19/08/2025
Revisado em: 19/08/2025
A dor que persiste, o cansaço que não vai embora e a sensação de que algo não está certo: esses podem ser os primeiros sinais da fibromialgia.
Você sente dores generalizadas pelo corpo, fadiga extrema e dificuldade para ter um sono reparador? Essas sensações podem indicar a fibromialgia, uma síndrome crônica que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. A prevalência global da fibromialgia pode variar de acordo com a população, sendo a terceira desordem musculoesquelética mais comum.
A fibromialgia causa dor em múltiplas regiões do corpo, além de cansaço intenso, alterações de humor e problemas de memória e concentração. É uma condição complexa, muitas vezes subdiagnosticada, que impacta significativamente a qualidade de vida. Diferente de outras dores, a dor da fibromialgia não tem uma causa aparente ligada a lesões ou inflamações visíveis.
Em vez disso, ela está relacionada a um fenômeno de sensibilização central, caracterizado por uma disfunção nos neurocircuitos que envolvem a percepção, transmissão e processamento de estímulos dolorosos.
Isso leva a uma hipersensibilidade à dor, onde o paciente percebe a dor de forma amplificada. Fatores inflamatórios, imunológicos, endócrinos, genéticos e psicossociais também podem contribuir para a condição.
Ao sentir os sintomas da fibromialgia, surge a dúvida sobre qual profissional procurar. A resposta direta para "qual médico detecta fibromialgia" é o reumatologista. Este especialista é o mais indicado para realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento.
O médico reumatologista é o profissional com a formação e experiência necessárias para avaliar e diagnosticar doenças que afetam as articulações, ossos, músculos e tecidos conjuntivos, como a fibromialgia. Ele compreende a complexidade da dor crônica e os mecanismos envolvidos na síndrome.
Durante a consulta, o reumatologista fará uma anamnese detalhada, investigando seu histórico médico, a natureza de suas dores, a intensidade da fadiga e outros sintomas associados. Ele também realizará um exame físico, palpando pontos específicos do corpo para identificar as áreas de maior sensibilidade e dor.
Uma informação fundamental é que não existe um exame específico, seja de sangue ou de imagem, que detecte a fibromialgia. O diagnóstico é essencialmente clínico. Isso significa que ele é feito com base na avaliação dos sintomas relatados pelo paciente e no exame físico realizado pelo médico.
Desde 2010, os critérios diagnósticos da American College of Rheumatology (ACR) baseiam-se em dois parâmetros principais: o índice de dor difusa e a escala de gravidade dos sintomas, que incluem aspectos somáticos e cognitivos. O exame de pontos sensíveis ainda é importante para uma avaliação completa.
O reumatologista pode solicitar exames laboratoriais, como os exames de sangue, para descartar outras condições médicas com sintomas semelhantes. Excluir doenças como hipotireoidismo, artrite reumatoide ou lúpus é um passo crucial para confirmar o diagnóstico de fibromialgia.
Dessa forma, garante-se que a dor não é decorrente de outras causas tratáveis.
Não hesite em buscar ajuda médica se você apresentar os seguintes sintomas de forma persistente: dores generalizadas no corpo por mais de três meses, sem causa aparente ou lesão; fadiga crônica que não melhora com o descanso; problemas de sono, como insônia ou sono não reparador; e dificuldades de concentração ou memória, conhecida como "névoa cerebral".
Além disso, sintomas como rigidez matinal, dores de cabeça, síndrome do intestino irritável e sensibilidade a ruídos ou temperaturas também são comuns na fibromialgia. Quanto antes você procurar o médico, mais rápido poderá ter um diagnóstico e iniciar o manejo adequado da condição, melhorando sua qualidade de vida.
Embora o reumatologista seja o especialista primário para o diagnóstico, o tratamento da fibromialgia geralmente envolve uma equipe multidisciplinar. A combinação de diferentes abordagens terapêuticas pode oferecer o melhor alívio dos sintomas e a melhora funcional do paciente.
