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Radioterapia dói? O que esperar do tratamento e como aliviar as dores

Você está prestes a iniciar esse tratamento crucial e uma dúvida vem à mente: "radioterapia dói?" É natural sentir essa apreensão.

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Muitos pacientes imaginam o momento da sessão como algo doloroso, mas a realidade surpreende. Durante o procedimento em si, você não sentirá uma dor penetrante

Entretanto, alguns efeitos colaterais podem surgir ao longo do tratamento, causando desconfortos específicos. Vamos entender juntos o que realmente acontece e como minimizar esses desconfortos para que possa enfrentar esse momento com mais confiança e bem-estar.

O que realmente sentimos durante a sessão de radioterapia?

A radioterapia em si é um procedimento completamente indolor no ato da aplicação. Você não sente calor, ardor ou fisgadas à medida que a radiação atinge seu corpo. 

Durante a sessão, que normalmente dura entre 10-20 minutos:

  • Você fica deitado na mesa de tratamento, imóvel mas confortável
  • A máquina se movimenta ao redor sem tocar em você diretamente
  • O técnico observa por câmeras de segurança
  • Pode ouvir um leve zumbido quando o aparelho opera

É uma experiência surreal, mas não dolorosa naquele momento. Durante a radioterapia o paciente não sentirá nenhuma dor. Contudo, dependendo da área tratada, algumas sensações físicas podem emergir posteriormente.

Reações na pele: quando o efeito aparece

A região irradiada frequentemente desenvolve reações cutâneas entre 2-4 semanas após o início do tratamento:

  • Vermelhidão semelhante a queimadura solar (a reação mais comum)
  • Sensação de ardor ou coceira constante
  • Ressecamento, descamação ou aparência escurecida
  • Formação de pequenas bolhas nas áreas mais sensíveis
  • Sensibilidade ao toque, especialmente às roupas

A boa notícia? Essas reações costumam atingir seu pico até a 5ª semana e geralmente diminuem significativamente 2-4 semanas após o término do tratamento.

Dor na radioterapia: quando e por que acontece

Embora a aplicação não cause dor imediata, certas dores específicas podem surgir dependendo da área tratada e reações corporais:

Área do corpo tratada

Tipo de dor comum

Tempo de duração

 

Cabeça e pescoço

Dor de garganta, mucosite (aftas bucais)

2-4 semanas pós-tratamento

Pelve

Irritação uretral, desconforto ao urinar

Resolução rápida após término

Próstata

Ardor ao ejacular

Temporário e reversível

Coluna/ósseas

Alívio da dor metastática; raros casos neuropáticos

Duração variável conforme indicação

A dor neuropática merece atenção especial: lesões nervosas podem ocorrer quando a irradiação afeta estruturas do sistema nervoso periférico ou medula espinhal. 

Autogestão: sinais que exigem atenção imediata

Embora dores moderadas sejam gerenciáveis em casa, certos sintomas exigem report imediato à sua equipe médica:

  • Dificuldade para engolir que causa perda de peso
  • Dor intensa que não melhora com medicações prescritas
  • Feridas abertas ou sangramento na pele irradiada
  • Falta de ar associada à radioterapia torácica
  • Quadros depressivos associados ao desconforto crônico

Estratégias eficazes para aliviar a dor na radioterapia

A dúvida “radioterapia dói?” é muito comum entre pacientes que estão prestes a iniciar o tratamento. A resposta direta é que o procedimento em si costuma ser indolor, ou seja, o paciente não sente dor enquanto está sendo irradiado. 

No entanto, ao longo das sessões, podem surgir efeitos colaterais que causam desconforto ou dor, dependendo da área tratada, da sensibilidade individual e da dose acumulada de radiação.

Por isso, é fundamental adotar estratégias que ajudem a aliviar ou prevenir esses sintomas. O objetivo é garantir que o paciente consiga seguir o tratamento com mais conforto, mantendo a qualidade de vida durante essa fase delicada.

