sistema imunológico são consideradas fatores de risco para o desenvolvimento de certos tipos de câncer, incluindo leucemias e linfomas.

Isso inclui pessoas com síndromes de imunodeficiência congênitas, portadores do vírus HIV ou pacientes que fazem uso de medicamentos imunossupressores após transplantes de órgãos. Nesses cenários, um sistema de vigilância imunológica debilitado pode ter mais dificuldade em identificar e eliminar células com mutações antes que se tornem cancerígenas.

É importante destacar que, para alguns outros tipos de tumores, como o câncer de pâncreas, a baixa imunidade é, de fato, um fator que contribui para seu início e progressão.

No contexto de transplantes de medula óssea para leucemia mieloide aguda, o uso de medicamentos que suprimem o sistema imunológico pode, paradoxalmente, aumentar o risco de retorno da doença ou de morte. Isso ressalta a complexidade de gerenciar a imunidade em pacientes oncológicos.

Em transplantes de órgãos como o fígado, a baixa imunidade é induzida intencionalmente e gerenciada de forma rigorosa. O objetivo é proteger o órgão transplantado e minimizar os efeitos colaterais dos medicamentos imunossupressores, garantindo um equilíbrio delicado.

O que mais pode causar imunidade baixa?

É fundamental lembrar que a leucemia é apenas uma das muitas causas possíveis para a queda da imunidade. Na maioria das vezes, o problema está relacionado a fatores mais comuns e tratáveis. 

Entre as principais causas estão:

  • Deficiências nutricionais de vitaminas e minerais, como zinco, selênio e vitaminas C e D.
  • Estresse crônico e privação de sono.
  • Doenças crônicas, como diabetes e doenças autoimunes.
  • Infecções virais, como a própria gripe ou mononucleose.
  • Uso de certos medicamentos, como corticoides em altas doses ou quimioterápicos.

Adicionalmente, diversos tratamentos para outras condições imunológicas podem enfraquecer a imunidade geral do organismo, deixando-o mais vulnerável a infecções.

Quando procurar ajuda médica?

A presença isolada de um sintoma não significa um diagnóstico de leucemia. Contudo, a combinação de vários sinais de alerta é um motivo importante para buscar avaliação médica especializada, de preferência com um clínico geral ou hematologista.

Procure um médico se você notar:

  • Infecções que se tornam muito frequentes ou graves.
  • Cansaço que não melhora com o descanso.
  • Surgimento de manchas roxas ou sangramentos sem trauma.
  • Febre persistente e sem explicação.

O diagnóstico da leucemia é feito por meio de exames de sangue, como o hemograma completo, que pode mostrar alterações significativas na contagem das células sanguíneas. A confirmação geralmente requer um exame da medula óssea, conhecido como mielograma.

O diagnóstico precoce é o fator mais importante para aumentar as chances de sucesso no tratamento. Portanto, ao perceber sinais persistentes, não hesite em procurar orientação profissional para um diagnóstico preciso.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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