Ícone
InícioSaúdeEspecialidades médicas

Resuma este artigo com IA:

Ícone

Trauma facial: o que é, sintomas e como tratar as lesões no rosto

Entenda as causas mais comuns, desde acidentes a quedas, e conheça os passos essenciais para uma recuperação segura.

trauma facial​1.jpg

Uma queda de bicicleta, um tropeço em casa ou uma colisão no trânsito. Situações inesperadas podem resultar em um impacto direto no rosto, causando mais do que um susto ou um hematoma passageiro. Essa lesão, conhecida tecnicamente como trauma facial, requer atenção e cuidados específicos.

O que é considerado um trauma facial?

Um trauma facial é qualquer tipo de ferimento físico que afeta a região da face. Isso inclui desde cortes superficiais na pele até fraturas complexas nos ossos que compõem o esqueleto facial, como a mandíbula, o maxilar, o nariz, as maçãs do rosto (osso zigomático) e a órbita ocular.

Diferente de outras partes do corpo, o rosto concentra estruturas vitais e funcionais em uma área pequena. Por isso, uma lesão facial pode comprometer funções essenciais como a visão, a respiração, a mastigação e a fala, além de ter um impacto estético e psicológico significativo.

Cirurgiões plásticos podem acompanhar o tratamento de trauma facial de acordo com o tipo. A Rede Américas possui especialistas renomados atendendo em vários hospitais brasileiros.

As estruturas afetadas vão além dos ossos

É um engano pensar que o trauma facial se resume a ossos quebrados. As lesões frequentemente envolvem múltiplos tecidos, incluindo:

  • Tecidos moles: pele, músculos, nervos e glândulas salivares. Cortes podem levar a cicatrizes, e danos aos nervos podem causar paralisia ou perda de sensibilidade.
  • Dentes: os dentes podem ser fraturados, deslocados ou perdidos (avulsão dentária).
  • Órgãos sensoriais: os olhos e o nariz são particularmente vulneráveis, com riscos de danos à visão e à capacidade respiratória.

O trauma na face pode ter consequências que vão além da aparência, afetando funções físicas importantes. A sensibilidade e a movimentação dos nervos trigêmeos e faciais, por exemplo, podem ser comprometidas, exigindo um tratamento precoce para minimizar esses impactos.

Quais são as principais causas de traumas na face?

A etiologia das lesões faciais é variada, mas algumas causas são estatisticamente mais prevalentes. Conhecê-las ajuda a entender os contextos de risco e a importância da prevenção.

Causa Principal

Descrição

 

Acidentes de trânsito

Colisões envolvendo carros, motocicletas e atropelamentos são responsáveis por muitos dos casos mais graves.

Agressões físicas

A violência interpessoal é uma causa frequente de fraturas, especialmente na mandíbula e no nariz.

Quedas

Comuns em crianças e idosos, podem causar fraturas no queixo, nariz e ossos da órbita ocular.

Lesões esportivas

Esportes de contato, como futebol, lutas e basquete, apresentam risco elevado para traumas na face.

Como saber se tive uma fratura no rosto?

Após uma pancada forte no rosto, é fundamental observar os sinais que podem indicar uma lesão mais séria do que um simples hematoma. A presença de um ou mais dos seguintes sintomas justifica uma avaliação médica de emergência:

  • Inchaço (edema) e hematomas: especialmente ao redor dos olhos, mesmo que o impacto não tenha sido direto na área.
  • Deformidade facial: o rosto pode parecer "torto", afundado ou assimétrico.
  • Dor intensa: que piora ao tocar na área ou ao tentar mover a mandíbula.
  • Dificuldade para mastigar: ou sentir que os dentes não se encaixam corretamente (má oclusão).
  • Sangramento: pelo nariz (epistaxe) ou na boca, que não cessa facilmente.
  • Alterações na visão: como visão dupla (diplopia), embaçada ou dificuldade para mover os olhos.
  • Perda de sensibilidade: dormência na bochecha, lábios, queixo ou testa.
  • Dificuldade para respirar pelo nariz: pode indicar uma fratura nasal ou acúmulo de sangue.

É crucial buscar ajuda médica imediatamente caso haja vômitos, dor de cabeça persistente ou perda de consciência, pois esses podem ser sinais de trauma cerebral. Lesões faciais aumentam em 2,5 vezes o risco de traumatismo cranioencefálico, também conhecido como TBI.

Quais são os tipos mais comuns de lesões faciais?

As lesões faciais são classificadas principalmente pela estrutura acometida. O diagnóstico preciso do tipo e da extensão do dano é crucial para definir o tratamento adequado.

Fraturas ósseas

As fraturas são as lesões mais preocupantes devido ao seu potencial de causar deformidades e perda de função. 

Os ossos mais frequentemente fraturados são:

  • Nasal: a fratura mais comum da face.
  • Mandíbula: a fratura isolada mais comum da face, frequentemente afetando a região anterior (parasínfise) ou próxima à articulação. Geralmente é fraturada em dois ou mais pontos.
  • Zigomático (maçã do rosto): pode causar afundamento da bochecha e problemas na órbita.
  • Maxila: fraturas no osso superior da boca, classificadas como Le Fort I, II ou III, dependendo da complexidade.
  • Órbita: conhecida como "fratura de assoalho de órbita", pode prender músculos oculares e afetar a visão.

