Ícone
Logo Portal AméricasLogo Portal Américas Mobile
InícioSaúdeCondições de saúde

Tratamentos para tireoidite de Hashimoto: o que você precisa saber

Entenda as abordagens médicas para controlar a doença, desde a reposição hormonal até mudanças no estilo de vida.

tratamentos para tireoidite de hashimoto​1.jpg

Aquele cansaço que parece não ter fim, mesmo após uma boa noite de sono. Um ganho de peso inexplicável, pele seca e uma sensação de névoa mental. Para muitas pessoas, esses são os primeiros sinais de que a tireoide não está funcionando como deveria, um quadro que pode levar ao diagnóstico de tireoidite de Hashimoto.

O que é a tireoidite de Hashimoto?

A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune. Em termos simples, o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, confunde as células da glândula tireoide com invasores e começa a atacá-las. Esse ataque crônico e progressivo causa uma inflamação que, com o tempo, pode diminuir a capacidade da tireoide de produzir seus hormônios. 

É importante entender que Hashimoto é a causa mais comum de hipotireoidismo, que é a condição de baixa produção hormonal. Assim, o tratamento visa corrigir essa deficiência hormonal e seus sintomas, já que ainda não existe uma cura para a autoimunidade em si. 

Nesses casos, a reposição hormonal com levotiroxina é a abordagem mais comum para regular a função da tireoide.

Quando o tratamento para a tireoidite de Hashimoto é realmente necessário?

Receber o diagnóstico de Hashimoto não significa iniciar o tratamento com medicamentos imediatamente. A decisão de intervir depende da função da tireoide, avaliada principalmente por exames de sangue que medem o TSH (hormônio estimulante da tireoide) e o T4 livre.

Existem dois cenários principais:

  • Função tireoidiana normal: se os níveis hormonais estiverem dentro da normalidade e não houver sintomas significativos, o médico pode optar por uma abordagem de "esperar e observar". Isso envolve monitoramento regular para detectar qualquer mudança na função da glândula.
  • Hipotireoidismo instalado: se os exames mostrarem um TSH elevado e T4 livre baixo, acompanhado de sintomas como fadiga, ganho de peso ou sensibilidade ao frio, o tratamento é indicado para restaurar o equilíbrio hormonal.

Quais são as principais abordagens de tratamento?

O manejo da tireoidite de Hashimoto é multifacetado, com a reposição hormonal sendo o pilar central. Contudo, outras abordagens podem ser consideradas dependendo do quadro clínico do paciente.

Terapia de reposição hormonal com levotiroxina

Quando a tireoide não consegue mais produzir hormônios suficientes, a solução é repor o que está faltando. O tratamento padrão-ouro é o uso diário de levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4, e é um tratamento vitalício. Estudos mostram que mais da metade dos pacientes com Tireoidite de Hashimoto utilizam a levotiroxina como tratamento principal.

Este medicamento é seguro e eficaz, mimetizando a função da tireoide e revertendo os sintomas do hipotireoidismo. Geralmente, é tomado pela manhã, em jejum, para garantir sua máxima absorção pelo organismo. A melhora dos sintomas costuma ser gradual, sentida ao longo de algumas semanas.

Acompanhamento e ajuste de doses

O tratamento com levotiroxina é para toda a vida. A dose inicial é definida pelo endocrinologista com base no peso, idade e condição clínica do paciente. No entanto, essa dose não é estática.

É fundamental realizar exames de sangue periódicos, geralmente a cada 6 a 12 meses após a estabilização, para verificar os níveis de TSH. Com base nesses resultados, o médico pode ajustar a dose para garantir que o corpo receba a quantidade exata de hormônio de que precisa, evitando tanto a falta quanto o excesso.

Intervenção cirúrgica: a tireoidectomia

A cirurgia para remover a tireoide, conhecida como tireoidectomia, raramente é necessária para tratar Hashimoto. Ela é reservada para situações muito específicas, como:

  • Bócio volumoso: quando a glândula aumenta tanto de tamanho que causa dificuldade para engolir ou respirar.
  • Nódulos suspeitos: se houver a presença de nódulos na tireoide com suspeita de malignidade (câncer).

Após a remoção da glândula, o paciente se torna permanentemente dependente da reposição hormonal com levotiroxina.

