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Gestante pode tomar paracetamol? O que a ciência diz sobre o uso do medicamento

Entenda quais medicamentos devem ser evitados durante a gestação

 

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Recentemente, um questionamento veio à tona provocando uma série de dúvidas: “Gestante pode tomar paracetamol?”. Ela vem após algumas evidências científicas sugerirem que há relação do uso do medicamento em determinadas épocas da gestação e efeitos neurológicos a longo prazo nas crianças.

Sendo um dos medicamentos mais utilizados para o tratamento de febre, o paracetamol é frequentemente receitado para quadros como alívio da dor, resfriados comuns e infecções bacterianas que podem causar problemas no trato urinário ou nos rins.

Infelizmente, mulheres grávidas não estão isentas de contraírem algumas doenças, mas as opções de medicamentos são mais limitadas. É importante reforçar que qualquer prescrição medicamentosa deve ser discutida com seu médico, que pode vir a propor alternativas mais seguras para você tomar.

Sabemos que alguns quadros, como gripes e dores de cabeça são relativamente fáceis de serem controladas, mas em situações mais graves, é importante sempre ter o acompanhamento de um especialista.

O paracetamol é seguro para gestantes?

O paracetamol é um medicamento de venda livre nas farmácias, ou seja, não requer receita médica. Esse analgésico é frequentemente usado para o tratamento de dores de cabeça, dores musculares, sintomas de resfriados comuns e até em alguns quadros de alergia.

A recomendação médica de ingestão é de 500 miligramas por dia, não devendo ultrapassar a quantidade máxima de 4000 miligramas.

Um estudo publicado no JAMA (2024) não encontrou evidências no aumento de autismo, transtorno do déficit de atenção (TDAH) ou deficiência intelectual após o uso de paracetamol pela gestante durante a gravidez.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que as evidências de uma ligação são inconsistentes, e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reafirma que o medicamento é seguro para uso durante a gravidez.

Por outro lado, outros estudos reforçam que ainda é necessário investigações adicionais. Segundo o estudo publicado na revista PubMed (2020) revela que foram encontradas no sangue do cordão umbilical substâncias que comprovam que o bebê foi exposto ao medicamento ainda no ventre materno.

Essa exposição não significa que o paracetamol causa diretamente o TDAH ou autismo, mas que os bebês que tiveram essa exposição apresentaram uma probabilidade maior de serem diagnosticados com esses transtornos mais tarde na infância, quando comparados aos bebês que não foram expostos.

Nesse estudo, os cientistas são cautelosos em afirmar que, ainda que tenham sido encontradas amostras dessa substância, “nossas descobertas corroboram estudos anteriores sobre a associação entre exposição pré-natal e perinatal ao paracetamol e risco ao neurodesenvolvimento infantil e justificam investigações adicionais”.

A própria Food and Droug Administration (FDA) entendeu que a associação é ainda uma “área de debate científico em andamento e os médicos devem estar cientes da questão em suas tomadas de decisão clínica”.

Como algumas prescrições de paracetamol são feitas para o controle de febre, outros estudos (PubMed, 2018) sugerem que as altas temperaturas em gestantes, quando não tratadas, podem aumentar as chances do bebê desenvolver autismo e outros transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia, o que pode interferir no desenvolvimento do cérebro do feto.

Quando há a presença de algum quadro clínico, é importante considerar todos os riscos potenciais, juntamente com quaisquer benefícios para a gestante e o bebê. Neste caso, é sempre aconselhável o acompanhamento médico para que sejam discutidas alternativas, e, se possível, não medicamentosas e seguras para as mulheres grávidas.

O que é o paracetamol e para que serve?

O paracetamol é um dos medicamentos mais conhecidos e usados no mundo. Você, por exemplo, provavelmente deve ter na sua casa. Ele tem duas funções principais: aliviar a dor e baixar a febre. É o que os médicos chamam de analgésico e antitérmico.

Ele age como um “bloqueador” de dor. Quando você tem um mal-estar ou dor de cabeça, o seu corpo envia sinais de alerta para o cérebro. O paracetamol entra em ação para diminuir a intensidade desses sinais, fazendo com que você sinta alívio. Com a febre, ele age de forma parecida, ajudando o corpo a voltar à sua temperatura normal.

Quais medicamentos devem ser evitados durante a gravidez?

A última coisa que uma mãe quer é pôr sua saúde e a do bebê em risco durante a gravidez. Por essa razão, é importante também conhecer quais medicamentos devem ser evitados durante esse período.

Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)

Os anti-inflamatórios não esteroides devem ser evitados por mulheres grávidas, principalmente após o segundo trimestre de gestação.

Essa recomendação se deve porque a ingestão dos AINEs pode baixar o nível de líquido amniótico. Quando isso acontece, os pulmões do bebê não conseguem se desenvolver completamente, o que pode acarretar em uma dificuldade respiratória durante o parto ou que ele precise de cuidados intensivos com aparelhos respiratórios.

Existem vários medicamentos que se enquadram nessa categoria, sendo alguns deles:

  • Ibuprofeno;
  • Aspirina;
  • Naproxeno;
  • Celecoxib;
  • Diclofenaco.

Esses medicamentos devem ser evitados durante a gestação.

Medicamentos para doenças de pele

A gravidez traz consigo uma série de alterações hormonais e algumas delas podem ter impacto direto na pele. Às vezes pode surgir alguma acne que pode afetar também a autoestima da mulher.

Nesses casos, os medicamentos mais frequentes para o tratamento de doenças de pele devem ser evitados, porque há um alto risco de malformações congênitas. Eles devem ser evitados esteja você grávida ou planejando engravidar.

  • Isotretinoína;
  • Talidomida;
  • Tretinoína e retinol;
  • Hidroquinona;
  • Ácido salicílico;
  • Ureia;
  • Tetraciclinas;
  • Metotrexato.

Esses medicamentos possuem fortes evidências científicas de que são potencialmente perigosos durante a gestação.

Converse sempre com o seu médico sobre medicamentos durante a gravidez

A gravidez é um momento sonhado e desejado por muitas mulheres. E por si só, é um momento bastante delicado para a mulher.

Quando a gestante apresenta algum quadro crônico, é normal sentir uma preocupação. É importante sempre estar alerta a alguns sinais que podem indicar que a gravidez merece atenção, como a febre, sangramentos vaginais e dores abdominais intensas. 

Alguns medicamentos para tratar determinadas doenças podem ser ruins para o bebê. Por isso é importante fazer o pré-natal com regularidade para aumentar as chances de ter uma gravidez sem complicações.

No caso de doenças crônicas, uma lista segura de medicamentos que podem ser usados durante pode ser fornecida pelo seu médico. Ele quem prescreverá a frequência de ingestão e monitorará sua saúde durante o tratamento.

Existem medicamentos seguros durante a gravidez, que podem ajudá-la, mas todos devem ser discutidos com o seu médico. Nunca se automedique durante a gestação. Consulte sempre um profissional da saúde habilitado.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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