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Febre amarela: quais são os sintomas e como se proteger?

Saiba identificar os sinais da febre amarela, entender a progressão da doença e descobrir as melhores formas de prevenção.

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Quando você sente um mal-estar repentino, com febre alta e dores no corpo, é natural se preocupar. No caso da febre amarela, doença viral grave transmitida por mosquitos infectados, esses sintomas podem ser os primeiros sinais. A doença tem um ciclo de manifestação que pode variar bastante, desde casos assintomáticos até quadros graves que exigem atenção médica imediata.

A nível global, a febre amarela causa cerca de 81.000 mortes anualmente, com aproximadamente 89% delas ocorrendo na África. Em 1990, foram relatados pelo menos 200.000 casos e 30.000 mortes em todo o mundo, destacando a persistência e o impacto da doença. 

A infecção ocorre pela picada do mosquito e o vírus se incuba no corpo humano por um período que varia de 3 a 6 dias, podendo, em alguns casos, chegar a 15 dias.

Quais são os sintomas iniciais da febre amarela?

A fase inicial da febre amarela, também conhecida como fase febril, geralmente dura de 3 a 4 dias e pode ser facilmente confundida com outras infecções comuns. É importante estar atento a um conjunto de sintomas que surgem de forma súbita. 

São eles:

  • Febre alta: Ocorre de forma repentina e persistente.
  • Calafrios: Acompanham a febre, muitas vezes intensos.
  • Dor de cabeça intensa: Pode ser um sintoma bastante incômodo.
  • Dores musculares e nas costas: Generalizadas, afetando o corpo todo.
  • Náuseas e vômitos: Podem surgir no início da doença.
  • Fadiga e fraqueza: Um cansaço extremo e sensação de mal-estar geral.
  • Perda de apetite: Redução ou ausência de vontade de comer.

Após essa fase, a maioria dos pacientes apresenta melhora. Contudo, em uma pequena parcela, cerca de 12% dos pacientes infectados, a doença evolui para uma fase mais grave.

O que acontece nos casos graves de febre amarela?

A forma grave da febre amarela é caracterizada por uma segunda fase da doença, que pode ser fatal. Após uma breve remissão dos sintomas iniciais (período em que o paciente pode se sentir melhor), há um agravamento do quadro clínico. 

Os sintomas se tornam mais severos e preocupantes, e a taxa de letalidade para casos graves varia de 30% a 60%.

  • Retorno da febre: Novamente alta e persistente.
  • Icterícia: Coloração amarelada da pele e do branco dos olhos. É essa manifestação que dá o nome à doença.
  • Hemorragias: Podem ocorrer sangramentos em diversas partes do corpo, como nariz, gengivas, trato gastrointestinal (com vômitos que parecem "borra de café" ou fezes escuras) e até na pele.
  • Albuminúria: Presença de albumina na urina, indicando comprometimento renal.
  • Diminuição da urina: Sinal de insuficiência renal.
  • Alterações neurológicas: Em casos mais avançados, podem surgir delírios, convulsões e até coma.
  • Choque: Uma condição grave em que a pressão arterial cai perigosamente.

Quais órgãos podem ser afetados pela febre amarela?

Nos casos graves, o vírus da febre amarela ataca múltiplos órgãos, com destaque para o fígado, os rins e o coração. O comprometimento hepático é responsável pela icterícia e pode levar à insuficiência hepática, com morte de células do fígado. 

A lesão renal pode evoluir para insuficiência renal aguda, também com morte de células renais. Em alguns casos, o coração também pode ser afetado, levando a complicações cardíacas.

É possível não ter sintomas de febre amarela?

Sim, é possível. Algumas pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela podem ser assintomáticas, ou seja, não manifestam nenhum sinal ou sintoma da doença. Nesses casos, a infecção pode passar despercebida, mas o indivíduo desenvolve imunidade.

Como a febre amarela é transmitida?

É fundamental esclarecer que a febre amarela não é contagiosa, o que significa que não se transmite de pessoa para pessoa. A única forma de transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados com o vírus. 

A doença pode ser transmitida por meio de três ciclos principais: o silvestre (entre primatas não humanos e mosquitos), o urbano (entre humanos e mosquitos) e o intermediário ou da savana (na África, entre humanos que vivem perto da selva).

