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Sintomas de HPV na boca: quais são os principais e quando se preocupar?

Entenda como identificar os sinais da infecção oral pelo papilomavírus humano e por que a avaliação médica é fundamental para a sua saúde.

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Você está escovando os dentes e, ao olhar no espelho, percebe uma pequena mancha ou uma verruga que não estava ali antes. A princípio, pode parecer uma afta comum, mas ela não desaparece. Essa situação, que gera dúvida e apreensão, destaca a importância de conhecer os sinais do HPV na boca.

O que é o HPV na boca?

O HPV na boca, ou HPV oral, é uma infecção causada pelo papilomavírus humano na mucosa da cavidade oral e da orofaringe (parte da garganta logo atrás da boca). O HPV é um vírus muito comum, com mais de 200 tipos diferentes. A maioria das pessoas entrará em contato com ele em algum momento da vida.

Enquanto muitos tipos são inofensivos e eliminados pelo próprio sistema imunológico, alguns, conhecidos como de alto risco, estão associados ao desenvolvimento de câncer, incluindo o câncer de orofaringe. 

As manifestações orais mais comuns do HPV incluem verrugas, também chamadas de papilomas ou condilomas, e a hiperplasia epitelial focal, que se apresentam como pequenas elevações brancas e macias. Por isso, identificar os sinais precocemente é um passo crucial para o cuidado da saúde.

Quais são os sintomas de HPV na boca e na garganta?

Um dos maiores desafios do HPV oral é que a infecção costuma ser assintomática. A infecção por HPV na boca é frequentemente subclínica, sem sinais visíveis, o que significa que muitas pessoas não desenvolvem manifestações perceptíveis por meses ou anos. Quando os sintomas aparecem, eles podem variar bastante.

As manifestações mais comuns na boca incluem:

  • Lesões ou verrugas: podem ser únicas ou múltiplas, geralmente pequenas e indolores. Essas lesões podem se apresentar como papilomas, condilomas ou hiperplasia epitelial focal, muitas vezes descritas como elevações brancas e macias.
  • Aparência variada: as lesões podem ser planas, elevadas ou em forma de pápulas, com uma textura que lembra uma pequena couve-flor.
  • Coloração: geralmente são brancas, rosa ou avermelhadas, ou da mesma cor da mucosa oral.
  • Localização: podem surgir nos lábios, na língua, no céu da boca (palato), na gengiva ou na parte interna das bochechas.

É importante diferenciar essas lesões de aftas comuns. Enquanto as aftas são geralmente ulceradas, doloridas e desaparecem em uma ou duas semanas, as lesões de HPV tendem a ser persistentes.

É importante notar que, ao contrário do câncer de colo do útero, não há um exame de rotina para detectar o câncer de garganta causado pelo HPV (HPV-AOC) em seus estágios iniciais. Por essa razão, os pacientes frequentemente só percebem os sintomas quando a doença já está avançada, o que sublinha a importância de estar atento a qualquer alteração persistente.

Quando a infecção atinge a garganta (orofaringe), os sintomas podem ser mais sutis e facilmente confundidos com outras condições. Fique atento a sinais como:

  • Dor de garganta que não melhora;
  • Dificuldade ou dor para engolir;
  • Rouquidão ou mudanças na voz sem motivo aparente;
  • Sensação de um caroço ou nódulo na garganta;
  • Aparecimento de gânglios inchados no pescoço.

Como o HPV é transmitido para a boca?

A principal via de transmissão do HPV para a boca é o contato direto com a pele ou mucosa de uma pessoa infectada. A prática de sexo oral sem proteção é a forma mais comum de contágio. O vírus pode estar presente mesmo que não haja lesões visíveis.

Embora mais raro, o compartilhamento de objetos pessoais, como talheres ou copos, e o beijo de boca aberta também são considerados possíveis vias de transmissão, mas a evidência científica sobre esses meios é menos consolidada do que a transmissão por via sexual.

Como é feito o diagnóstico?

Não existe um exame de rotina para detectar o HPV na boca ou o câncer de garganta causado pelo vírus em estágios iniciais, como o Papanicolau para o colo do útero. Isso significa que o diagnóstico precoce pode ser um desafio. 

O diagnóstico geralmente começa com a identificação de uma lesão suspeita por um profissional de saúde, como um médico ou um cirurgião-dentista, durante uma consulta de rotina.

O profissional de saúde realizará um exame clínico detalhado da boca e da garganta. Se uma lesão for encontrada, o próximo passo é geralmente uma biópsia. 

Considerando que a infecção por HPV na boca é frequentemente subclínica e sem sinais visíveis, os exames clínicos sozinhos podem não ser suficientes para um diagnóstico completo, tornando necessários testes moleculares para uma identificação mais precisa do vírus. 

Nesse procedimento, um pequeno fragmento do tecido é removido e enviado para análise em laboratório para confirmar a presença do HPV e determinar se as células são benignas ou se apresentam alterações que indiquem risco de câncer.

Existe tratamento para o HPV na boca?

É fundamental entender que não existe um medicamento para "curar" o vírus do HPV em si. Em muitos casos, o sistema imunológico consegue combater e eliminar o vírus do organismo naturalmente ao longo de meses ou anos.

O tratamento foca na remoção das lesões ou verrugas visíveis. As abordagens podem incluir:

  • Remoção cirúrgica: a lesão é retirada com um bisturi ou laser.
  • Cauterização: uso de substâncias químicas ou calor para queimar a verruga.
  • Crioterapia: congelamento da lesão com nitrogênio líquido.

A escolha do método dependerá do tamanho, localização e tipo da lesão. Somente um especialista pode definir a melhor conduta. O acompanhamento médico após o tratamento é essencial para monitorar o surgimento de novas lesões.

Como posso me prevenir?

A prevenção é a ferramenta mais poderosa contra o HPV e suas complicações. A vacinação é a principal forma de proteção; ela é capaz de gerar uma resposta imune protetora na boca, o que ajuda a prevenir o surgimento das manifestações orais do vírus. 

A vacina contra o HPV está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e é recomendada para meninas e meninos antes do início da vida sexual, pois é mais eficaz quando administrada antes do contato com o vírus.

Além da vacina, outras medidas são importantes:

  • Uso de preservativos: o uso de camisinha e preservativos de barreira (dental dam) durante o sexo oral reduz o risco de transmissão, embora não elimine completamente, pois o vírus pode estar em áreas não cobertas.
  • Consultas regulares: realizar exames médicos e odontológicos periódicos ajuda a identificar qualquer alteração na boca precocemente.
  • Estilo de vida saudável: manter o sistema imunológico forte, com uma boa alimentação e sem tabagismo, ajuda o corpo a combater infecções.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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