14/08/2025
Revisado em: 14/08/2025
A quimioterapia pode afetar o estômago e causar enjoos, queimação e perda de apetite, mas há formas de aliviar esses efeitos e manter o bem-estar durante o tratamento.
Durante o tratamento contra o câncer, é comum ouvir relatos de enjoo, queimação, sensação de estômago cheio ou dores abdominais. Esses desconfortos não são coincidência. Eles fazem parte dos efeitos colaterais mais frequentes da quimioterapia, especialmente porque o estômago e o intestino possuem células que se renovam com rapidez, e por isso são diretamente impactados pelos medicamentos usados.
O problema não está no “forçar a barra” ou na alimentação em si. É que os medicamentos utilizados para combater as células tumorais também afetam, de forma não seletiva, outras partes do corpo que se renovam com velocidade, como o trato gastrointestinal. Daí surgem os sintomas: náuseas persistentes, perda de apetite, refluxo, sensação de digestão lenta e, em alguns casos, diarreia ou constipação.
Entender os efeitos da quimioterapia no estômago ajuda a dar nome ao que você sente, buscar estratégias para aliviar esse incômodo e saber quando é hora de conversar com a equipe médica sobre o que pode ser feito. Porque o cuidado também passa pelo conforto no dia a dia.
Você está no centro de tratamento, sentado na confortável poltrona vermelha, quando a enfermeira começa a preparar o soro. Logo percebe aquela sensação desconfortável no abdômen: náuseas teimosas, falta de apetite e talvez uma azia que nunca sentiu antes. Essa experiência comum para pacientes oncológicos tem explicação biológica.
A quimioterapia, ao combater células cancerígenas de rápida multiplicação, também afeta outros tecidos com alto índice de renovação. O revestimento estomacal, que se renova a cada 3-5 dias, torna-se especialmente vulnerável.
Por que isso ocorre? As células epiteliais gástricas possuem mecanismos bioquímicos sensíveis às toxinas dos quimioterápicos.
A quinta essência do tratamento quimioterápico é sua ação citotóxica: agentes químicos impedem a divisão celular descontrolada que caracteriza o câncer. Contudo, nosso sistema digestivo possui um ritmo de renovação acelerado.
Em especial, o estômago mantém constantemente células jovens que secretam ácido clorídrico e muco protetor, gerando um equilíbrio delicado.
Dois fatores principais causam os sintomas:
(1) Danos diretos ao epitélio gástrico, reduzindo a capacidade protetora do muco.
(2) Estímulo dos centros de náusea no cérebro por toxinas circulantes, conforme identificado em modelos celulares envolvendo sinalização de cálcio (Chang et al). Além disso, inflamações locais geram um ciclo vicioso, acelerando o desconforto.
Combater os efeitos gástricos exige abordagem multifatorial. O Ministério da Saúde recomenda três pilares:
Como seu apetite fica instável, experimente comer quantidades menores a cada 2-3 horas. Priorize alimentos macios como mingaus e purês. Pernilongos, biscoitos de água e sal e canjas leves são frequentemente bem tolerados. Evite produtos de difícil digestão: frituras, pimentas, cítricos e bebidas gaseificadas.
Os antagonistas de receptores de serotonina atuam bloqueando os gatilhos de náusea. Medicamentos tropisetron, ondansetron e granisetron compõem a primeira linha de estratégia. Para crises agudas, podem ser combinados com corticoesteroides como dexametasona, sempre sob prescrição.
Esses citoprotetores mostraram a capacidade de reduzir a toxicidade gastrointestinal em aproximadamente 39%, segundo dados de vigilância farmacêutica do Inca.
Determinadas situações exigem intervenção imediata do corpo clínico. Você percebeu esses sinais de alerta?
Avanços em imuno-oncologia prometem menor impacto gástrico, como evidenciado pelo estudo sobre terapias combinadas (Pollini et al). O acompanhamento gastroenterológico torna-se crucial para abordagem integrada desses resultados.
Os efeitos sistêmicos da quimioterapia transformam radicalmente a relação com o próprio corpo. Múltiplas terapias coexistem para restaurar esse equilíbrio, desde alternativas nutricionais até abordagens farmacológicas avançadas.
Compreender os sinais aponta caminhos mais eficazes para sua estratégia de mitigar esses sintomas. Você que enfrenta esse desafio: quais estratégias já experimentou? O que funcionou melhor para você? Conte com suporte contínuo proporcionado por profissionais capacitados.
Este conteúdo não substitui avaliação profissional. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.
Bibliografia
KUMAR, Anil; SINGH, Anjali.Measurement of Intracellular Ca2+ for Studying GPCR-Mediated Lipid Signaling. In: Springer Nature. New York: Springer, 2023. Disponível em: https://link.springer.com/protocol/10.1007/978-1-0716-3902-3_7. Acesso em: 25 jul. 2025.
POLLINI, Tommaso et al. Improved survival of patients receiving immunotherapy and chemotherapy following curative-intent resection of colorectal liver metastases. Journal of Gastrointestinal Surgery, 2024. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1091255X23087553?via%3Dihub. Acesso em: 25 jul. 2025.
POPULARES EM SINTOMAS
Os conteúdos mais buscados sobre Sintomas
Ansiedade causa dor no corpo? Veja os sintomas físicos mais comuns e entenda como identificar e tratar os efeitos da ansiedade no dia a dia.
Leia maisDescubra como ocorre o câncer de próstata e aprenda a identificar os sinais para cuidar da sua saúde desde cedo.
Leia maisDemência em idosos vai além do esquecimento: saiba identificar os primeiros sinais, buscar ajuda médica e garantir mais qualidade de vida.
Leia mais