14/08/2025
Revisado em: 14/08/2025
A segunda sessão de quimioterapia pode gerar dúvidas e preocupações, mas compreender seus possíveis efeitos é fundamental para um tratamento mais tranquilo.
Quando você se prepara para a segunda sessão de quimioterapia, é comum que a mente reviva as sensações da primeira. A expectativa sobre como o corpo irá reagir é natural, e entender os possíveis efeitos pode ajudar a enfrentar essa fase com mais confiança. Cada ciclo do tratamento oncológico tem suas particularidades.
Diferentemente da primeira sessão, onde o corpo tem seu primeiro contato com os medicamentos, na segunda sessão os efeitos podem começar a se manifestar de forma mais acentuada. Isso ocorre devido a um fenômeno chamado toxicidade cumulativa, onde a ação das substâncias se soma ao longo do tempo.
A quimioterapia age combatendo as células cancerosas, mas também afeta células saudáveis que se dividem rapidamente. Ao longo das sessões, a exposição contínua a essas substâncias pode levar a uma acumulação de efeitos no organismo. Assim, alguns sintomas que eram leves na primeira sessão podem se tornar mais intensos ou novos efeitos podem surgir.
Um estudo recente com pacientes em tratamento para câncer de mama inicial mostrou que um número maior de ciclos de quimioterapia está ligado a uma variedade maior de tipos de toxicidade. O risco de incidência desses efeitos aumenta em 1,06 vezes a cada ciclo adicional, conforme dados publicados na PLOS ONE. Isso destaca a importância do monitoramento contínuo durante o tratamento.
Além disso, a combinação de diferentes quimioterápicos, conhecida como poliquimioterapia, pode gerar efeitos colaterais mais intensos em comparação com o uso de um único agente, como apontado em uma revisão da The Cochrane Database of Systematic Reviews. Esses dados reforçam a necessidade de um acompanhamento cuidadoso e ajustes no plano de tratamento conforme a resposta individual de cada paciente.
É fundamental entender que a experiência de cada paciente é única. A resposta à quimioterapia varia consideravelmente dependendo do tipo de câncer, do protocolo de tratamento, da dosagem dos medicamentos, do estado geral de saúde do paciente e de sua genética. Portanto, o que um paciente sente na segunda sessão pode ser diferente do que outro experimenta.
Os efeitos colaterais da quimioterapia são diversos, mas alguns tendem a ser mais perceptíveis ou persistentes na segunda sessão. Reconhecê-los é o primeiro passo para buscar as melhores formas de manejo.
A fadiga é um dos efeitos mais relatados e pode ser mais intensa na segunda sessão. Ela não é um cansaço comum, mas uma exaustão persistente que não melhora com o repouso. É causada tanto pela ação dos medicamentos quanto pelo esforço do corpo para se recuperar e combater a doença.
Embora existam medicamentos eficazes para controlar náuseas e vômitos, eles ainda podem ocorrer. Na segunda sessão, alguns pacientes podem sentir esses sintomas com maior frequência ou intensidade, exigindo ajustes na medicação antiemética.
A queda de cabelo, que muitas vezes começa após a primeira sessão, pode se tornar mais pronunciada na segunda. Além disso, a pele pode apresentar maior ressecamento, sensibilidade, coceira ou alterações de cor e textura. As unhas também podem ficar mais frágeis e com mudanças na coloração.
Distúrbios no paladar, como um gosto metálico na boca, são comuns e podem afetar o apetite. A diminuição da vontade de comer ou a dificuldade em digerir certos alimentos podem levar à perda de peso e desnutrição se não forem adequadamente monitorados.
Os medicamentos quimioterápicos afetam o trato digestivo, podendo causar diarreia ou constipação. Esses sintomas podem se alternar ou persistir, demandando atenção à dieta e hidratação.
A quimioterapia pode diminuir a produção de células sanguíneas na medula óssea. Isso inclui glóbulos brancos (neutropenia), que são essenciais para a imunidade, aumentando o risco de infecções. O monitoramento regular dos exames de sangue é crucial.
Inflamações na boca e garganta (mucosite) podem surgir ou piorar, causando dor, dificuldade para engolir e risco de infecções. A boca seca e a sensibilidade dentária também são efeitos comuns.
Gerenciar os efeitos colaterais é parte fundamental do tratamento. Existem diversas estratégias que, com orientação médica, podem melhorar a qualidade de vida do paciente.
Uma dieta balanceada e a hidratação constante são essenciais. Priorize alimentos que forneçam energia e nutrientes, como frutas, vegetais e proteínas. Evite alimentos muito gordurosos, condimentados ou com cheiro forte que possam intensificar as náuseas.
Mantenha uma higiene bucal rigorosa com escova de cerdas macias e enxaguantes bucais sem álcool, conforme orientação do dentista ou oncologista. Lave bem as mãos frequentemente e evite contato com pessoas doentes para reduzir o risco de infecções.
Lidar com os efeitos da quimioterapia pode ser desgastante emocionalmente. Buscar apoio de familiares, amigos, grupos de apoio ou profissionais de saúde mental é fundamental para manter o bem-estar psicológico.
Essa é uma dúvida muito comum. Não necessariamente a segunda sessão será "pior" que a primeira para todos. Como mencionado, os efeitos podem ser mais intensos devido ao acúmulo das substâncias no organismo. No entanto, o corpo já passou pela experiência anterior e você e sua equipe médica já têm mais informações sobre como o seu organismo reage. Isso permite que ajustes nos medicamentos e nas estratégias de manejo sejam feitos, potencialmente tornando a segunda sessão mais manejável, mesmo que os sintomas sejam mais fortes.
É importante ressaltar que a continuidade do tratamento pode trazer benefícios significativos. Por exemplo, em pacientes com um tipo específico de leucemia (leucemia mieloide aguda - LMA) que atingiram a primeira remissão completa e foram submetidos a transplante, estudos indicam que realizar três ou mais ciclos de quimioterapia de consolidação resultou em uma sobrevida livre de leucemia de 85,6%, um índice maior comparado aos 67% de quem recebeu dois ou menos ciclos. Isso foi observado em uma pesquisa publicada no Bone Marrow Transplantation.
Para outras terapias avançadas, como a terapia com células CAR-T para mieloma múltiplo, a "segunda dose" pode, inclusive, gerar uma melhora na resposta. Um estudo demonstrou que 29% dos pacientes elegíveis experimentaram essa melhora após a segunda dose. Esses exemplos reforçam que, apesar dos desafios, a sequência do tratamento é vital e pode otimizar os resultados, sempre sob rigorosa orientação médica.
É crucial estar atento aos sinais de alerta e não hesitar em contatar a equipe médica. Procure um profissional de saúde imediatamente se você apresentar:
A equipe de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, desempenha um papel fundamental no acompanhamento do paciente. Eles são a melhor fonte de informação e suporte para lidar com os efeitos da quimioterapia. Compartilhe abertamente todos os seus sintomas e preocupações para que o plano de tratamento e manejo seja constantemente ajustado às suas necessidades. O acompanhamento profissional contínuo é indispensável para garantir a segurança e o conforto durante o tratamento.
[BOTÃO DE AGENDAR CONSULTA]
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.
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