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Tireoidite de Hashimoto com TSH normal: entenda por que isso acontece

A condição, chamada de fase eutireoidea, é comum no início da doença e exige acompanhamento para monitorar a função da glândula.

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Você sai do consultório médico com um diagnóstico: Tireoidite de Hashimoto. No entanto, ao olhar os resultados dos exames de sangue, algo parece confuso. O TSH, principal hormônio que avalia a tireoide, está dentro da faixa de normalidade. Essa situação, embora pareça contraditória, é bastante comum e representa uma fase específica da doença.

É importante compreender que a Tireoidite de Hashimoto é uma condição autoimune. Ela é diagnosticada pela presença de anticorpos que atacam a tireoide, mesmo quando a glândula consegue manter os níveis hormonais equilibrados. Isso resulta em um TSH normal.

O que significa ter Hashimoto com TSH normal?

Ter a Tireoidite de Hashimoto com TSH normal significa que você está na fase eutireoidea da doença. O termo "eutireoidea" indica que a sua glândula tireoide, mesmo sob o ataque do sistema imunológico, ainda consegue produzir a quantidade adequada de hormônios (T4 e T3) para manter o corpo funcionando corretamente.

A Tireoidite de Hashimoto é uma condição autoimune, na qual o corpo produz anticorpos que atacam as células da própria tireoide. Esse ataque causa uma inflamação crônica. Contudo, no início, a glândula possui uma reserva funcional que permite compensar os danos e manter a produção hormonal estável. Por isso, o TSH permanece normal.

Como a doença é diagnosticada se o TSH está normal?

O diagnóstico da Tireoidite de Hashimoto na fase eutireoidea não se baseia no TSH, mas sim na detecção da agressão autoimune. Assim, o médico especialista, geralmente um endocrinologista, utiliza outras ferramentas para confirmar o quadro.

O papel dos anticorpos

O principal marcador da doença são os anticorpos antitireoidianos no sangue. Os dois mais importantes são:

  • Anticorpos antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO): presentes na grande maioria dos pacientes com Hashimoto.
  • Anticorpos antitireoglobulina (anti-Tg): também podem estar elevados e ajudam a confirmar a natureza autoimune do processo.

Níveis elevados desses anticorpos, mesmo com TSH e T4 livre normais, confirmam a presença da doença autoimune em atividade. Estudos indicam que, mesmo com TSH normal, a Tireoidite de Hashimoto pode ser associada a níveis mais elevados de uma substância ligada aos anticorpos da doença, a Cistatina C, embora sua aplicação clínica ainda esteja em estudo.

A importância da ultrassonografia da tireoide

Além dos exames de sangue, a ultrassonografia da tireoide é um exame fundamental. Ela permite visualizar a estrutura da glândula e identificar alterações características da inflamação crônica, como a textura heterogênea e a vascularização aumentada, que reforçam o diagnóstico.

Por que o TSH ainda não está alterado?

O TSH é produzido pela hipófise, uma glândula no cérebro, e funciona como um "acelerador" para a tireoide. Quando a tireoide produz pouco hormônio (hipotireoidismo), a hipófise libera mais TSH para tentar estimulá-la. Quando ela produz muito (hipertireoidismo), a produção de TSH cai.

Na fase inicial de Hashimoto, a destruição das células tireoidianas é gradual. A glândula consegue compensar essa perda, mantendo os níveis de T4 e T3 adequados. É importante ressaltar que o TSH só costuma aumentar quando o dano à glândula tireoide já está em um estágio mais avançado. Enquanto isso, a tireoide consegue se adaptar, mantendo os hormônios em equilíbrio.

Como a produção hormonal está normal, a hipófise não precisa alterar a liberação de TSH, que se mantém na faixa de normalidade. Com o tempo e a progressão da doença, essa capacidade de compensação pode se esgotar, levando ao aumento do TSH e ao hipotireoidismo clínico.

É necessário iniciar tratamento neste estágio?

Na maioria dos casos de Tireoidite de Hashimoto com TSH normal, o tratamento com reposição hormonal (levotiroxina) não é necessário. A medicação só é indicada quando a glândula já não consegue mais produzir hormônios suficientes e o TSH começa a subir, caracterizando o hipotireoidismo.

O foco principal nesta fase é o monitoramento. O acompanhamento médico regular, geralmente a cada 6 a 12 meses, é essencial para reavaliar a função tireoidiana através de exames de sangue. Assim, é possível identificar o momento exato em que uma intervenção se torna necessária.

Quais são os possíveis sintomas mesmo com TSH normal?

Embora a função hormonal esteja normal, alguns pacientes relatam sintomas inespecíficos. Cansaço, dores no corpo e alterações de humor podem ocorrer devido ao processo inflamatório crônico e à atividade autoimune. É fundamental discutir qualquer sintoma com seu médico para investigar outras possíveis causas e encontrar formas de gerenciar o bem-estar.

É possível que o TSH normal não reflita completamente a atividade dos hormônios da tireoide nos tecidos do corpo. Isso ocorre devido às variações individuais na forma como cada organismo responde à doença. Assim, algumas pessoas podem sentir sintomas mesmo com os exames dentro da normalidade.

Mesmo com o TSH em níveis considerados normais, pacientes com Tireoidite de Hashimoto podem apresentar sinais de estresse oxidativo elevados. Além disso, o potencial antioxidante do corpo pode estar reduzido. Estes fatores indicam que a inflamação e a atividade da doença ainda estão presentes, justificando a persistência de alguns sintomas.

Manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e controle do estresse, pode ajudar a modular a resposta inflamatória do corpo e melhorar a qualidade de vida.

Perguntas frequentes sobre a Tireoidite de Hashimoto

A Tireoidite de Hashimoto é perigosa?

A Tireoidite de Hashimoto é uma doença crônica e geralmente de progressão lenta. Quando devidamente acompanhada, não é considerada perigosa. O principal risco é a evolução para o hipotireoidismo, que pode ser facilmente controlado com reposição hormonal.

Existe uma dieta específica recomendada?

Não há uma dieta única que sirva para todos os pacientes. No entanto, uma alimentação anti-inflamatória, rica em nutrientes como selênio, zinco e vitamina D, pode ser benéfica. Evitar alimentos ultraprocessados é uma recomendação geral de saúde. Sempre consulte um médico ou nutricionista antes de fazer grandes alterações na dieta.

A condição é hereditária?

Existe um forte componente genético. Ter familiares de primeiro grau com Hashimoto ou outras doenças autoimunes aumenta o risco de desenvolver a condição. É importante informar seu histórico familiar ao médico durante as consultas.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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