27/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
A imunoterapia é um avanço significativo no tratamento oncológico, transformando a forma como o corpo combate as células cancerígenas.
Receber o diagnóstico de câncer traz muitas incertezas, e a busca por informações sobre as opções de tratamento é um passo natural. Entre as diversas terapias disponíveis, a imunoterapia tem se destacado como uma abordagem inovadora, que utiliza um recurso poderoso do próprio corpo: o sistema imunológico. Mas, afinal, como funciona e quais são os tipos de imunoterapia disponíveis para combater o câncer?
A imunoterapia é um tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir as células cancerígenas.
Diferente da quimioterapia, que ataca as células que se dividem rapidamente (tanto as doentes quanto as saudáveis), a imunoterapia visa "ensinar" o sistema de defesa do corpo a identificar o câncer como uma ameaça e combatê-lo de forma mais específica.
A imunoterapia contra o câncer funciona ao utilizar o próprio sistema de defesa do paciente para eliminar as células cancerosas. Isso pode incluir abordagens que miram pontos de verificação imunológicos, além de terapias que envolvem a manipulação de células imunológicas do paciente.
O sistema imunológico possui células e proteínas capazes de combater infecções e doenças. No entanto, as células cancerígenas muitas vezes desenvolvem mecanismos para "se esconder" ou desativar essa resposta imune.
A imunoterapia atua justamente bloqueando esses mecanismos de escape ou potencializando a capacidade das células de defesa para atacar o tumor.
A imunoterapia contra o câncer abrange diversas categorias de tratamento, como os inibidores de checkpoint imunológico, as terapias celulares que utilizam modificação genética e as vacinas tumorais. Todas essas abordagens agem estimulando a atividade antitumoral do sistema imune.
Existem diferentes tipos de imunoterapia, cada um com um mecanismo de ação específico para ativar ou restaurar a capacidade do sistema imunológico de lutar contra o câncer. A escolha do tipo depende do câncer, das características do paciente e de outros fatores avaliados pela equipe médica.
As células cancerígenas podem utilizar "freios" naturais do sistema imunológico, chamados checkpoints, para evitar serem atacadas. Os inibidores de checkpoint são medicamentos que bloqueiam essas moléculas, liberando a capacidade das células de defesa, principalmente os linfócitos T, para reconhecer e destruir o tumor.
Esses inibidores incluem anticorpos que visam a proteína CTLA-4 (proteína 4 associada a linfócitos T citotóxicos) ou o eixo PD-1/PD-L1 (proteína de morte celular programada/ligante de morte celular programada 1). Ao desativar esses freios, eles permitem que o sistema imunológico atue de forma mais eficaz contra o câncer.
Esses medicamentos têm demonstrado grande eficácia em diversos tipos de câncer, promovendo respostas duradouras em muitos pacientes. Eles representam uma das classes mais estudadas e utilizadas de imunoterapia atualmente.
A terapia com células T CAR (Chimeric Antigen Receptor T-cell) é uma forma avançada de imunoterapia que envolve a modificação genética das próprias células de defesa do paciente em laboratório.
Nesse processo, os linfócitos T do paciente são coletados, modificados para expressar um receptor especial (CAR) que os ajuda a reconhecer e atacar as células cancerígenas de forma mais precisa, e depois reinfundidos no paciente.
Esta é uma terapia altamente personalizada e complexa, indicada para certos tipos de câncer hematológicos (cânceres do sangue), como alguns linfomas e leucemias, quando outros tratamentos não foram eficazes.
Seus resultados podem ser significativos, mas requerem acompanhamento rigoroso devido a possíveis efeitos colaterais.
Anticorpos monoclonais são proteínas produzidas em laboratório que agem como os anticorpos naturais do corpo. Eles são projetados para se ligar a alvos específicos encontrados nas células cancerígenas ou em células do sistema imunológico. Ao se ligar a esses alvos, eles podem:
Existem diversos anticorpos monoclonais aprovados para diferentes tipos de câncer, cada um com um alvo específico. Alguns inibidores de checkpoint, por exemplo, são um tipo de anticorpo monoclonal.
