12/08/2025
Revisado em: 12/08/2025
Entenda quais são os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e saiba como preveni-los com hábitos simples e exames regulares.
Tem coisa que a gente só percebe quando o corpo dá sinais. Às vezes, um cansaço fora do comum, depois aquela falta de ar por subir uns poucos degraus ou até uma dor no peito que aparece do nada. Nem sempre esses sintomas indicam algo grave, mas podem ser um alerta para começar a prestar atenção nos fatores de risco para doenças cardiovasculares.
A pressão alta, colesterol elevado, sedentarismo e hábitos alimentares ruins muitas vezes passam batido na nossa rotina. Mas entender esses sinais e identificar o que pode estar por trás desses sintomas é o primeiro passo para evitar problemas no coração.
Os problemas cardíacos quase nunca surgem de um dia para o outro. Na maioria das vezes, eles se desenvolvem aos poucos, alimentados por uma combinação de fatores que colocam o coração sob constante ameaça.
Os mais comuns são hipertensão arterial, diabetes tipo 2, colesterol alto, tabagismo, sedentarismo, má alimentação, consumo excessivo de álcool, estresse e obesidade.
Segundo dados da Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 400 mil mortes por ano no Brasil. Em outras palavras, uma morte a cada 90 segundos.
Esses números refletem justamente a soma de fatores que vão se acumulando ao longo do tempo, muitas vezes sem sintomas aparentes.
Outro ponto importante é o histórico familiar. Quem tem parentes de primeiro grau que já tiveram infarto, AVC ou outras doenças do coração deve manter vigilância redobrada. A carga genética não determina o destino, mas aumenta o risco, principalmente se estiver associada a hábitos prejudiciais.
A falta de exames preventivos, automedicação, excesso de estresse e a ideia de que “não sinto nada, então está tudo bem” também favorecem o aparecimento dos quadros mais graves. Ou seja, o risco não está apenas nos fatores clínicos, mas também no comportamento diante da própria saúde.
A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração perde sua capacidade de bombear sangue de forma eficiente para o corpo. Esse comprometimento pode acontecer de forma lenta e progressiva, e muitas vezes é resultado de outras doenças que não foram tratadas corretamente.
Entre as principais causas estão:
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, estima-se que cerca de 20 milhões de brasileiros convivem com arritmias cardíacas. O dado mais preocupante é a taxa de mortalidade: em casos mais avançados e sem tratamento adequado, pode chegar a 320 mil mortes por ano.
Outro dado importante é que a insuficiência cardíaca pode ocorrer mesmo em pessoas jovens, ainda mais quando há cardiopatias congênitas ou devido ao uso abusivo de substâncias como os anabolizantes. Por isso, os cuidados não devem ser adiados com base apenas na idade.
Sim, mas não é o único fator de risco. A hipertensão arterial é uma das principais causas de doenças do coração, do cérebro e dos rins. Quando a pressão se mantém alta por muito tempo, ela faz com que o coração trabalhe dobrado e com mais força, o que desgasta suas paredes e favorece o aparecimento de lesões nos vasos sanguíneos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, em 2023, um relatório no qual informava que a hipertensão arterial afeta um em cada três adultos no mundo inteiro.
Em 29 anos de controle (entre 1990 e 2019), o número de hipertensos dobrou, sendo 1,3 bilhão de pessoas que convivem com a condição, ou seja, quase a metade da população mundial não sabe que apresenta essa condição, o que pode ser ainda mais alarmante. Entre esses dados, a maior parte dos adultos hipertensos vivem em países de baixa e média renda.
A grande armadilha da pressão alta é que, na maioria das vezes, ela não dá sinais claros. As pessoas só descobrem após terem passado por uma crise hipertensiva, um infarto ou um acidente vascular cerebral (AVC). É por isso que a aferição regular da pressão, feita naquelas consultas de rotina, é uma das formas de prevenir e detectar precocemente complicações mais graves.
Vale lembrar que controlar a pressão não depende só de remédio. É importante reduzir o consumo de sal, praticar atividade física, manter o peso adequado, parar de fumar, evitar o abuso com bebidas alcoólicas e dormir bem. Essas atitudes ajudam, e muito, a manter os níveis sob controle.
Infelizmente, não é exagero dizer que ambas situações estão entre os maiores vilões da saúde cardiovascular.
O excesso de peso sobrecarrega o coração. Ele precisa trabalhar mais para irrigar um corpo maior, o que aumenta a pressão arterial e altera o metabolismo de açúcares e gordura. A obesidade também está relacionada a outras doenças, como o diabetes tipo 2 e dislipidemias, que são alterações nos níveis de lipídios no sangue.
