08/02/2025
Revisado em: 09/06/2025
Condição capaz de causar infertilidade em estágios avançados conta com novos tratamentos ainda mais eficazes e precisos
A endometriose é uma condição que pode levar à infertilidade em estágios avançados, mas com os tratamentos mais recentes, os resultados são cada vez mais eficazes. Para muitas pessoas, março é um mês de celebrações, mas também é um momento importante para refletir sobre os desafios enfrentados pelas mulheres, especialmente no que diz respeito à saúde feminina, como no caso da campanha Março Amarelo, que busca conscientizar sobre os sintomas de endometriose.
Embora a endometriose afete cerca de uma a cada dez mulheres brasileiras, conforme dados do Ministério da Saúde, muitas ainda desconhecem os sintomas de endometriose, uma condição que causa dores intensas e pode levar à infertilidade.
Essa doença é mais comum entre mulheres de 25 a 35 anos, um grupo frequentemente afetado.
De acordo com o Dr. Thiago Borges, cirurgião e coordenador do serviço especializado em endometriose, trata-se de uma doença inflamatória crônica. Ela ocorre quando as glândulas endometriais crescem fora da cavidade uterina, podendo afetar órgãos próximos, como intestino e bexiga.
Embora as causas ainda não sejam completamente compreendidas, a detecção precoce dos sintomas de endometriose pode ser desafiadora. A condição pode ser assintomática ou ter sintomas difíceis de identificar em exames rotineiros. O diagnóstico, na maioria das vezes, ocorre entre os 30 anos, mas a doença pode se desenvolver durante todo o período fértil da mulher.
Sim, a maioria das pacientes com esse quadro vão conseguir engravidar sem problemas, porém 30% a 40% das pacientes com endometriose podem ter um quadro de infertilidade. “Por diversos fatores, sejam eles problemas causados nos ovários, tubas uterinas ou no próprio útero.”
A atenção aos sintomas de endometriose é essencial para um diagnóstico precoce. Os principais sinais incluem:
Se você apresentar esses sintomas de endometriose, é fundamental procurar um médico especializado para avaliação.
Um dos grandes obstáculos para a medicina quando o assunto é endometriose é a detecção precoce, uma vez que se trata de uma condição assintomática em muitos casos.
O médico aponta que a dificuldade do diagnóstico reside na impossibilidade de detectar a doença durante exames ginecológicos de rotina, como ultrassonografia transvaginal ou até mesmo a ressonância magnética não especializada.
“Na maioria das vezes, o diagnóstico demora de 7 a 10 anos para a sua confirmação e, infelizmente, não é uma realidade apenas do Brasil, mas do mundo todo. Alguns estudos afirmam que um profissional experiente na área tem uma chance de acertar o diagnóstico em até 70% sem a necessidade de nenhum exame – apenas com uma boa investigação na história desses pacientes e exame físico detalhado. Para um tratamento adequado, precisamos pensar em detecção precoce\", afirma o Dr. Thiago.
O diagnóstico acontece geralmente aos 30 anos, embora a doença possa se desenvolver durante todo o período fértil da mulher – do momento da primeira menstruação até a menopausa.
A endometriose é uma doença associada ao estrogênio, hormônio liberado durante toda a fase fértil da mulher. Enquanto houver estrogênio circulante, a doença é uma possibilidade. Portanto, não existem métodos primários de prevenção, tendo em vista que não há uma única causa ou fator de risco.
A ausência de medidas específicas não significa, porém, que a mulher deva negligenciar os cuidados com a sua saúde. As visitas regulares ao ginecologista devem ser feitas desde a adolescência.
Individualizar o tratamento significa levar em consideração as queixas, desejos e extensão da doença. Inicialmente, deve-se começar com uma mudança nos hábitos de vida, como atividade física, dieta anti-inflamatória e utilização de hormônios para bloquear a menstruação para o controle dos sintomas para as mulheres sem desejo gestacional no momento.
“Além disso, devemos ter uma abordagem multidisciplinar no tratamento com auxílio de urologista, coloproctologista e até cirurgião torácico em alguns casos. Além das especialidades cirúrgicas, necessitamos de suporte de fisioterapeuta, nutricionista, fertileuta (especialista em reprodução assistida), médico da dor e auxílio psicológico para as pacientes\", explica o médico.
A necessidade de cirurgia para uma paciente com endometriose é considerada apenas em caso de falha do tratamento clínico ou quando as lesões oferecem risco de prejuízo à paciente.
Segundo o Dr. Thiago, a chegada da cirurgia robótica como opção para o tratamento da endometriose é um fato recente e que vem se estabelecendo como uma opção segura e efetiva. “A visão tridimensional e mais nítida proporcionadas pela utilização do robô dá ao médico mais precisão durante o procedimento que, em geral, apresenta menos riscos de complicações, menor dor no pós-operatório e recuperação mais rápida para a paciente\", explica.
Os benefícios da robótica em relação à cirurgia convencional de laparotomia são muito grandes, uma vez que os cortes são muito pequenos (5 a 8mm), causando menos infecções e dores, melhor qualidade estética das cicatrizes e com menor tempo de internação hospitalar.
Em relação à laparoscopia, a robótica é considerada um avanço, pois permite que o cirurgião tenha uma visão 3D que proporciona melhor precisão dos movimentos, conseguindo fazer uma sutura com qualidade microcirúrgica e sem tremores.
Borges afirma que todas as pacientes com endometriose podem se beneficiar da cirurgia robótica. “Porém, em casos de endometriose diafragmática, de assoalho pélvico com acometimento de raízes sacrais ou endometriose intestinal, a tecnologia apresenta ainda mais benefícios\". Por fim, o médico ressalta que já realizou três cirurgias robóticas para endometriose na Rede Américas, todas com excelentes resultados.
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