O papel do estilo de vida e da alimentação é importante?

Embora a reposição hormonal seja a base do tratamento, um estilo de vida saudável pode atuar como um importante suporte.

Pesquisas recentes indicam que futuras abordagens para a tireoidite de Hashimoto devem considerar fatores como a microbiota intestinal, o equilíbrio hormonal e as diferenças de gênero, visando tratamentos mais precisos.

Não existe uma "dieta para Hashimoto" que sirva para todos, mas algumas estratégias podem ajudar a modular a resposta imune e melhorar o bem-estar geral. É essencial discutir qualquer mudança alimentar com seu médico ou nutricionista. Alguns pontos de atenção incluem:

Fator a Observar

Recomendação

 

Glúten

Alguns pacientes com Hashimoto, especialmente aqueles com doença celíaca concomitante, relatam melhora dos sintomas ao retirar o glúten. A decisão deve ser individualizada e orientada por um profissional.

Selênio

Este mineral é crucial para a saúde da tireoide e pode ajudar a reduzir os anticorpos antitireoidianos. Fontes incluem castanha-do-pará, sementes de girassol e peixes.

Vitamina D

A deficiência de vitamina D é comum em pessoas com doenças autoimunes. A exposição solar segura e a suplementação, se indicada pelo médico, são importantes.

Iodo

O excesso de iodo pode piorar a tireoidite em indivíduos suscetíveis. A suplementação só deve ser feita sob estrita orientação médica.

Além da alimentação, o gerenciamento do estresse, a prática regular de exercícios físicos e a garantia de um sono de qualidade são pilares que contribuem para a saúde como um todo.

Quais os possíveis riscos se a tireoidite de Hashimoto não for tratada?

Ignorar os sintomas e não tratar o hipotireoidismo decorrente da tireoidite de Hashimoto pode levar a complicações sérias. A falta de hormônios tireoidianos afeta todo o metabolismo, podendo resultar em problemas como:

  • Doenças cardíacas: devido ao aumento dos níveis de colesterol LDL ("ruim").
  • Problemas de saúde mental: como depressão e lentidão do raciocínio.
  • Risco aumentado de câncer: há um risco significativamente maior de desenvolver diversos tipos de câncer, incluindo de tireoide, mama, pulmão, sistema digestivo e urogenital, o que reforça a importância de rastreamentos regulares.
  • Mixedema: uma condição rara, mas grave, de hipotireoidismo extremo que pode levar ao coma.
  • Infertilidade e complicações na gravidez.

Por isso, o diagnóstico correto e o tratamento adequado com acompanhamento médico regular são essenciais para manter a qualidade de vida e prevenir problemas futuros.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

HU, X. et al. Cancer risk in Hashimoto’s thyroiditis: a systematic review and meta-analysis. Frontiers in Endocrinology, v. 13, 12 jul. 2022. Disponível em: https://www.frontiersin.org/journals/endocrinology/articles/10.3389/fendo.2022.937871/full. Acesso: 04 set. 2025.

LIN, H. C. et al. Hashimoto’s thyroiditis increases the risk of new-onset systemic lupus erythematosus: a nationwide population-based cohort study. Arthritis Research & Therapy, fev. 2023. DOI: https://arthritis-research.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13075-023-02999-8. Acesso: 04 set. 2025.

LIU, J. et al. Analysis of gut microbiota diversity in Hashimoto’s thyroiditis patients. BMC Microbiology, London, dez. 2022. DOI: https://bmcmicrobiol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12866-022-02739-z. Acesso: 04 set. 2025.

MIKULSKA, AA et al. Metabolic characteristics of Hashimoto’s thyroiditis patients and the role of microelements and diet in the disease management—an overview. International Journal of Molecular Sciences, Basel, v. 23, n. 12, e6580, jun. 2022. DOI: https://www.mdpi.com/1422-0067/23/12/6580. Acesso: 04 set. 2025.

WROŃSKA, K.; HAŁASA, M.; SZCZUKO, M. The role of the immune system in the course of Hashimoto’s thyroiditis: the current state of knowledge. International Journal of Molecular Sciences, Basel, 23 jun. 2024. DOI: https://www.mdpi.com/1422-0067/25/13/6883. Acesso: 04 set. 2025.