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Quem toma remédio de pressão pode beber cerveja? Entenda a relação e cuidados

Há interações incompatíveis que podem afetar o tratamento de hipertensão

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Para alguns, quando o fim de semana chega é aquele momento de descontrair e tomar alguma bebida com os amigos. A dúvida vem quando você está fazendo algum tratamento médico. “Será que quem toma remédio de pressão pode beber cerveja?” pode ser uma delas.

Nesses casos, a recomendação é evitar. O álcool pode interagir com alguns medicamentos e por isso é importante manter seu médico informado sobre alguns hábitos que podem prejudicar o tratamento.

O que é o remédio de pressão e como ele age no organismo

Quando falamos em “remédio de pressão”, estamos nos referindo aos medicamentos utilizados para tratar a hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta. Esses medicamentos atuam controlando a pressão arterial por meio de vários mecanismos. Entre eles está o relaxamento dos vasos, a redução do volume de sangue ou diminuindo a força de contração do coração.

Para que esses medicamentos funcionem bem, é importante que o organismo esteja em condições relativamente estáveis: seu sono, sua alimentação, atividades físicas em dia e o controle de substâncias que possam interferir na ação medicamentosa devem ser vistos com cuidado.

Como o álcool interfere na pressão arterial

A primeira questão importante é que o álcool por si só pode afetar a pressão arterial. Estudos sistemáticos mostram que o consumo excessivo de álcool está associado ao aumento da pressão arterial, aumentando ainda mais o risco de hipertensão.

Por exemplo:

  • Uma revisão sistemática de ensaios controlados (2020) encontrou que doses maiores de álcool geram um aumento da pressão sistólica e diastólica;
  • Outro estudo (2021) mostrou que adultos com hipertensão, que reduziram o consumo de álcool, apresentaram uma queda da pressão arterial.

O álcool não é uma bebida que não carregue efeitos colaterais ou interfira diretamente na saúde de quem já tem hipertensão.

Além desses efeitos relatados nos estudos clínicos, o álcool também pode interferir no funcionamento do organismo de outras maneiras. Ele causa vasodilatação, que é a dilatação dos vasos sanguíneos, que pode provocar a queda da pressão em alguns momentos.

Em outros, o álcool pode ativar mecanismos de estresse, como o aumento do cortisol, a ativação do sistema nervoso simpático e a rigidez arterial, aumentando a pressão.

Quem toma remédio de pressão pode beber cerveja?

Aqui chegamos à questão central: quem toma remédio de pressão pode beber cerveja? A resposta é que há riscos significativos e beber cerveja ou outra bebida alcoólica deve ser avaliado com extrema cautela.

Riscos da interação medicamento–álcool

Alguns medicamentos para a pressão já provocam o relaxamento dos vasos ou a diminuição da pressão. Quando se consome álcool, pode haver efeito aditivo de vasodilatação ou a queda da pressão. O resultado são tonturas, sensações de desmaio ou até mesmo a hipotensão ortostática (queda da pressão ao se levantar).

Alguns medicamentos quando ingeridos com álcool, como o anlodipino (amlodipina), podem ter efeitos de queda de pressão, dor de cabeça, tonturas, vertigens, desmaios e/ou alterações no pulso ou na frequência cardíaca.

Beber álcool regularmente pode exigir doses mais altas de medicamento para alcançar o mesmo controle da pressão arterial. Um estudo avaliando homens com hipertensão (2024) chegou à conclusão de que os que consumiam álcool precisavam de uma “alta dose de anti-hipertensivo para controlar a pressão sanguínea”. Ou seja, o álcool pode atrapalhar o tratamento.

O álcool também afeta o fígado. Esse órgão metaboliza vários medicamentos e pode alterar a absorção, eliminação ou os efeitos dos fármacos.

Por exemplo, em um estudo que avaliou os medicamentos anlodipino e cloridrato de nebivolol (2017), verificou que mesmo a biodisponibilidade estivesse dentro dos limites aceitáveis, havia “variações em todos os parâmetros farmacocinéticos”. Essas alterações deixam claras que as quantidades ou as frequências ingeridas de álcool podem piorar a hipertensão.

Quem tem hipertensão muitas vezes já possui danos vasculares ou fatores de risco. O consumo de álcool já traz consigo outro estresse ao sistema cardiovascular. A combinação de medicamento para pressão alta mais álcool pode aumentar ainda mais o risco geral.

Diante desses pontos, o ideal é que alguém que tome medicamento para pressão monitore muito bem o consumo de bebidas alcoólicas. E evite, se for possível.

Situações que devem ser discutidas com o médico

Mesmo com as advertências, há algumas nuances que não significam uma proibição absoluta para todos os casos. É possível conversar com o médico para avaliar o seu caso.

Quando a pressão está bem controlada há meses, seu médico revisou seu quadro e não há outras complicações, é possível que o especialista sugira uma tolerância para algumas ocasiões especiais. Desde que você esteja bem orientado.

Para quem está trocando os medicamentos, tem a hipertensão descontrolada, insuficiência renal, hepática ou outro problema cardiovascular, o mais seguro é não beber até que o profissional avalie novamente.

O que fazer na prática?

Alguns passos práticos podem ajudá-lo a responder a pergunta se quem toma remédio de pressão pode beber cerveja.

  • Consulte seu médico ou cardiologista: informe que você toma medicação para hipertensão e pergunte explicitamente sobre o consumo de álcool;
  • Verifique seu controle de pressão: se ainda estiver instável ou você estiver fazendo um ajuste de dose, evite o álcool;
  • Se for beber: escolha uma quantidade reduzida, em um momento em que seu medicamento está sendo bem tolerado. Evite combinar se estiver fazendo ajustes na medicação;
  • Monitore como você se sente após a bebida: tontura, palpitação, queda de pressão ao levantar indicam interação medicamentosa;
  • Mantenha um estilo de vida saudável: reduza o sal, faça atividades físicas, mantenha o peso adequado e evite o álcool para controlar a pressão.

No geral, a recomendação é evitar bebidas em excesso ou diárias. Como vimos, o consumo habitual de álcool compromete a eficácia do tratamento e aumentam a pressão. Alguns estudos (2024) demonstraram que aqueles que bebem mais podem exigir doses maiores de medicamentos.

Na dúvida, evite o consumo de álcool enquanto estiver em tratamento

Em termos gerais, não é recomendado que se tome cerveja ou outro tipo de bebida alcoólica enquanto você estiver fazendo o tratamento contra a pressão alta. Há evidências claras de que o álcool interfere tanto diretamente na pressão como no funcionamento dos medicamentos anti-hipertensivos.

Pode ser que a interação aumente ainda mais a pressão, piore os efeitos colaterais ou reduza os efeitos do medicamento, comprometendo o tratamento como um todo.

Se você está em tratamento para hipertensão, o caminho mais seguro é sempre conversar com o seu médico sobre essa questão. Se possível, evite o consumo regular de cerveja. Em situações muito específicas, com boa estabilidade e com liberação médica, pode haver um consumo regrado. Mas até essa liberação, o médico precisa avaliar individualmente cada caso.

Referências

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