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Efeitos da quimioterapia no estômago: entendendo e aliviando os desconfortos

A quimioterapia pode afetar o estômago e causar enjoos, queimação e perda de apetite, mas há formas de aliviar esses efeitos e manter o bem-estar durante o tratamento.

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Durante o tratamento contra o câncer, é comum ouvir relatos de enjoo, queimação, sensação de estômago cheio ou dores abdominais. Esses desconfortos não são coincidência. Eles fazem parte dos efeitos colaterais mais frequentes da quimioterapia, especialmente porque o estômago e o intestino possuem células que se renovam com rapidez, e por isso são diretamente impactados pelos medicamentos usados.

O problema não está no “forçar a barra” ou na alimentação em si. É que os medicamentos utilizados para combater as células tumorais também afetam, de forma não seletiva, outras partes do corpo que se renovam com velocidade, como o trato gastrointestinal. Daí surgem os sintomas: náuseas persistentes, perda de apetite, refluxo, sensação de digestão lenta e, em alguns casos, diarreia ou constipação.

Entender os efeitos da quimioterapia no estômago ajuda a dar nome ao que você sente, buscar estratégias para aliviar esse incômodo e saber quando é hora de conversar com a equipe médica sobre o que pode ser feito. Porque o cuidado também passa pelo conforto no dia a dia.

Quando a quimioterapia chega, o estômago sente

Você está no centro de tratamento, sentado na confortável poltrona vermelha, quando a enfermeira começa a preparar o soro. Logo percebe aquela sensação desconfortável no abdômen: náuseas teimosas, falta de apetite e talvez uma azia que nunca sentiu antes. Essa experiência comum para pacientes oncológicos tem explicação biológica. 

A quimioterapia, ao combater células cancerígenas de rápida multiplicação, também afeta outros tecidos com alto índice de renovação. O revestimento estomacal, que se renova a cada 3-5 dias, torna-se especialmente vulnerável. 

Por que isso ocorre? As células epiteliais gástricas possuem mecanismos bioquímicos sensíveis às toxinas dos quimioterápicos.

Por que isso acontece? Os mecanismos biológicos

A quinta essência do tratamento quimioterápico é sua ação citotóxica: agentes químicos impedem a divisão celular descontrolada que caracteriza o câncer. Contudo, nosso sistema digestivo possui um ritmo de renovação acelerado. 

Em especial, o estômago mantém constantemente células jovens que secretam ácido clorídrico e muco protetor, gerando um equilíbrio delicado. 

Dois fatores principais causam os sintomas: 

(1) Danos diretos ao epitélio gástrico, reduzindo a capacidade protetora do muco. 

(2) Estímulo dos centros de náusea no cérebro por toxinas circulantes, conforme identificado em modelos celulares envolvendo sinalização de cálcio (Chang et al). Além disso, inflamações locais geram um ciclo vicioso, acelerando o desconforto.

Sinais que seu estômago dá durante o tratamento

Sintomas

Frequência (%)

Período de manifestação

 

Náuseas e/ou vômitos

70-80

Primeiras 24 horas após sessão

Perda de apetite

60-75

1-3 dias após tratamento

Sensibilidade gástrica

45-50

Durante todo o ciclo

Azia e regurgitação

30-40

Fase de recuperação

Mudanças no hábito intestinal

25-35

Variável conforme medicamento

Estratégias práticas para alívio sintomático

Combater os efeitos gástricos exige abordagem multifatorial. O Ministério da Saúde recomenda três pilares:

Reajustes nutricionais

Como seu apetite fica instável, experimente comer quantidades menores a cada 2-3 horas. Priorize alimentos macios como mingaus e purês. Pernilongos, biscoitos de água e sal e canjas leves são frequentemente bem tolerados. Evite produtos de difícil digestão: frituras, pimentas, cítricos e bebidas gaseificadas.

Uso de fármacos antieméticos

Os antagonistas de receptores de serotonina atuam bloqueando os gatilhos de náusea. Medicamentos tropisetron, ondansetron e granisetron compõem a primeira linha de estratégia. Para crises agudas, podem ser combinados com corticoesteroides como dexametasona, sempre sob prescrição. 

Esses citoprotetores mostraram a capacidade de reduzir a toxicidade gastrointestinal em aproximadamente 39%, segundo dados de vigilância farmacêutica do Inca.

Intervenções não medicamentosas

  • Acupressura no ponto P6 (região interna do pulso)
  • Respirações abdominais profundas durante a infusão
  • Técnicas de relaxamento com biofeedback
  • Ar ambiente fresco ou ventilação moderada

Quando procurar ajuda médica urgente

Determinadas situações exigem intervenção imediata do corpo clínico. Você percebeu esses sinais de alerta?

  • Vômitos persistentes por mais de 24 horas
  • Incapacidade de manter líquidos por 12 horas
  • Sangue digerido nas fezes (aspecto negro alcatroado)
  • Desidratação severa (tonturas, boca seca)
  • Perda ponderal acima de 5% em uma semana

Avanços em imuno-oncologia prometem menor impacto gástrico, como evidenciado pelo estudo sobre terapias combinadas (Pollini et al). O acompanhamento gastroenterológico torna-se crucial para abordagem integrada desses resultados.

Jornada de cuidado integral

Os efeitos sistêmicos da quimioterapia transformam radicalmente a relação com o próprio corpo. Múltiplas terapias coexistem para restaurar esse equilíbrio, desde alternativas nutricionais até abordagens farmacológicas avançadas. 

Compreender os sinais aponta caminhos mais eficazes para sua estratégia de mitigar esses sintomas. Você que enfrenta esse desafio: quais estratégias já experimentou? O que funcionou melhor para você? Conte com suporte contínuo proporcionado por profissionais capacitados.

Este conteúdo não substitui avaliação profissional. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.

 

Bibliografia

KUMAR, Anil; SINGH, Anjali.Measurement of Intracellular Ca2+ for Studying GPCR-Mediated Lipid Signaling. In: Springer Nature. New York: Springer, 2023. Disponível em: https://link.springer.com/protocol/10.1007/978-1-0716-3902-3_7. Acesso em: 25 jul. 2025.

 

POLLINI, Tommaso et al. Improved survival of patients receiving immunotherapy and chemotherapy following curative-intent resection of colorectal liver metastases. Journal of Gastrointestinal Surgery, 2024. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1091255X23087553?via%3Dihub. Acesso em: 25 jul. 2025.

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