Em alguns casos, um neurologista pode ser envolvido no tratamento, especialmente se houver sintomas neurológicos proeminentes, como dormência, formigamento ou distúrbios de sensibilidade. O neurologista pode ajudar a entender e manejar a dor que se origina no sistema nervoso central.
A dor crônica e a fadiga da fibromialgia podem levar a quadros de ansiedade, depressão e estresse. O acompanhamento com um psiquiatra ou psicólogo é fundamental para ajudar o paciente a lidar com o impacto emocional da doença, desenvolver estratégias de enfrentamento e melhorar o bem-estar mental.
Terapias como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) são eficazes, com estudos mostrando melhora na dor, qualidade de vida, humor, incapacidade e fadiga.
A TCC também pode melhorar a qualidade do sono, reduzir a ansiedade e a depressão em pacientes com fibromialgia. Além disso, a terapia baseada em mindfulness tem demonstrado melhorias na dor, depressão, ansiedade, qualidade do sono e qualidade de vida.
Estudos indicam que pacientes com fibromialgia frequentemente apresentam problemas cognitivos, como dificuldades de atenção e funções executivas. Embora alguns desses problemas possam ser explicados pela gravidade dos sintomas depressivos, outros parecem ser específicos da fibromialgia.
Por exemplo, a memória de curto prazo e a desatenção estão associadas à depressão, enquanto a atenção seletiva é afetada tanto pela depressão quanto pela fibromialgia.
A fisioterapia desempenha um papel crucial no manejo da fibromialgia. Exercícios aeróbicos, como caminhada moderada, alongamento, corrida leve e ciclismo, são recomendados e podem melhorar significativamente a qualidade de vida, intensidade da dor, rigidez, função física e fadiga. Seus efeitos benéficos podem durar até 208 semanas.
O treinamento de força com resistência também é eficaz, melhorando a dor, fadiga, força muscular e capacidade funcional. A combinação de exercícios aeróbicos e de resistência pode ser a melhor abordagem para aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida. Exercícios aquáticos também demonstraram reduzir a dor e melhorar a função física, sendo uma opção segura e acessível.
A massoterapia, incluindo a liberação miofascial leve a moderada ou a massagem sueca, pode reduzir a dor, melhorar a qualidade do sono e a qualidade de vida. Uma pesquisa mostrou que aproximadamente 80% dos pacientes com fibromialgia apoiam ou estariam dispostos a praticar massagem e acupressão para aliviar os sintomas.
A alimentação pode influenciar os sintomas da fibromialgia. Um nutricionista pode orientar sobre dietas anti-inflamatórias e identificar alimentos que possam agravar ou aliviar os sintomas em cada indivíduo. A nutrição adequada contribui para a redução da fadiga e melhora do bem-estar geral.
Embora não haja uma dieta específica universalmente recomendada devido à limitação de estudos, a suplementação de vitamina D pode ser considerada se houver deficiência, pois pode ajudar a reduzir a dor e outros sintomas. Antioxidantes e vitaminas também podem ser úteis no manejo dos sintomas.
Em situações onde a dor é severa e de difícil controle, um médico especialista em dor (também conhecido como algologista) pode ser consultado. Este profissional é treinado em diversas técnicas para o manejo da dor crônica, incluindo procedimentos intervencionistas e terapias complementares, que podem oferecer alívio adicional.
Terapias de movimento tradicionais, como Tai Chi e Yoga, são categorizadas como terapias mente-corpo e são recomendadas como tratamentos complementares. O Tai Chi, por exemplo, pode melhorar significativamente a dor, a qualidade do sono, reduzir a fadiga e os sintomas de depressão, além de melhorar a qualidade de vida física e psicológica. Uma pesquisa mostrou que mais de 80% dos pacientes apoiam ou estariam dispostos a praticar Tai Chi.
A Yoga também demonstrou ser eficaz na redução de sintomas depressivos e de ansiedade, e na melhoria da qualidade do sono. Aproximadamente 85% das pacientes femininas expressaram apoio ou vontade de praticar Yoga para aliviar os sintomas da fibromialgia. O Pilates, por sua vez, pode reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida, especialmente quando combinado com exercícios aeróbicos aquáticos para melhorar o sono.
