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Tireoidite de Hashimoto pode virar câncer?

A relação entre a doença autoimune e o desenvolvimento de tumores na tireoide gera dúvidas. Entenda a real associação e os sinais de alerta.

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O diagnóstico de uma doença crônica chega com muitas dúvidas. Para quem descobre ter Tireoidite de Hashimoto, uma pergunta específica costuma ecoar com força: essa condição pode evoluir para algo mais grave, como um câncer?

O que é a tireoidite de Hashimoto?

A Tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune, o que significa que o sistema de defesa do corpo ataca por engano as próprias células saudáveis. Neste caso, o alvo é a glândula tireoide, localizada no pescoço e responsável pela produção de hormônios essenciais ao metabolismo.

Esse ataque contínuo gera uma inflamação crônica na tireoide, que, com o tempo, pode danificar a glândula e comprometer sua capacidade de produzir hormônios. A consequência mais comum da Hashimoto é o desenvolvimento do hipotireoidismo, condição em que a tireoide se torna hipoativa.

A tireoidite de Hashimoto pode virar câncer?

A resposta direta é: a Tireoidite de Hashimoto não se transforma diretamente em câncer. Contudo, a inflamação crônica persistente na glândula é reconhecida como um fator que aumenta o risco para o desenvolvimento de certos tipos de tumores malignos na tireoide.

É crucial entender que a Tireoidite de Hashimoto atua como um fator de risco, elevando a probabilidade de desenvolver o carcinoma papilífero de tireoide. 

Estudos indicam que a incidência desse tipo de câncer pode ser várias vezes maior em pacientes com a doença. Apesar dessa associação, uma pesquisa genética recente sugere que não há uma relação de causa e efeito direta entre a tireoidite de Hashimoto e o desenvolvimento do câncer de tireoide.

É importante destacar que a grande maioria das pessoas com Hashimoto nunca desenvolverá câncer de tireoide. A associação representa um risco aumentado, não uma certeza, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico contínuo.

Quais tipos de câncer estão associados à doença?

A inflamação da Hashimoto está ligada principalmente a dois tipos de câncer de tireoide, com riscos e características distintas.

Carcinoma papilífero

É o tipo mais comum de câncer de tireoide e o mais frequentemente associado à Hashimoto. De fato, estudos recentes reforçam que indivíduos com Tireoidite de Hashimoto apresentam um risco aumentado para o desenvolvimento deste tipo específico de câncer, por isso a atenção a nódulos durante ultrassonografias é crucial.

Felizmente, o carcinoma papilífero costuma ter um crescimento lento e um prognóstico bastante favorável, com altas taxas de cura, especialmente quando diagnosticado precocemente. 

Interessantemente, a presença da Tireoidite de Hashimoto em pacientes diagnosticados com câncer de tireoide diferenciado tem sido associada a tumores menos agressivos e a um risco de morte significativamente menor, sugerindo que a condição pode atuar como um fator protetor.

Linfoma de tireoide

Embora muito mais raro, o linfoma primário da tireoide tem uma associação mais forte com a Tireoidite de Hashimoto. 

Trata-se de um tipo de câncer que se origina nas células do sistema linfático presentes na glândula. O risco, ainda que baixo em números absolutos, é significativamente maior em portadores da doença autoimune em comparação com a população geral.

Quais sinais de alerta exigem atenção médica?

Os sintomas do câncer de tireoide podem ser sutis ou inexistentes nas fases iniciais. Por isso, o monitoramento ativo é crucial. Fique atento a qualquer um dos seguintes sinais e relate-os ao seu médico:

  • Nódulo ou caroço no pescoço: principal sinal, pode ser percebido ao toque ou visualmente.
  • Inchaço na região do pescoço: um aumento de volume visível na parte da frente do pescoço.
  • Dor na parte anterior do pescoço: que pode, por vezes, irradiar para os ouvidos.
  • Rouquidão ou alteração na voz: mudanças que não melhoram com o tempo.
  • Dificuldade para engolir ou respirar: sensação de aperto ou de algo "preso" na garganta.

É fundamental não confundir esses sinais com os sintomas gerais do hipotireoidismo (cansaço, ganho de peso, etc.). Os sinais de alerta para câncer são localizados na região do pescoço.

Como é feito o monitoramento para quem tem Hashimoto?

O acompanhamento de um paciente com Tireoidite de Hashimoto vai além do controle dos níveis hormonais. O endocrinologista realiza um monitoramento completo da estrutura da glândula.

O principal exame para isso é a ultrassonografia da tireoide. Este exame de imagem permite ao médico avaliar o tamanho da glândula, sua textura e, principalmente, identificar a presença de nódulos.

Caso um nódulo suspeito seja encontrado, o próximo passo pode ser uma Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF). Neste procedimento, uma pequena amostra de células do nódulo é coletada e enviada para análise, a fim de determinar se são benignas ou malignas.

A frequência desses exames é definida pelo médico, com base no quadro clínico individual de cada paciente.

Qual a importância do acompanhamento com o endocrinologista?

Manter uma rotina de consultas com um endocrinologista é a medida mais importante para a gestão da Tireoidite de Hashimoto e a prevenção de complicações.

O especialista é o profissional capacitado para:

  • Ajustar a dose da reposição hormonal para tratar o hipotireoidismo.
  • Solicitar e interpretar exames de sangue e de imagem.
  • Realizar o exame físico do pescoço em todas as consultas.
  • Identificar precocemente qualquer alteração suspeita e conduzir a investigação necessária.

Portanto, ter Hashimoto não é uma sentença de câncer, mas sim um chamado para um cuidado atento e contínuo com a saúde da sua tireoide. O acompanhamento regular é a chave para a tranquilidade e o diagnóstico precoce de qualquer eventualidade.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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