Nas áreas urbanas, o principal vetor é o Aedes aegypti, o mesmo mosquito que transmite a dengue. Em áreas silvestres, a transmissão ocorre por mosquitos dos gêneros HaemagogusSabethes.

A fragmentação de florestas, por exemplo, pode aumentar a proximidade entre humanos e primatas não humanos, ampliando o risco de transmissão zoonótica da febre amarela.

A mobilidade humana também desempenha um papel crucial na disseminação do vírus. Em 2016, cerca de 45,2 milhões de viajantes internacionais partiram de áreas endêmicas de febre amarela. 

Desse total, 11,7 milhões tinham como destino cidades não endêmicas, mas que eram adequadas para a transmissão viral. Desses viajantes, 7,7 milhões (65,7%) não precisaram apresentar comprovante de vacinação na chegada, conforme estudo publicado no Bulletin of the World Health Organization. 

Isso ressalta a importância de políticas de vacinação consistentes para evitar epidemias urbanas.

Quando procurar ajuda médica?

Ao apresentar os sintomas iniciais da febre amarela, especialmente se você vive ou viajou para áreas de risco, procure imediatamente um serviço de saúde. 

O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico são cruciais para o manejo da doença e para prevenir o desenvolvimento de formas graves. Informe sempre ao profissional de saúde sobre viagens recentes ou a sua residência em áreas com circulação do vírus.

Como prevenir a febre amarela?

A prevenção é a ferramenta mais poderosa contra a febre amarela. Medidas simples e eficazes podem proteger você e sua família da doença.

A vacinação é a principal medida?

Sim, a vacinação é a principal e mais eficaz forma de prevenção da febre amarela. Uma única dose da vacina oferece proteção vitalícia contra a doença, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde do Brasil para a maioria das pessoas. 

A vacina confere imunidade efetiva em 80% a 100% das pessoas vacinadas em até 10 dias, e em mais de 99% em até 30 dias.

A vacina é segura e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Verifique o calendário de vacinação e as recomendações para sua região ou antes de viajar para áreas de risco. 

Essa baixa cobertura é uma preocupação de saúde pública e exige atenção dos formuladores de políticas.

Há outras formas de prevenção?

Além da vacinação, outras medidas podem complementar a proteção, especialmente em áreas onde a doença é endêmica ou durante surtos:

  • Evitar picadas de mosquito: Use repelentes em áreas expostas da pele e, se possível, roupas de manga longa e calças.
  • Utilizar telas de proteção: Em janelas e portas para impedir a entrada de mosquitos em casa.
  • Eliminar focos de mosquitos: Remova recipientes que possam acumular água parada, como pneus velhos, vasos de plantas e garrafas, para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Diferença entre sintomas da febre amarela e dengue: O que saber?

É comum que os sintomas iniciais da febre amarela sejam confundidos com os da dengue, pois ambas as doenças podem causar febre alta, dor de cabeça, dores musculares e náuseas. No entanto, algumas distinções podem ser notadas:

  • Icterícia e hemorragias graves: São manifestações muito mais comuns e marcantes nos casos graves de febre amarela do que na dengue, sendo consideradas características patognomônicas da febre amarela.
  • Evolução do quadro: Embora ambas possam ter formas graves, a febre amarela é tipicamente associada a um risco maior de comprometimento hepático e renal severo, com taxas de letalidade significativamente mais altas.

Apesar das semelhanças, apenas um profissional de saúde pode realizar o diagnóstico correto por meio de exames clínicos e laboratoriais específicos. Portanto, diante de qualquer sintoma, a busca por atendimento médico é indispensável.

Proteja-se contra a febre amarela

A febre amarela é uma doença séria, mas seus riscos podem ser minimizados com informação e prevenção. 

Conhecer os sintomas iniciais e avançados permite buscar ajuda médica rapidamente, aumentando as chances de um desfecho favorável. A vacinação continua sendo a estratégia mais eficaz para a proteção individual e coletiva, especialmente para aqueles que vivem ou pretendem viajar para regiões com a presença do vírus.

Mantenha-se informado, proteja-se e, em caso de dúvida ou sintomas, procure sempre a orientação de um profissional de saúde. Sua vida é a sua maior prioridade.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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