Acupuntura e ventosaterapia são práticas da Medicina Tradicional Chinesa que têm mostrado resultados promissores. A acupuntura pode reduzir a dor e melhorar o bem-estar geral, com efeitos duradouros por até três meses ou mais. Não foram relatados eventos adversos graves associados à acupuntura.
A ventosaterapia também demonstrou reduzir significativamente a dor e melhorar a qualidade de vida, incluindo a dor corporal, vitalidade e saúde mental, além de diminuir a fadiga. Não houve relatos de eventos adversos relacionados à ventosaterapia nos estudos analisados.
A oxigenoterapia hiperbárica pode reduzir significativamente a dor, melhorar os pontos sensíveis, a fadiga, o funcionamento multidimensional, o bem-estar geral e os distúrbios do sono em pacientes com fibromialgia. Embora alguns eventos adversos tenham sido relatados, nenhum foi grave.
A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) são técnicas não invasivas que podem reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida. A ETCC, em particular, mostrou melhorias significativas na dor, depressão e função física.
A terapia a laser de baixa intensidade pode aliviar a dor, reduzir a fadiga, a rigidez e mitigar sintomas de depressão e ansiedade em pacientes com fibromialgia, sem relatos de efeitos adversos. A hidroterapia e a balneoterapia, que incluem banhos em águas termais ou minerais, também podem reduzir a dor e melhorar a qualidade do sono.
Terapias baseadas em realidade virtual (VRBT) e jogos de exercícios (exergames) são métodos inovadores que demonstraram melhorias significativas em escores de impacto da fibromialgia, dor, equilíbrio, capacidade aeróbica, fadiga, qualidade de vida, ansiedade e depressão, especialmente em mulheres.
A educação em saúde é uma intervenção não farmacológica importante, que deve ser integrada em todo o processo de tratamento. Ela pode aumentar a conscientização sobre a doença, métodos de exercício e tratamento, aliviando a dor e melhorando a qualidade de vida. A educação em neurociência da dor (PNE) adiciona benefícios significativos na severidade da fibromialgia, intensidade da dor e depressão.
Intervenções de autogestão, que incluem aconselhamento psicológico, atividade física, educação em saúde, terapias mente-corpo e modificações no estilo de vida, podem melhorar a função física e reduzir a dor a curto e longo prazo.
A musicoterapia pode aliviar os sintomas depressivos, reduzir a dor e melhorar os escores de impacto da fibromialgia. Cerca de 80% dos pacientes com fibromialgia expressaram apoio ou vontade de experimentar a musicoterapia.
A dançaterapia demonstrou reduzir significativamente os escores de impacto da fibromialgia e a dor, além de melhorar a qualidade de vida. Quando elementos criativos são incorporados, como dança aquática ou terapêutica, a eficácia pode ser ainda maior. Uma pesquisa indicou que aproximadamente 90% dos pacientes apoiam ou estariam dispostos a fazer dançaterapia.
Conviver com a fibromialgia é um desafio diário, mas um diagnóstico precoce e um plano de tratamento abrangente podem fazer uma grande diferença. A colaboração entre o reumatologista e outros especialistas é a chave para gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Cada profissional contribui com uma peça importante para o quebra-cabeça do tratamento.
Apesar da importância da abordagem multidisciplinar, serviços de saúde para fibromialgia podem ser inconsistentes e com acesso limitado, especialmente em relação a terapias não farmacológicas e serviços de saúde mental. Pacientes frequentemente relatam dificuldades em acessar apoio e uma falta de caminhos de cuidado coordenados.
Não há uma "cura" para a fibromialgia, mas o tratamento foca em aliviar a dor, reduzir a fadiga e melhorar o sono. A adesão ao plano de tratamento, que pode incluir medicamentos, terapias não farmacológicas e mudanças no estilo de vida, é essencial. O apoio da família e a participação em grupos de apoio também são benéficos.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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