14/08/2025
Revisado em: 14/08/2025
Conheça os principais tratamentos disponíveis para o câncer de próstata, suas indicações e como cada um atua no controle da doença.
Um simples exame de rotina. É assim que muitas vezes começa a jornada de homens que descobrem o câncer de próstata, uma doença que, embora silenciosa em suas fases iniciais, exige atenção e tratamento adequado. A notícia do diagnóstico pode trazer muitas dúvidas e preocupações, mas é importante saber que existem diversas opções de tratamento, cada uma indicada para um perfil e estágio da doença.
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Ele se desenvolve na próstata, uma glândula localizada abaixo da bexiga masculina, responsável pela produção do líquido seminal.
O tratamento é crucial para controlar o avanço da doença, aliviar sintomas e, em muitos casos, alcançar a cura. A detecção precoce é um fator determinante para o sucesso terapêutico, possibilitando abordagens menos invasivas e mais eficazes.
A decisão sobre qual tratamento adotar é complexa e personalizada. Ela envolve uma avaliação minuciosa de diversos fatores, como:
Normalmente, uma equipe multidisciplinar, composta por urologista, oncologista e radioterapeuta, discute o caso para oferecer a melhor recomendação.
Quando o câncer está confinado à próstata, as opções de tratamento são diversas e visam a cura da doença.
Para homens com câncer de próstata de baixo risco, ou seja, tumores pequenos, de crescimento lento e não agressivos, a vigilância ativa pode ser a melhor escolha. Nela, o paciente é monitorado regularmente com exames de PSA, biópsias e ressonância magnética.
Essa abordagem evita os efeitos colaterais de tratamentos mais invasivos em casos onde o risco de progressão é baixo, ou em homens idosos ou com outras condições de saúde graves. Se houver sinais de que o tumor está crescendo ou se tornando mais agressivo, o tratamento ativo é iniciado.
Estudos indicam que, mesmo após 15 anos de vigilância ativa, aproximadamente 75% dos homens com câncer de próstata de baixo risco podem eventualmente precisar de tratamento. Contudo, a sobrevida desses pacientes é equivalente àqueles que optaram por cirurgia ou radioterapia de imediato, conforme publicado no periódico Lancet.
A prostatectomia radical é a cirurgia para remover toda a glândula prostática e as vesículas seminais. É uma opção comum para o câncer de próstata localizado e com potencial de cura.
Existem diferentes abordagens cirúrgicas:
Os principais riscos da cirurgia incluem incontinência urinária e disfunção erétil, embora as técnicas cirúrgicas modernas busquem minimizar esses efeitos.
A radioterapia utiliza feixes de radiação de alta energia para destruir as células cancerosas. Pode ser indicada como tratamento principal para o câncer localizado, após a cirurgia (para eliminar células remanescentes) ou para aliviar sintomas em casos avançados.
Para casos de recidiva bioquímica de alto risco após a prostatectomia radical, como quando o tempo de duplicação do PSA é inferior a 1 ano ou em tumores de grau ISUP 4-5, a radioterapia de resgate combinada com terapia sistêmica é fortemente recomendada. Cerca de 75% dos especialistas apoiam essa abordagem, mesmo quando exames como o PSMA PET não detectam a doença ou não estão disponíveis, de acordo com um relatório da Conferência de Consenso sobre Câncer de Próstata Avançado publicado na European Urology.
Nesta modalidade, a radiação é emitida por uma máquina externa ao corpo, direcionada para a próstata. As sessões são diárias, por algumas semanas. A tecnologia atual permite maior precisão, protegendo os tecidos saudáveis ao redor.
Também conhecida como radioterapia interna, a braquiterapia envolve a colocação de pequenas "sementes" radioativas diretamente na próstata. A radiação é liberada de forma contínua e localizada por um período. É uma opção eficaz para alguns casos de câncer de próstata inicial.
Efeitos colaterais comuns incluem problemas urinários e intestinais, que geralmente são temporários.
Quando o câncer se espalha para além da próstata, o objetivo do tratamento muda para o controle da doença, alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida.
A maioria dos cânceres de próstata depende da testosterona para crescer. A hormonioterapia age diminuindo a produção de testosterona ou bloqueando sua ação nas células cancerosas. Isso pode ser feito através de injeções (agonistas ou antagonistas de LHRH) ou medicamentos orais. Além de reduzir a testosterona, a terapia de privação androgênica pode, por exemplo, diminuir em aproximadamente 1,5 vezes os níveis da proteína GALNT7 no tecido prostático, que está associada ao crescimento do tumor.
É um tratamento eficaz para controlar o câncer avançado por longos períodos. Os efeitos colaterais incluem ondas de calor, fadiga, diminuição da libido, perda de massa óssea e muscular.
A quimioterapia utiliza medicamentos que destroem células que se multiplicam rapidamente, como as células cancerosas. É geralmente indicada para câncer de próstata que não responde mais à hormonioterapia ou em casos de doença muito agressiva.
Os medicamentos são administrados por via intravenosa. Seus efeitos colaterais variam, mas podem incluir náuseas, fadiga, perda de cabelo e diminuição da imunidade.
A pesquisa em oncologia tem desenvolvido novas terapias que atacam características específicas das células cancerosas (terapias-alvo) ou que estimulam o próprio sistema imunológico do paciente a combater o câncer (imunoterapia). Essas opções são mais recentes e são indicadas em situações específicas de câncer de próstata avançado, muitas vezes após outras linhas de tratamento.
Tanto a imunoterapia quanto as terapias direcionadas mostram-se estratégias promissoras, especialmente para o câncer de próstata metastático resistente à castração. A teranóstica com PSMA, que combina diagnóstico e terapia utilizando radionuclídeos, é outra opção avançada que tem se mostrado promissora, com a seleção cuidadosa dos pacientes otimizando os resultados.
Todos os tratamentos podem causar efeitos colaterais. É essencial que o paciente converse abertamente com sua equipe médica sobre qualquer sintoma. Existem diversas estratégias e medicamentos para manejar a dor, náuseas, fadiga, problemas urinários ou intestinais e disfunção sexual. O suporte psicológico e nutricional também são importantes para manter a qualidade de vida durante e após o tratamento.
Independentemente do tratamento escolhido, o acompanhamento médico contínuo é fundamental. Consultas regulares, exames de PSA e outros testes são essenciais para monitorar a resposta ao tratamento, identificar possíveis recorrências precocemente e manejar quaisquer efeitos a longo prazo. Um estilo de vida saudável, com boa alimentação e atividade física, complementa o cuidado.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.
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