04/09/2025
Revisado em: 04/09/2025
A condição, chamada de fase eutireoidea, é comum no início da doença e exige acompanhamento para monitorar a função da glândula.
Você sai do consultório médico com um diagnóstico: Tireoidite de Hashimoto. No entanto, ao olhar os resultados dos exames de sangue, algo parece confuso. O TSH, principal hormônio que avalia a tireoide, está dentro da faixa de normalidade. Essa situação, embora pareça contraditória, é bastante comum e representa uma fase específica da doença.
É importante compreender que a Tireoidite de Hashimoto é uma condição autoimune. Ela é diagnosticada pela presença de anticorpos que atacam a tireoide, mesmo quando a glândula consegue manter os níveis hormonais equilibrados. Isso resulta em um TSH normal.
Ter a Tireoidite de Hashimoto com TSH normal significa que você está na fase eutireoidea da doença. O termo "eutireoidea" indica que a sua glândula tireoide, mesmo sob o ataque do sistema imunológico, ainda consegue produzir a quantidade adequada de hormônios (T4 e T3) para manter o corpo funcionando corretamente.
A Tireoidite de Hashimoto é uma condição autoimune, na qual o corpo produz anticorpos que atacam as células da própria tireoide. Esse ataque causa uma inflamação crônica. Contudo, no início, a glândula possui uma reserva funcional que permite compensar os danos e manter a produção hormonal estável. Por isso, o TSH permanece normal.
O diagnóstico da Tireoidite de Hashimoto na fase eutireoidea não se baseia no TSH, mas sim na detecção da agressão autoimune. Assim, o médico especialista, geralmente um endocrinologista, utiliza outras ferramentas para confirmar o quadro.
O principal marcador da doença são os anticorpos antitireoidianos no sangue. Os dois mais importantes são:
Níveis elevados desses anticorpos, mesmo com TSH e T4 livre normais, confirmam a presença da doença autoimune em atividade. Estudos indicam que, mesmo com TSH normal, a Tireoidite de Hashimoto pode ser associada a níveis mais elevados de uma substância ligada aos anticorpos da doença, a Cistatina C, embora sua aplicação clínica ainda esteja em estudo.
Além dos exames de sangue, a ultrassonografia da tireoide é um exame fundamental. Ela permite visualizar a estrutura da glândula e identificar alterações características da inflamação crônica, como a textura heterogênea e a vascularização aumentada, que reforçam o diagnóstico.
O TSH é produzido pela hipófise, uma glândula no cérebro, e funciona como um "acelerador" para a tireoide. Quando a tireoide produz pouco hormônio (hipotireoidismo), a hipófise libera mais TSH para tentar estimulá-la. Quando ela produz muito (hipertireoidismo), a produção de TSH cai.
Na fase inicial de Hashimoto, a destruição das células tireoidianas é gradual. A glândula consegue compensar essa perda, mantendo os níveis de T4 e T3 adequados. É importante ressaltar que o TSH só costuma aumentar quando o dano à glândula tireoide já está em um estágio mais avançado. Enquanto isso, a tireoide consegue se adaptar, mantendo os hormônios em equilíbrio.
Como a produção hormonal está normal, a hipófise não precisa alterar a liberação de TSH, que se mantém na faixa de normalidade. Com o tempo e a progressão da doença, essa capacidade de compensação pode se esgotar, levando ao aumento do TSH e ao hipotireoidismo clínico.
Na maioria dos casos de Tireoidite de Hashimoto com TSH normal, o tratamento com reposição hormonal (levotiroxina) não é necessário. A medicação só é indicada quando a glândula já não consegue mais produzir hormônios suficientes e o TSH começa a subir, caracterizando o hipotireoidismo.
O foco principal nesta fase é o monitoramento. O acompanhamento médico regular, geralmente a cada 6 a 12 meses, é essencial para reavaliar a função tireoidiana através de exames de sangue. Assim, é possível identificar o momento exato em que uma intervenção se torna necessária.
Embora a função hormonal esteja normal, alguns pacientes relatam sintomas inespecíficos. Cansaço, dores no corpo e alterações de humor podem ocorrer devido ao processo inflamatório crônico e à atividade autoimune. É fundamental discutir qualquer sintoma com seu médico para investigar outras possíveis causas e encontrar formas de gerenciar o bem-estar.
É possível que o TSH normal não reflita completamente a atividade dos hormônios da tireoide nos tecidos do corpo. Isso ocorre devido às variações individuais na forma como cada organismo responde à doença. Assim, algumas pessoas podem sentir sintomas mesmo com os exames dentro da normalidade.
Mesmo com o TSH em níveis considerados normais, pacientes com Tireoidite de Hashimoto podem apresentar sinais de estresse oxidativo elevados. Além disso, o potencial antioxidante do corpo pode estar reduzido. Estes fatores indicam que a inflamação e a atividade da doença ainda estão presentes, justificando a persistência de alguns sintomas.
Manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e controle do estresse, pode ajudar a modular a resposta inflamatória do corpo e melhorar a qualidade de vida.
A Tireoidite de Hashimoto é uma doença crônica e geralmente de progressão lenta. Quando devidamente acompanhada, não é considerada perigosa. O principal risco é a evolução para o hipotireoidismo, que pode ser facilmente controlado com reposição hormonal.
Não há uma dieta única que sirva para todos os pacientes. No entanto, uma alimentação anti-inflamatória, rica em nutrientes como selênio, zinco e vitamina D, pode ser benéfica. Evitar alimentos ultraprocessados é uma recomendação geral de saúde. Sempre consulte um médico ou nutricionista antes de fazer grandes alterações na dieta.
Existe um forte componente genético. Ter familiares de primeiro grau com Hashimoto ou outras doenças autoimunes aumenta o risco de desenvolver a condição. É importante informar seu histórico familiar ao médico durante as consultas.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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