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Quem tem covid pode tomar dipirona? Veja o que dizem os especialistas

Esclareça as dúvidas sobre o uso de medicamentos para tratar os sintomas da covid-19 e saiba como agir com segurança.

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Saber se quem tem covid pode tomar dipirona é uma dúvida recorrente, fruto da desinformação que circulou durante a pandemia. Muitas pessoas ainda se sentem inseguras sobre como aliviar os sintomas de febre e dor. Por isso, entenda o que dizem os especialistas e como agir com segurança para cuidar da sua saúde.

Por que existe a dúvida sobre o uso de medicamentos na covid-19?

A dúvida sobre quais medicamentos usar na covid-19 surgiu no início da pandemia, com uma polêmica sobre os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno. Naquele momento, surgiu a hipótese de que esses medicamentos poderiam agravar a infecção. Consequentemente, as pessoas ficaram com receio de usar qualquer remédio por conta própria.

Diante da incerteza, órgãos de saúde globais e nacionais, incluindo a Anvisa, investigaram a questão. A conclusão foi que não existiam evidências científicas que comprovassem um risco aumentado. Ainda assim, a recomendação de cautela permaneceu, o que reforçou a importância da orientação médica antes de usar qualquer anti-inflamatório.

Porém, é preciso esclarecer que a dipirona pertence a outra classe de medicamentos: a dos analgésicos e antitérmicos. Embora ela possua uma leve ação anti-inflamatória, seu mecanismo principal é diferente e focado no alívio da dor e da febre. Por essa razão, ela nunca esteve no centro daquela controvérsia inicial.

Com o avanço do conhecimento sobre a doença, a preocupação inicial com os AINEs foi relativizada. Mas o episódio deixou um aprendizado importante sobre os perigos da automedicação em uma doença nova. Diante disso, a recomendação de sempre buscar um profissional de saúde antes de usar qualquer medicamento se solidificou.

A dipirona é segura para os sintomas da covid-19?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que o uso da dipirona é seguro para tratar os sintomas de febre e dor em quadros de covid-19. A recomendação geral de agências reguladoras é o uso de analgésicos e antitérmicos simples para o manejo dos sintomas leves da doença, e a dipirona se encaixa nessa categoria. O medicamento atua de forma direta no alívio desses desconfortos e não interfere na evolução da infecção viral.

É importante reforçar que  assim como outros analgésicos, a dipirona realiza um tratamento sintomático. Isso significa que ela trata apenas os sintomas (a febre e a dor), e não a causa da doença, que é o vírus. A sua função é trazer mais conforto ao paciente enquanto o sistema imunológico combate a infecção.

Apesar disso, a segurança do medicamento depende da ausência de contraindicações individuais. Pessoas com histórico de alergia à dipirona ou a outros medicamentos do grupo das pirazolonas não devem utilizá-la.  Pacientes com certas condições hematológicas ou problemas na medula óssea também podem ter restrições. Logo, o uso deve sempre seguir a orientação de um profissional de saúde.

Como a dipirona age para aliviar a febre e a dor?

A dipirona possui uma ação dupla para combater os sintomas mais comuns da covid-19. Sua ação antitérmica (contra a febre) ocorre no sistema nervoso central, mais especificamente no hipotálamo, que funciona como o "termostato" do nosso corpo. 

Durante uma infecção, substâncias inflamatórias fazem com que esse termostato seja "reajustado" para uma temperatura mais alta, causando a febre. A dipirona atua nesse centro de controle para ajudar a reverter esse ajuste e a restabelecer a temperatura corporal normal.

Sua ação analgésica (contra a dor) também acontece no sistema nervoso central e periférico. O medicamento atua e reduz a produção de certas substâncias, como as prostaglandinas, que são liberadas durante uma inflamação ou infecção e que sensibilizam os nervos para a dor. 

Dessa forma, ela diminui a percepção de dores no corpo, dor de cabeça e outros desconfortos comuns durante a infecção, o que melhora o bem-estar do paciente..

Quais as alternativas e os riscos da automedicação?

Com certeza. Vamos detalhar mais as alternativas e, principalmente, os perigos da automedicação, que é um ponto de grande relevância para a segurança do leitor.

Quais as alternativas e os riscos da automedicação?

Além da dipirona, o paracetamol é outro analgésico e antitérmico comumente indicado para os sintomas de febre e dor da covid-19. A escolha entre um e outro depende do histórico de saúde de cada pessoa. 

Por exemplo, pessoas com problemas no fígado devem ter cautela com o paracetamol, enquanto outros podem ter alergia à dipirona. Anti-inflamatórios como o ibuprofeno também podem ser uma opção, mas seu uso exige uma avaliação médica criteriosa.

A automedicação é sempre um risco e pode favorecer o aparecimento dos quadros mais graves. Tomar um medicamento sem prescrição pode levar a uma dosagem incorreta, com risco de toxicidade, ou causar reações adversas e interações perigosas com outros remédios que a pessoa já utiliza. Ainda, o alívio temporário dos sintomas pode mascarar a piora da doença e atrasar a busca por ajuda médica.

Diante disso, nunca use um medicamento apenas porque funcionou para outra pessoa. A orientação de um médico ou farmacêutico é o caminho mais seguro. Apenas um profissional pode avaliar suas condições de saúde, como a presença de outras doenças, e escolher o medicamento e a dose correta para o seu caso específico

Quando os sintomas de covid-19 exigem atenção médica?

Diversos casos de covid-19 se resolvem com repouso e manejo dos sintomas em casa, mas alguns sinais de alerta indicam a necessidade de uma avaliação médica imediata. Então, procure um serviço de saúde se apresentar febre persistente por mais de três dias, mesmo com o uso de antitérmicos.

Outros sinais de gravidade incluem dificuldade para respirar ou falta de ar, dor ou pressão persistente no peito, confusão mental ou sonolência excessiva, e coloração azulada nos lábios ou rosto (cianose). Estes podem ser indicativos de complicações e exigem uma ação rápida.

Não hesite em procurar um médico ou um serviço de saúde ao apresentar sintomas de covid-19. A avaliação profissional permite um diagnóstico correto, a orientação terapêutica adequada para o seu caso e o monitoramento seguro da sua saúde.

Referências bibliográficas

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Anvisa).  Uso de ibuprofeno em pacientes com Covid-19: saiba mais. Brasília, DF: Anvisa, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/uso-de-ibuprofeno-em-pacientes-com-covid-19-saiba-mais . Acesso em: 27 ago. 2025.

CLEVELAND CLINIC. Coronavirus (COVID-19). Cleveland Clinic, 2023. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/21214-coronavirus-covid-19 . Acesso em: 27 ago. 2025.

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de manejo clínico do coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20200327_N_01ProtocoloManejover0620200327l_4724439690741830970.pdf . Acesso em: 27 ago. 2025.