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Tipos de perda de memória: quando o esquecimento é um sinal de alerta?

Entender a diferença entre um lapso comum e um sintoma preocupante é o primeiro passo para cuidar da saúde do cérebro.

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Você entra na sala e, de repente, não sabe mais o que foi buscar. Ou talvez o nome daquele ator famoso escape da ponta da língua durante uma conversa. Esses pequenos "brancos" são familiares para muitas pessoas e, na maioria das vezes, não representam um problema sério. 

Contudo, quando a frequência ou a intensidade desses esquecimentos aumenta, a preocupação se instala.

O que é considerado perda de memória?

A perda de memória, ou amnésia em termos técnicos, é a dificuldade anormal em recordar eventos ou armazenar novas informações. Ela não é uma doença em si, mas um sintoma que pode estar associado a dezenas de condições, desde deficiências nutricionais até doenças neurodegenerativas. 

Em casos mais graves, a amnésia é causada por lesões cerebrais que danificam circuitos neurais específicos, incluindo o hipocampo. Essa dificuldade em reter novas informações e esquecê-las rapidamente pode estar diretamente ligada à atrofia dessa área essencial do cérebro.

É importante diferenciar o esquecimento normal, que pode ocorrer por distração ou sobrecarga de informações, da perda de memória patológica. A primeira é esporádica e não interfere nas atividades diárias. Já a segunda é persistente, progressiva e impacta a capacidade de uma pessoa realizar tarefas cotidianas.

Quais são os principais tipos de perda de memória?

Para entender melhor o quadro, especialistas classificam a perda de memória com base em diferentes critérios, como a duração do esquecimento e o período de tempo que ele afeta. Conhecer essas categorias ajuda a direcionar a investigação diagnóstica.

Classificação pela duração

A forma mais simples de categorizar a memória é pelo tempo que o esquecimento dura. Essa distinção é um dos primeiros pontos avaliados por um médico.

  • Perda de memória transitória: ocorre quando a informação é esquecida por um período, mas depois retorna. Pode ser causada por estresse agudo, certos medicamentos ou eventos como a amnésia global transitória. 

A amnésia global transitória (AGT) é um episódio súbito de perda de memória que dura menos de 24 horas. 

Durante a AGT, a pessoa pode ter dificuldade em criar novas lembranças e, em menor grau, recordar eventos passados, mas a condição é benigna e geralmente se resolve espontaneamente.

  • Perda de memória permanente: acontece quando a informação se perde e não pode ser recuperada. Geralmente está associada a danos cerebrais, como os que ocorrem em doenças como o Alzheimer ou após um traumatismo craniano grave.

Classificação pela cronologia do evento

Outra forma de análise se baseia na relação do esquecimento com um evento específico, como um acidente ou o início de uma doença. Aqui, a perda de memória é dividida em dois tipos principais de amnésia.

  • Amnésia anterógrada: é a incapacidade de formar novas memórias após o evento que causou a amnésia. A pessoa consegue se lembrar do seu passado, mas não retém informações recentes, como o que comeu no café da manhã ou o nome de alguém que acabou de conhecer.
  • Amnésia retrógrada: caracteriza-se pela incapacidade de recordar eventos que ocorreram antes do evento causador da amnésia. A perda pode abranger dias, meses ou até anos que antecederam o trauma ou a doença.

Que doenças e condições podem causar perda de memória?

A memória é uma função cerebral complexa e vulnerável a diversas influências. As causas por trás de sua perda são variadas, indo de fatores reversíveis a condições crônicas e progressivas.

Condições neurodegenerativas

São doenças que causam a morte progressiva de células nervosas. A perda de memória é um sintoma central.

  • Doença de Alzheimer: principal causa de demência, afeta principalmente a memória recente em seus estágios iniciais.
  • Demência vascular: causada por problemas no fluxo sanguíneo para o cérebro, como após um AVC.
  • Demência com corpos de Lewy: além da perda de memória, causa flutuações na atenção, alucinações visuais e sintomas motores.

Causas psicológicas e psiquiátricas

A saúde mental tem um impacto direto na capacidade cognitiva. O cérebro emocional e o racional estão intimamente ligados.

  • Depressão e ansiedade: podem causar uma condição conhecida como "pseudodemência", em que a dificuldade de concentração e o desinteresse levam a falhas de memória que se assemelham à demência.
  • Estresse crônico: o excesso de cortisol, o hormônio do estresse, pode danificar células no hipocampo, uma área do cérebro crucial para a memória.
  • Amnésia dissociativa: uma condição rara em que a pessoa esquece informações pessoais importantes, geralmente ligada a um evento traumático ou estressante. 

É importante notar que a perda de memória para eventos traumáticos nem sempre é um processo de repressão. Pode ser resultado de um esquecimento comum, de uma falha no registro original da memória ou simplesmente de não querer pensar no ocorrido.

Outros fatores médicos e de estilo de vida

Muitas outras situações podem interferir na memória. A boa notícia é que várias delas são tratáveis.

Além de deficiências nutricionais e problemas de tireoide, a amnésia pode ser influenciada por diversos fatores de risco. O tabagismo, a idade avançada e um nível educacional mais baixo são algumas dessas condições. Eventos como derrame, epilepsia e traumatismos na cabeça também podem contribuir para a perda de memória.

  • Deficiências nutricionais: a falta de vitaminas, especialmente B1 e B12, pode afetar a função neurológica. A síndrome de Korsakoff, por exemplo, está ligada à deficiência severa de tiamina (B1), comum em casos de alcoolismo crônico.
  • Problemas de tireoide: tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem causar confusão mental e problemas de memória.
  • Privação de sono: dormir é essencial para a consolidação das memórias. A falta de sono de qualidade prejudica esse processo.
  • Traumatismo craniano: concussões e outras lesões na cabeça podem causar perda de memória temporária ou permanente.

Quando a falta de memória é preocupante?

Esquecer o nome de um conhecido que não se vê há anos é diferente de esquecer o nome de um familiar próximo. O contexto e o impacto na vida diária são os principais termômetros. 

Procure um médico se os esquecimentos:

  • Afetam sua capacidade de trabalhar, socializar ou realizar tarefas domésticas.
  • Colocam sua segurança em risco (ex: esquecer o fogão ligado).
  • São acompanhados por mudanças de humor, personalidade ou comportamento.
  • Fazem com que você se perca em lugares familiares.
  • Levam você a repetir as mesmas perguntas várias vezes.
  • Preocupam seus familiares e amigos.

Como é feito o diagnóstico da perda de memória?

A avaliação médica é fundamental para identificar a causa da perda de memória. O processo geralmente envolve uma entrevista detalhada com o paciente e familiares, exames físicos e neurológicos, e testes cognitivos para avaliar a extensão do problema.

Além disso, o médico pode solicitar exames de sangue para verificar deficiências vitamínicas ou problemas hormonais. Em alguns casos, exames de imagem como tomografia computadorizada ou ressonância magnética do cérebro podem ser necessários para descartar causas estruturais, como tumores ou sequelas de AVC.

Com um diagnóstico preciso, é possível iniciar o tratamento mais adequado. Para muitas causas, como depressão ou problemas de tireoide, o tratamento da condição de base pode reverter a perda de memória. 

Em casos de demência, embora não haja cura, existem estratégias e terapias para gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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