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Exames do primeiro trimestre de gravidez: o que esperar da primeira consulta

O resultado positivo confirma uma nova jornada. Entenda quais exames marcam o início do pré-natal e sua importância fundamental.

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Aquele resultado positivo no teste de farmácia traz uma mistura de emoções e, logo em seguida, uma pergunta prática: e agora? O primeiro passo é agendar uma consulta pré-natal. Nela, o obstetra iniciará um plano de cuidados para garantir uma gestação saudável, e a base desse plano é uma série de exames laboratoriais e de imagem.

Esses testes iniciais fornecem um panorama completo da sua saúde, identificando desde o seu tipo sanguíneo até a presença de infecções silenciosas que poderiam afetar o desenvolvimento do bebê. Compreender a função de cada um deles ajuda a diminuir a ansiedade e a participar ativamente do seu cuidado.

Por que os exames no início da gravidez são tão importantes?

O primeiro trimestre, que vai até a 13ª semana e 6 dias, é um período de formação crítica para o feto. Os órgãos e sistemas do bebê estão se desenvolvendo rapidamente. Por isso, os exames realizados nessa fase têm um objetivo claro: estabelecer uma base de referência da saúde materna e identificar precocemente qualquer fator de risco.

Essa avaliação inicial permite que a equipe de saúde intervenha quando necessário, tratando condições como anemia, infecções urinárias ou diabetes gestacional antes que se tornem um problema maior. Além disso, garante que a gestante receba todas as orientações e suplementações, como ácido fólico e ferro, adequadas para suas necessidades individuais.

Quais são os principais exames de sangue solicitados?

A coleta de sangue é um dos procedimentos mais completos na primeira consulta de pré-natal. Cada tubo coletado é destinado a uma análise específica que, em conjunto, traça um perfil detalhado da saúde da gestante.

Hemograma completo

O hemograma avalia as três principais linhagens de células do sangue: as vermelhas (hemácias), as brancas (leucócitos) e as plaquetas. Na gravidez, ele é fundamental para diagnosticar anemias, principalmente a ferropriva (por falta de ferro), que é comum nesse período e pode causar cansaço excessivo e afetar o crescimento do bebê.

Tipagem sanguínea e fator Rh

Este exame identifica o tipo sanguíneo da mãe (A, B, AB ou O) e o fator Rh (positivo ou negativo). A informação é crucial para prevenir a incompatibilidade Rh. Se uma mãe com Rh negativo gera um bebê com Rh positivo, seu corpo pode criar anticorpos contra o sangue do feto, um quadro conhecido como eritroblastose fetal. Para gestantes Rh negativo, solicita-se também o teste de Coombs indireto para verificar a presença desses anticorpos.

Glicemia de jejum

A medição do nível de açúcar no sangue em jejum é o primeiro passo para rastrear o diabetes gestacional. Níveis alterados logo no início da gestação podem indicar um diabetes pré-existente não diagnosticado. Conforme as diretrizes do Ministério da Saúde, o controle glicêmico é essencial para evitar complicações como parto prematuro e macrossomia fetal (bebê com peso excessivo).

Sorologias para infecções

As sorologias são testes que buscam por anticorpos (IgG e IgM) contra diversas doenças infecciosas que podem ser transmitidas da mãe para o feto, causando malformações ou complicações graves. 

As principais investigadas são:

  • Toxoplasmose: infecção causada por um parasita que pode levar a problemas neurológicos e visuais no bebê.
  • Rubéola: doença viral que, se contraída na gestação, pode causar a Síndrome da Rubéola Congênita, com risco de surdez, cegueira e problemas cardíacos.
  • Sífilis (VDRL): uma infecção sexualmente transmissível que, sem tratamento, tem altas taxas de transmissão vertical, podendo causar aborto ou sequelas graves.
  • Hepatites B e C: infecções virais que afetam o fígado e podem ser transmitidas ao bebê durante o parto.
  • HIV: o diagnóstico precoce permite o uso de terapia antirretroviral para reduzir drasticamente o risco de transmissão do vírus para o bebê.
  • Citomegalovírus (CMV): embora comum, a infecção durante a gravidez pode causar problemas de desenvolvimento no feto.