1. Comunicação com a equipe médica

A primeira estratégia é também a mais importante: relatar qualquer dor ou incômodo ao médico. Muitos pacientes, por medo ou receio, não mencionam que estão sentindo dor, o que atrasa intervenções que poderiam melhorar muito o bem-estar.

A equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas, pode propor ajustes nas medicações, hidratação cutânea, pausas entre sessões ou encaminhamentos para terapias complementares, como fisioterapia ou acupuntura.

2. Cuidados com a pele irradiada

Um dos efeitos mais comuns da radioterapia é a radiodermite, que provoca vermelhidão, ressecamento, coceira ou até mesmo descamação da pele. Em regiões mais sensíveis, isso pode gerar ardência ou dor local.

Para minimizar esses efeitos:

  • Use sabonetes neutros e evite esfregar a pele irradiada.
  • Mantenha a região hidratada com produtos indicados pela equipe médica.
  • Evite exposição ao sol, roupas apertadas ou tecidos sintéticos na área tratada.
  • Não aplique produtos cosméticos ou cremes caseiros sem orientação profissional.

Esses cuidados simples ajudam a reduzir o desconforto local e a prevenir lesões mais graves que poderiam interromper o tratamento.

3. Medicação para dor

Se a dor já está presente, seja por inflamação, feridas na mucosa (como em tratamentos de cabeça e pescoço) ou pelo impacto da radiação em órgãos internos, o médico pode prescrever analgésicos, anti-inflamatórios ou, em casos mais intensos, opioides leves.

O importante é que o uso da medicação seja sempre orientado e acompanhado. Automedicar-se pode interferir na resposta ao tratamento ou mascarar sintomas importantes.

4. Alimentação adequada

Em alguns casos, a dor é reflexo de mucosite (inflamação nas mucosas da boca e garganta), o que torna difícil mastigar ou engolir. Essa condição é comum em pacientes que fazem radioterapia na região da cabeça e pescoço.

Adaptar a alimentação nesses casos pode aliviar o desconforto:

  • Prefira alimentos pastosos ou líquidos, em temperatura ambiente.
  • Evite comidas muito quentes, ácidas, apimentadas ou com bordas duras.
  • Faça pequenas refeições ao longo do dia para manter a nutrição adequada.

O acompanhamento com um nutricionista oncológico pode ajudar a montar um cardápio que respeite essas limitações sem comprometer a ingestão de nutrientes.

5. Apoio psicológico e práticas integrativas

A percepção da dor é influenciada por fatores emocionais. Ansiedade, medo, angústia ou estresse constante podem amplificar o desconforto físico. Por isso, o suporte psicológico é uma estratégia importante para quem sente dor durante o tratamento.

Além da psicoterapia, práticas como meditação, relaxamento guiado, acupuntura e auriculoterapia têm sido utilizadas com bons resultados no alívio da dor em pacientes oncológicos. Várias dessas abordagens são oferecidas gratuitamente em centros públicos de saúde com foco em cuidados integrativos.

6. Fisioterapia e exercícios leves

Movimentar-se dentro do limite de cada paciente pode ajudar a reduzir dores musculares e articulares que surgem durante ou após o tratamento. A fisioterapia oncológica atua na reabilitação do corpo, melhora da postura, circulação e controle da dor crônica.

Alongamentos leves e exercícios respiratórios, quando indicados, também contribuem para o relaxamento e alívio da tensão corporal.

Cada dor tem solução possível

Embora a radioterapia não doa durante a aplicação, os efeitos posteriores podem causar desconfortos que variam de pessoa para pessoa. O mais importante é não sofrer em silêncio. Existem diversas formas de aliviar a dor, desde ajustes na rotina até medicações e terapias complementares. Conversar com a equipe de saúde e relatar os sintomas é o primeiro passo para enfrentar o tratamento com mais conforto e segurança.

 

Bibliografia

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Radioterapia. Brasília: INCA, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tratamento/radioterapia. Acesso em: 25 jul. 2025.