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Como se inicia o câncer de pele: veja quando buscar ajuda médica

Entender a origem do câncer de pele é o primeiro passo para a detecção precoce. Saiba o que observar e quando procurar ajuda médica.

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Você está se olhando no espelho e nota algo diferente: uma pinta que parece ter mudado de cor ou uma pequena mancha que não estava ali antes. Essa cena, bastante comum, pode ser inofensiva, mas também pode representar o primeiro passo de um processo silencioso que ocorre dentro das suas células: o início do câncer de pele.

O câncer de pele inicia-se com um processo chamado "iniciação tumoral", onde a exposição a agentes capazes de causar mutações começa o desenvolvimento do tumor. Neste estágio, alterações microscópicas nas células começam a se desenvolver, muito antes de qualquer sinal visível surgir.

O que exatamente causa o início do câncer de pele?

O câncer de pele começa em um nível microscópico, muito antes de qualquer sinal ser visível. O principal gatilho é a exposição à radiação ultravioleta (UV), emitida pelo sol ou por fontes artificiais como câmaras de bronzeamento. Essa radiação penetra nas camadas da pele e pode danificar o material genético (DNA) das células.

Quando o DNA de uma célula da pele é danificado, os mecanismos de reparo do corpo geralmente entram em ação para corrigir o problema. No entanto, com exposições repetidas e intensas ao sol, esses danos podem se acumular. Se as mutações ocorrem em genes que controlam o crescimento celular, a célula pode começar a se multiplicar de forma desordenada e descontrolada, formando um tumor.

Fatores genéticos e um sistema imunológico enfraquecido também podem aumentar a suscetibilidade a esses danos, mas a exposição solar sem proteção adequada continua sendo a causa principal, conforme apontado por instituições como o Instituto Nacional de Câncer (INCA), vinculado ao Ministério da Saúde do Brasil.

A exposição a substâncias cancerígenas presentes no ambiente, como o benzo[a]pireno, também pode causar alterações no DNA e no funcionamento dos genes das células da pele, dando início ao desenvolvimento do câncer. 

Além disso, o câncer de pele pode começar com um crescimento desordenado de células da pele, ativado por vias celulares específicas que controlam o desenvolvimento e a proliferação celular.

A exposição contínua a fatores como a radiação UV do sol pode aumentar a proteína Galectina-7 na pele. Em excesso, essa proteína pode iniciar e acelerar o desenvolvimento do câncer de pele. 

Outro fator é a radiação ultravioleta, que causa danos ao DNA, e certos tipos de Papilomavírus Humano (HPV) podem acelerar o acúmulo dessas mutações, especialmente no gene p53, facilitando o início da doença.

Quais são os principais tipos de câncer de pele?

O tipo de câncer de pele depende da célula em que ele se origina. Conhecer os três tipos mais comuns ajuda a entender os diferentes sinais que podem aparecer.

Carcinoma Basocelular (CBC)

É o tipo mais frequente, correspondendo a mais de 75% dos casos. Origina-se nas células basais da epiderme e, embora tenha baixa capacidade de metástase (espalhar-se para outros órgãos), pode crescer e destruir tecidos locais. 

Geralmente, aparece como:

  • uma lesão elevada, brilhante e perolada;
  • uma ferida que sangra com facilidade e não cicatriza;
  • uma mancha avermelhada na pele.

Carcinoma Espinocelular (CEC)

O segundo tipo mais comum, o CEC, surge a partir das células escamosas. Tem maior chance de se espalhar para outras partes do corpo se não for tratado. Frequentemente se manifesta como:

  • uma mancha ou ferida avermelhada, áspera ou com crosta;
  • um nódulo firme que cresce rapidamente;
  • uma lesão com aparência de verruga.

Melanoma

Apesar de ser o tipo menos comum, o melanoma é o mais perigoso devido ao seu alto potencial de metástase. Origina-se nos melanócitos, as células que produzem pigmento. Geralmente, aparece como uma pinta ou sinal que muda de aparência, seguindo critérios específicos de avaliação.

Como identificar os primeiros sinais de alerta na pele?

A detecção precoce é a melhor ferramenta contra o câncer de pele. Realizar o autoexame mensalmente e estar atento a qualquer mudança é fundamental.

A regra do ABCDE para avaliar pintas e sinais

Desenvolvida para ajudar na identificação do melanoma, a regra do ABCDE é um guia prático para analisar pintas suspeitas. Procure por estas características:

  • A - Assimetria: uma metade da pinta é diferente da outra.
  • B - Bordas irregulares: o contorno não é liso, mas sim serrilhado ou mal definido.
  • C - Cores variadas: a lesão apresenta diferentes tons, como preto, marrom, branco, avermelhado ou azul.
  • D - Diâmetro: o tamanho é maior que 6 milímetros (aproximadamente o tamanho da parte de trás de um lápis).
  • E - Evolução: a pinta muda de tamanho, forma, cor ou apresenta sintomas como coceira, sangramento ou formação de crosta.

Outros sinais importantes que não seguem a regra

Para os cânceres de pele não melanoma (CBC e CEC), os sinais de alerta podem ser diferentes. Fique atento a:

  • feridas que não cicatrizam em até quatro semanas;
  • manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram continuamente;
  • lesões com relevo, brilhantes ou com aparência de cera;
  • um crescimento rápido de qualquer lesão na pele.

Em quais áreas do corpo o câncer de pele costuma aparecer?

O câncer de pele é mais comum em áreas do corpo cronicamente expostas ao sol. Isso inclui rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo (em pessoas calvas), ombros, braços e mãos. No entanto, é importante verificar todo o corpo, pois as lesões podem surgir em locais menos óbvios, como nas costas, pernas, palmas das mãos, plantas dos pés e até mesmo debaixo das unhas.

O que fazer ao notar um sinal suspeito?

Se você identificar qualquer mancha, pinta ou ferida que se encaixe nas descrições acima ou que simplesmente pareça "estranha", o passo correto é agendar uma consulta com um médico dermatologista. Não tente fazer o diagnóstico por conta própria.

O especialista utilizará um dermatoscópio, um aparelho que amplia a visão da pele, para avaliar a lesão em detalhes. Se houver suspeita, ele poderá indicar uma biópsia, que consiste na remoção de um pequeno fragmento da lesão para análise em laboratório. Somente a biópsia pode confirmar o diagnóstico de câncer de pele.

É possível prevenir o início do câncer de pele?

Sim, a prevenção é a medida mais eficaz. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que a maioria dos casos de câncer de pele pode ser prevenida com hábitos simples de proteção solar. As principais recomendações são:

  • use protetor solar diariamente: aplique um produto com fator de proteção (FPS) 30 ou superior em todas as áreas expostas do corpo, reaplicando a cada duas horas.
  • evite o sol nos horários de pico: procure ficar na sombra entre as 10h e 16h, quando a radiação UV é mais intensa.
  • use roupas e acessórios de proteção: chapéus de abas largas, óculos de sol com proteção UV e roupas de tecido com trama fechada são ótimos aliados.
  • realize o autoexame da pele: examine sua pele uma vez por mês, da cabeça aos pés, em um local bem iluminado.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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