Lesões em tecidos moles

Lesões que afetam pele, músculos e nervos são também muito comuns. Elas incluem desde escoriações e contusões até lacerações profundas que exigem suturas cuidadosas para minimizar cicatrizes. Danos a nervos faciais podem resultar em perda de movimento ou sensibilidade, exigindo tratamento especializado.

Como é feito o diagnóstico e qual especialista procurar?

O diagnóstico de um trauma facial começa no pronto-socorro. O médico realizará um exame físico completo, avaliando a face em busca de assimetrias, hematomas e pontos de dor. Ele também verificará a visão, os movimentos da mandíbula e a sensibilidade facial.

É importante considerar que pessoas com traumas faciais graves têm uma alta chance de ter lesões associadas, como traumatismos cerebrais ou fraturas na base do crânio. Por isso, a avaliação completa com exames de imagem é fundamental. 

Para confirmar a suspeita de fraturas e avaliar sua extensão, são solicitados exames de imagem. Radiografias simples podem ser úteis, mas a tomografia computadorizada (TC) é o padrão-ouro, pois oferece uma visão detalhada em 3D dos ossos e tecidos moles.

O especialista mais habilitado para tratar traumas faciais complexos é o cirurgião bucomaxilofacial. Dependendo do caso, cirurgiões plásticos, otorrinolaringologistas e oftalmologistas também podem integrar a equipe de cuidados.

Quais são as opções de tratamento para o trauma facial?

O objetivo do tratamento é restaurar a função e a estética da face. A abordagem varia drasticamente conforme o tipo e a gravidade da lesão.

Tratamentos não cirúrgicos

Fraturas simples, sem deslocamento significativo, podem ser tratadas de forma conservadora. Isso pode incluir o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, aplicação de gelo, dieta líquida ou pastosa para evitar a mastigação e, em alguns casos, imobilização da mandíbula.

Intervenções cirúrgicas

Fraturas deslocadas ou múltiplas geralmente exigem cirurgia. Para lesões graves e instáveis, o tratamento principal é a cirurgia com miniplacas de titânio. O procedimento mais comum é a redução aberta e fixação interna rígida (FIR)

Nessa técnica, o cirurgião acessa os ossos fraturados por meio de incisões (muitas vezes por dentro da boca, para não deixar cicatrizes externas), reposiciona os fragmentos corretamente e os fixa com miniplacas e parafusos de titânio.

Lesões de tecidos moles, como cortes profundos, são tratadas com suturas realizadas em camadas para garantir uma cicatrização adequada e o melhor resultado estético possível.

O que esperar da recuperação e quais as possíveis sequelas?

O tempo de recuperação de um trauma facial varia de algumas semanas a vários meses. Durante esse período, o paciente pode apresentar inchaço, dor e dificuldade para se alimentar. É fundamental seguir todas as orientações médicas, incluindo repouso, dieta adequada e higiene oral rigorosa.

Mesmo com o melhor tratamento, algumas sequelas podem ocorrer. Elas podem ser:

  • Funcionais: dificuldade crônica para mastigar, alterações na mordida, dor na articulação da mandíbula (ATM) ou problemas respiratórios.
  • Estéticas: assimetrias faciais, cicatrizes visíveis ou afundamentos na pele.
  • Neurológicas: perda permanente de sensibilidade em alguma área do rosto.

Além disso, o impacto emocional não deve ser subestimado. Alterações na aparência podem afetar a autoestima e a qualidade de vida. 

O acompanhamento psicológico pode ser um componente importante do processo de recuperação, especialmente porque até 27% dos pacientes podem desenvolver Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e entre 20% e 40% podem enfrentar depressão ou ansiedade após um trauma na face.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

AL-HASSANI, A. et al. Prevalence and patterns of maxillofacial trauma: a retrospective descriptive study. European Journal of Trauma and Emergency Surgery, [S.l.], jun. 2019. Disponível: https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-019-01174-6. Acesso em: 01 dez. 2025.

CHANDRA, L. et al. A retrospective cross-sectional study of maxillofacial trauma in Delhi-NCR Region. Journal of Family Medicine and Primary Care, 2019. Disponível: https://journals.lww.com/jfmpc/fulltext/2019/08040/a_retrospective_cross_sectional_study_of.30.aspx. Disponível em: https://www.jfmpc.com/article.asp?issn=2249-4863;year=2019;volume=8;issue=5;spage=1742;epage=1748;aulast=Chandra. Acesso em: 01 dez. 2025.

MANIACI, A. et al. The Global Burden of Maxillofacial Trauma in Critical Care: A Narrative Review of Epidemiology, Prevention, Economics, and Outcomes. Medicina, 18 maio 2025. Disponível: https://www.mdpi.com/1648-9144/61/5/915. Acesso em: 01 dez. 2025.

SUPRABHA, B. S. et al. Association of maxillofacial injuries with traumatic brain injuries in paediatric patients: a case–control study. BMC Oral Health, [S. l.], 26 dez. 2024. Disponível: https://link.springer.com/article/10.1186/s12903-024-05366-4. Acesso em: 01 dez. 2025.

TATSUMI, H. et al. Impact of COVID-19 pandemic on the dynamic of patients with oral and maxillofacial trauma: interrupted time-series analysis. Scientific Reports, 2024. Disponível: https://www.nature.com/articles/s41598-024-63890-3. Acesso em: 01 dez. 2025.

Ícone do WhatsAppÍcone do Facebook
Ícone do WhatsAppÍcone médicoAgende sua consulta