Os dados do Atlas Mundial da Saúde, de 2025, apontam que 68% dos brasileiros têm excesso de peso, 31% têm obesidade e 37% têm sobrepeso. O estudo ainda projeta para 2030 um aumento de pessoas com obesidade de 33,4%. Os números informam que milhões de pessoas vivem em uma condição que aumenta o risco de infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
O sedentarismo é outro agravante. O corpo precisa de movimento para manter a circulação ativa, controlar o colesterol, regular os níveis de açúcar no sangue e manter o peso estável. Quando o estilo de vida é parado, todo o sistema cardiovascular sofre.
O coração perde o condicionamento, os vasos ficam mais suscetíveis ao acúmulo de placas de gordura e o risco de eventos cardiovasculares aumenta consideravelmente.
Mas antes de sair correndo por aí, é importante lembrar que você não precisa fazer amanhã exercícios intensos para ter os benefícios. Aquelas caminhadas diárias de 30 minutos já são suficientes para começar a fortalecer o sistema cardiovascular.
Um estudo realizado com 15 mil brasileiros concluiu que 150 minutos semanais de atividades físicas são suficientes para não só fortalecer o sistema vascular, mas para sentir outros benefícios, como redução nos quadros de dor de cabeça por tensão.
O importante é sair da inércia e manter a constância.
O estresse crônico atua de maneira silenciosa no corpo, liberando hormônios como a adrenalina e o cortisol. Quando são liberados em excesso, eles aumentam a pressão arterial, aceleram os batimentos cardíacos e provocam inflamações, que, com o tempo, terminam comprometendo o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos.
Segundo dados da OMS, o Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo. Inúmeros fatores contribuem para essa marca: a insegurança sociopolítica, os altos índices de desemprego, a falta de acesso a serviços públicos de qualidade e as pressões da vida moderna contribuem para que os brasileiros sofram com ansiedade.
Essa realidade acaba tendo um impacto direto na saúde cardiovascular. Existe até uma condição cardíaca conhecida como “síndrome do coração partido” (cardiomiopatia de Takotsubo), em que as situações de estresse extremo desencadeiam sintomas semelhantes aos de um infarto.
O estresse também influencia nos hábitos das pessoas. Muitas vezes passamos a ignorar os hábitos alimentares, terminamos dormindo mal, fumamos demais e nos exercitamos pouco. O conjunto de todas essas ações termina contribuindo para o desgaste do sistema cardiovascular.
É por isso que cuidar da saúde mental também é cuidar do coração. Fazer atividades prazerosas e relaxantes, criar uma rotina de pausas no trabalho, ter contato com a natureza e apoio emocional (ainda que seja com psicoterapia) fazem parte da prevenção e não devem ser negligenciadas.
Os cuidados com o coração começam nos detalhes do dia a dia. Você não precisa fazer mudanças radicais, mas manter uma constância nas escolhas certas. A prevenção é construída com um conjunto de atitudes que reduzem os riscos e fortalecem seu organismo como um todo.
Alguns hábitos que ajudam a proteger a saúde cardiovascular são:
É sempre bom realizar exames regulares. Muitos dos problemas cardíacos podem ser detectados de maneira precoce. O acompanhamento preventivo é sempre a forma mais segura de identificar alterações.
Por último, mas não menos importante, tente dormir bem. O descanso de qualidade ajuda na regulação hormonal e no controle da pressão. Dormir pouco ou mal afeta diretamente o coração.
Muitas pessoas só procuram um cardiologista depois de um susto. Mas o ideal é não esperar o sintoma aparecer. Avaliar a saúde cardiovascular deve fazer parte da rotina de cuidados com o corpo, assim como ir ao ginecologista, ao clínico geral ou ao oftalmologista.
Os exames devem ser iniciados:
Imediatamente, caso você sinta dores no peito, tenha falta de ar frequente, sinta palpitações, tonturas ou inchaço nas pernas.
Alguns exames que ajudam a avaliar o coração:
Esses exames são simples, acessíveis e, quando indicados corretamente, ajudam a detectar alterações antes que se tornem problemas maiores.
Nem todo mundo consegue mudar a rotina de uma hora para outra, e tudo bem. O que importa é começar. Pequenas ações feitas com regularidade já têm um impacto positivo na saúde do coração.
Algumas sugestões que funcionam na prática:
Essas mudanças parecem pequenas, mas ajudam a diminuir a pressão arterial, controlar o colesterol, estabilizar o peso e melhorar o humor. Tudo isso reforça a saúde cardiovascular e evita sustos futuros.
Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saúde. Acidente Vascular Cerebral (AVC). Gov.br, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/avc. Acesso em: 25 jul. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. AVC – Acidente Vascular Cerebral. BVSMS, 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/avc-acidente-vascular-cerebral/. Acesso em: 25 jul. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Acidente Vascular Cerebral (AVC) no adulto. Linhas de Cuidado – Ministério da Saúde, 2024. Disponível em: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/acidente-vascular-cerebral-(AVC)-no-adulto/. Acesso em: 25 jul. 2025.
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