E os exames de urina, qual a sua finalidade?

Infecções do trato urinário (ITUs) são mais frequentes na gravidez devido às alterações hormonais e anatômicas. Mesmo quando assintomáticas, elas representam um risco, podendo evoluir para uma infecção renal (pielonefrite) e aumentar as chances de parto prematuro. Por isso, a análise de urina é um procedimento de rotina.

Tipo de Exame

O que avalia

 

Urina tipo 1 (ou EAS)

É um exame de triagem que analisa aspectos físicos, químicos e a presença de elementos como leucócitos, hemácias ou bactérias, que podem indicar uma infecção.

Urocultura com antibiograma

É solicitado quando a urina tipo 1 apresenta alterações ou como rotina. Este exame confirma a presença de bactérias, identifica qual é o agente causador e testa quais antibióticos são eficazes para o tratamento.

Qual é o papel da ultrassonografia no primeiro trimestre?

A ultrassonografia, ou ecografia, é um dos momentos mais aguardados. Neste primeiro trimestre, geralmente são realizados dois exames de imagem principais, cada um com um propósito bem definido.

Ultrassom transvaginal inicial

Realizado entre a 6ª e a 9ª semana, este primeiro ultrassom tem como objetivos:

  • confirmar a gravidez;
  • verificar se o embrião está implantado dentro do útero (gravidez tópica);
  • determinar a idade gestacional com mais precisão;
  • detectar os batimentos cardíacos do embrião;
  • avaliar se é uma gestação única ou de múltiplos (gêmeos).

Ultrassom morfológico do primeiro trimestre (translucência nucal)

Este exame, realizado obrigatoriamente entre 11 semanas e 13 semanas e 6 dias, é um rastreamento fundamental. Este ultrassom é crucial no acompanhamento pré-natal, pois permite a detecção precoce de anomalias fetais graves, incluindo aquelas que podem ser letais. 

Além disso, é essencial para identificar anomalias no desenvolvimento fetal ainda no início da gestação. O médico mede um pequeno acúmulo de líquido na nuca do feto, chamado de translucência nucal (TN). 

Uma medida aumentada pode estar associada a um risco maior de síndromes cromossômicas, como a Síndrome de Down, e de algumas malformações cardíacas. Assim, o resultado orienta a necessidade de investigações mais aprofundadas.

Existem outros exames que podem ser solicitados?

Sim. Dependendo do histórico de saúde da gestante, idade e achados nos exames iniciais, o médico pode solicitar outros testes. O exame de Papanicolau, por exemplo, pode ser coletado se não estiver em dia, para rastrear alterações no colo do útero. Exames para avaliar a função da tireoide (TSH e T4 livre) também podem ser pedidos, pois o hipotireoidismo não tratado pode afetar o desenvolvimento neurológico do bebê.

Além desses exames, métodos mais avançados de rastreamento genético podem ser indicados. O Teste Pré-Natal Não Invasivo (NIPT), por exemplo, é um exame seguro e muito preciso para identificar riscos de síndromes cromossômicas como Down, Edwards e Patau. 

Ele oferece maior precisão que os métodos tradicionais, podendo reduzir a necessidade de procedimentos invasivos para o diagnóstico. Outros exames que, combinados com a translucência nucal, rastreiam riscos de síndromes fetais incluem as dosagens sanguíneas de PAPP-A e beta-hCG, geralmente realizados entre a 9ª e a 13ª semana.

Cada gestação é única, e o plano de exames será sempre individualizado. O diálogo aberto com seu obstetra é a melhor ferramenta para entender cada etapa e garantir que você e seu bebê recebam o melhor cuidado possível.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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