04/09/2025
Revisado em: 04/09/2025
Entenda por que esta vacina é um dos cuidados essenciais do pré-natal e como ela defende o recém-nascido de doenças graves.
A lista de preparativos para a chegada do bebê parece infinita: o quarto, as roupas, o plano de parto. Em meio a tantas decisões, um cuidado fundamental se destaca no cartão de pré-natal, indicado pelo obstetra: a vacina dTpa. Mais que uma simples injeção, ela representa uma barreira de proteção que começa na mãe e se estende ao recém-nascido.
A dTpa é uma vacina tríplice bacteriana acelular. O nome pode parecer complexo, mas sua função é direta: proteger contra três doenças infecciosas potencialmente sérias: a difteria, o tétano e a coqueluche, também conhecida como pertussis.
Durante a gestação, a aplicação desta vacina tem um objetivo duplo. Primeiro, ela atualiza a proteção da própria mãe. Segundo, e mais importante, ela estimula o organismo materno a produzir anticorpos que são transferidos para o feto pela placenta. Assim, o bebê já nasce com uma defesa inicial contra essas doenças.
Compreender os riscos que a dTpa ajuda a evitar reforça a importância deste cuidado. As três doenças cobertas pela vacina apresentam perigos significativos, especialmente para os mais vulneráveis.
O momento da aplicação é estratégico para maximizar a transferência de anticorpos para o bebê. A recomendação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, é que a gestante receba uma dose da vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação.
O período ideal para a vacinação é entre a 27ª e a 36ª semana. Essa janela de tempo garante que haja uma produção elevada de anticorpos e tempo suficiente para que eles atravessem a barreira placentária e cheguem em boa quantidade ao feto.
Estudos recentes destacam que a aplicação da dTpa entre 30 e 33 semanas de gestação transfere uma quantidade significativamente maior de anticorpos protetores contra a coqueluche para o bebê, em comparação com vacinações realizadas mais cedo, entre 20 e 24 semanas.
A aplicação nesse período é altamente eficaz, conferindo ao bebê uma proteção contra a coqueluche que varia entre 80% e 91%, além de contribuir para a redução de internações por essa doença nos primeiros meses de vida.
Caso a gestante não tenha recebido a vacina durante a gravidez, a recomendação é que ela seja administrada o mais rápido possível após o parto (no puerpério). Isso ajuda a proteger a mãe de se infectar e transmitir as doenças para o seu bebê.
Sim. A recomendação é administrar uma dose da dTpa a cada nova gravidez, independentemente do histórico vacinal anterior da mulher. Isso ocorre porque os níveis de anticorpos contra a coqueluche diminuem com o tempo.
É por isso que se vacinar com a dTpa em cada gestação é crucial, garantindo que cada bebê receba a proteção necessária, especialmente porque a imunidade contra a coqueluche tende a diminuir rapidamente. A dose de reforço a cada gestação garante que todo bebê receba a máxima proteção possível.
O mecanismo de proteção é chamado de imunização passiva. Ao receber a vacina, o sistema imunológico da gestante é ativado para produzir células de defesa (anticorpos) específicas contra a difteria, o tétano e a coqueluche.
Esses anticorpos circulam pelo sangue da mãe e, durante a segunda metade da gestação, são ativamente transportados através da placenta para a corrente sanguínea do feto. Dessa forma, o bebê já nasce com um "empréstimo" de imunidade, que o protegerá durante seus primeiros meses de vida, período em que seu próprio sistema imunológico ainda é imaturo e ele não pode receber as primeiras doses da vacina pentavalente (que também protege contra coqueluche).
Essa transferência de anticorpos da mãe para o bebê antes do nascimento é fundamental para protegê-lo contra a coqueluche nos primeiros meses de vida. A vacinação materna com a dTpa oferece uma alta proteção ao bebê, estimada entre 90% e 93% contra a coqueluche durante seus primeiros meses.
A ausência da vacinação deixa uma janela de vulnerabilidade crítica para o recém-nascido. Sem os anticorpos maternos, o bebê fica desprotegido contra a coqueluche até receber a primeira dose do seu próprio calendário vacinal, aos dois meses de idade.
Nesse período, a coqueluche pode ser uma doença devastadora, causando complicações graves e até fatais. A vacinação da mãe é, portanto, a estratégia mais eficaz para proteger o lactente nessa fase inicial da vida.
A vacina dTpa é comprovadamente segura tanto para a gestante quanto para o bebê. Como qualquer imunizante, pode causar algumas reações, que geralmente são leves e passageiras. As mais comuns incluem:
Esses sintomas costumam desaparecer em até 48 horas. Reações graves são extremamente raras. Caso apresente algum sintoma intenso ou persistente, é fundamental procurar orientação médica.
A vacina dTpa é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para todas as gestantes, conforme o calendário de vacinação nacional. Basta apresentar o cartão de gestante em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Ela também está disponível na rede privada de saúde.
Sim. Essa é a chamada "estratégia casulo" (ou cocoon). O objetivo é criar um escudo de proteção ao redor do bebê, vacinando todas as pessoas que terão contato próximo e regular com ele nos primeiros meses.
Isso inclui o pai, avós, irmãos, cuidadores e outros familiares. Ao se vacinarem, eles reduzem o risco de contrair coqueluche e transmiti-la para o recém-nascido. Converse com o pediatra e o obstetra sobre a recomendação de vacinação para sua rede de apoio.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
CLARK, L. R.; JOHNSON, D. R. Safety and clinical benefits of Adacel and Adacel-Polio vaccination in pregnancy: a structured literature review. Infectious Diseases and Therapy, p. 2065–2086, set. 2023. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s40121-023-00847-5. Acesso: 04 set. 2025.
DE WEERDT, L. et al. Immunogenicity at delivery after Tdap vaccination in successive pregnancies. Frontiers in Immunology, feb. 2024. Disponível em: https://www.frontiersin.org/journals/immunology/articles/10.3389/fimmu.2024.1360201/full. Acesso: 04 set. 2025.
IMMINK, M. M. et al. Maternal pertussis immunization and immunoglobulin G levels in early- to late-term and preterm infants. JAMA Network Open, jul. 2024. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2821651. Acesso: 04 set. 2025.
LIANG, J. L. et al. Prevention of pertussis, tetanus, and diphtheria with vaccines in the United States: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR Recommendations and Reports, abr. 2018. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/67/rr/rr6702a1.htm. Acesso: 04 set. 2025.
RICE, T. F. et al. Modification of innate immune responses to in babies from pertussis vaccinated pregnancies. EBioMedicine, out. 2021. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/ebiom/article/PIIS2352-3964(21)00405-9/fulltext. Acesso: 04 set. 2025.
POPULARES EM SEMANAS DE GRAVIDEZ
Os conteúdos mais buscados sobre Semanas de gravidez
Recebeu o diagnóstico de hipotireoidismo gestacional? Entenda os riscos, sintomas e como o tratamento adequado protege você e seu bebê. Saiba mais.
Leia maisA vacina dTpa é um ato de amor que protege seu bebê antes do nascimento. Entenda sua importância e quando tomar. Saiba mais aqui.
Leia maisSeu corpo está dando sinais estranhos? Podem ser sintomas de gravidez menos comuns. Saiba mais sobre eles e o que fazer a seguir.
Leia mais