Diferente das vacinas preventivas, que visam evitar o surgimento de doenças, as vacinas terapêuticas contra o câncer são desenvolvidas para tratar a doença já existente. Elas contêm componentes de células cancerígenas ou substâncias que estimulam o sistema imunológico a reconhecer esses componentes como estranhos e a montar uma resposta de ataque.
Embora menos comuns que outras formas de imunoterapia, as vacinas terapêuticas representam uma área promissora de pesquisa, com o objetivo de "treinar" o sistema imunológico para identificar e destruir células tumorais remanescentes ou impedir a recorrência da doença.
As citocinas são proteínas que atuam como mensageiros entre as células do sistema imunológico, regulando suas respostas. Algumas citocinas, como interferon e interleucina, podem ser usadas em doses elevadas para estimular o sistema imunológico a atacar o câncer.
Outras abordagens de imunoterapia incluem os vírus oncolíticos, que são vírus geneticamente modificados para infectar e destruir seletivamente células cancerígenas, ao mesmo tempo em que ativam uma resposta imune contra o tumor.
A forma de administração da imunoterapia varia de acordo com o tipo de medicamento e o objetivo do tratamento. As vias mais comuns incluem:
A frequência e duração do tratamento são definidas pelo oncologista, considerando o tipo de câncer, a resposta do paciente e os possíveis efeitos colaterais.
A imunoterapia não é uma opção para todos os tipos de câncer. Sua indicação é individualizada e depende de diversos fatores, como o tipo específico e estágio do tumor, características genéticas das células cancerígenas e histórico de tratamentos anteriores. Atualmente, a imunoterapia já é uma opção estabelecida e aprovada para diversos tipos de câncer, incluindo:
Novas indicações são constantemente pesquisadas e aprovadas, e a equipe médica é a mais indicada para avaliar se a imunoterapia é uma opção viável e benéfica para cada paciente.
A imunoterapia tem revolucionado o tratamento do câncer, proporcionando respostas duradouras e, em alguns casos, remissões completas. No entanto, é importante entender que, para a maioria dos pacientes, a imunoterapia é uma ferramenta para controlar a doença, prolongar a vida e melhorar a qualidade de vida.
Apesar de sua eficácia em muitos casos, a imunoterapia ainda enfrenta desafios, como a resistência em muitos pacientes. Pesquisas recentes apontam que certas moléculas presentes nas células, como os RNAs circulares, podem influenciar essa resistência, sendo um foco importante para futuros avanços no combate à doença.
Em alguns casos, a imunoterapia pode levar à remissão completa do câncer, onde não há mais sinais da doença. Contudo, o termo "cura" é usado com cautela na oncologia, pois há sempre a possibilidade de recorrência. O objetivo principal é transformar o câncer em uma doença crônica, controlável a longo prazo, permitindo que o paciente viva com qualidade.
A expectativa de cada tratamento deve ser discutida abertamente com o oncologista, que poderá esclarecer as chances de sucesso e os objetivos realistas para cada situação.
Assim como outros tratamentos, a imunoterapia pode causar efeitos colaterais. Diferentemente da quimioterapia, os efeitos da imunoterapia são frequentemente relacionados à hiperativação do sistema imunológico, levando a inflamações em diferentes partes do corpo.
Alguns dos efeitos colaterais mais comuns incluem:
É crucial que o paciente relate qualquer sintoma novo ou incomum à equipe médica. Muitos efeitos colaterais da imunoterapia podem ser gerenciados eficazmente se identificados e tratados precocemente. O acompanhamento contínuo é essencial para monitorar a saúde do paciente.
Embora ambas sejam formas de tratamento contra o câncer, imunoterapia e quimioterapia atuam de maneiras distintas:
Em alguns casos, a imunoterapia pode ser utilizada em combinação com a quimioterapia ou outras terapias, visando otimizar os resultados e atacar o câncer por diferentes frentes. A decisão sobre a melhor estratégia terapêutica é sempre multidisciplinar e individualizada.
A imunoterapia representa um avanço notável na luta contra o câncer, oferecendo novas esperanças para muitos pacientes. Contudo, é um tratamento complexo que exige acompanhamento de uma equipe médica especializada.
Somente o oncologista poderá avaliar seu caso, discutir as melhores opções de imunoterapia e monitorar sua saúde durante todo o processo.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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