20/08/2025
Revisado em: 27/08/2025
Entender como os nossos hábitos e condições de saúde podem sobrecarregar o coração é o primeiro passo para a prevenção e uma vida mais longa e saudável.
As doenças do sistema cardiovascular representam a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Segundo dados do Ministério da Saúde, são cerca de 400 mil mortes por ano no país, o que equivale a uma a cada 90 segundos.
Esses números mostram a importância de entender o que são essas condições. As doenças do sistema cardiovascular abrangem um conjunto de problemas que afetam o coração e os vasos sanguíneos.
Para facilitar o entendimento, pense no sistema como uma casa: as doenças podem comprometer desde o "encanamento" (as artérias que entopem) até a "bomba" principal (o músculo do coração).
As condições mais conhecidas dentro desse grupo são a doença arterial coronariana, que é o entupimento das artérias do próprio coração e pode levar ao infarto, e o acidente vascular cerebral (AVC), que afeta a circulação do cérebro.
Além delas, a insuficiência cardíaca, que é o enfraquecimento do músculo cardíaco, e a hipertensão arterial (pressão alta), que sobrecarrega todo o sistema, também são doenças do sistema cardiovascular muito prevalentes.
As principais causas das doenças cardiovasculares não se resumem a um único fator, mas sim a uma interação complexa entre a genética e o estilo de vida. A raiz da maioria dos problemas graves, como o infarto e o AVC, é um processo silencioso e progressivo chamado aterosclerose.
Pense na aterosclerose como a formação de ferrugem e entupimento em canos. Tudo começa com pequenas lesões na parede interna das artérias, que podem ser causadas por fatores como a pressão alta ou as toxinas do cigarro. Então, o corpo inicia uma resposta inflamatória para "cicatrizar" essa lesão.
É nesse ponto que o excesso de colesterol LDL (o "colesterol ruim") se aproveita da situação e se deposita no local, dando início à formação da placa de ateroma: uma massa composta por gordura, células inflamatórias e cálcio.
Com o tempo, essa placa cresce, endurece e estreita a artéria, dificultando a passagem do sangue. Esse processo é acelerado por um conjunto de fatores de risco para doenças cardiovasculares. Os principais são a hipertensão arterial, o colesterol elevado, o diabetes, o tabagismo e o sedentarismo.
A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma das "inimigas silenciosas" do coração. Ela é definida pela força constantemente elevada que o sangue exerce contra as paredes das artérias. Essa agressão contínua e silenciosa danifica o sistema cardiovascular por duas vias principais: o dano direto aos vasos sanguíneos e a sobrecarga imposta ao coração.
Nos vasos, a pressão elevada agride a camada interna e delicada das artérias (o endotélio), a deixando mais rígida e facilitando a formação das placas de aterosclerose. Para o coração, o impacto é o de um trabalho forçado e ininterrupto. Para conseguir bombear o sangue contra essa resistência, o músculo cardíaco precisa fazer muito mais força a cada batida.
Com o tempo, assim como qualquer músculo do corpo que é excessivamente exercitado, o coração começa a engrossar, em um processo chamado hipertrofia ventricular esquerda.
Inicialmente, essa é uma resposta de adaptação, mas com o passar dos anos, um coração hipertrofiado pode se tornar rígido e enfraquecido, perdendo sua capacidade de bombear o sangue de forma eficiente.
Essa condição pode evoluir para a insuficiência cardíaca, uma das consequências mais graves da hipertensão não tratada.
A relação entre o colesterol e o risco cardiovascular é direta e a primeira coisa que se precisa saber é que o colesterol não viaja sozinho no sangue. Ele é transportado por proteínas, formando pacotes chamados lipoproteínas e as duas mais importantes nessa história são a LDL e a HDL.
A LDL (lipoproteína de baixa densidade) tem a função de entregar o colesterol para as células do corpo. Quando há um excesso de LDL na circulação, o famoso "colesterol ruim", essas partículas podem se infiltrar e se depositar na parede das artérias, dando início a um processo inflamatório que é a base para a formação da placa de aterosclerose.
Por outro lado, a HDL (lipoproteína de alta densidade) tem a função de remover o excesso de colesterol da circulação e das artérias, o levando de volta para o fígado para ser eliminado. É por essa ação protetora que ela é conhecida como o "colesterol bom".
O risco cardiovascular surge quando há um desequilíbrio: muito LDL circulando e pouco HDL para fazer a limpeza, esse cenário acelera o acúmulo de gordura nas artérias. Por isso, ter o colesterol total acima de 200 com um LDL alto e um HDL baixo é um sinal de alerta que exige atenção e cuidado.
O nosso estilo de vida tem um impacto direto na saúde cardiovascular. Dessa forma, hábitos como o sedentarismo e uma dieta desequilibrada criam um ambiente interno favorável ao desenvolvimento da aterosclerose.
Um estilo de vida inativo enfraquece o coração como músculo e compromete a saúde dos vasos. A falta de atividade física regular está associada ao aumento da pressão arterial, à elevação dos níveis de colesterol ruim (LDL) e à dificuldade do corpo em gerenciar o açúcar no sangue, fatores que aceleram o dano às artérias.
Por sua vez, a alimentação desregrada fornece a matéria-prima para a formação das placas de gordura. Uma dieta rica em gorduras saturadas e trans, sódio (sal) e açúcar contribui para a elevação do colesterol, o aumento da pressão arterial e o surgimento de inflamações crônicas nos vasos sanguíneos.
Outro destaque negativo é o tabagismo, um dos agressores mais potentes. As substâncias tóxicas do cigarro danificam a delicada parede interna das artérias, de forma a torná-las mais propensas ao acúmulo de gordura. E tem mais: a nicotina aumenta a frequência cardíaca, eleva a pressão arterial e torna o sangue mais propenso a formar coágulos.
Por fim, o estresse crônico sobrecarrega todo o sistema. A liberação constante de hormônios como cortisol e adrenalina mantém a pressão arterial e os batimentos cardíacos elevados, o que a longo prazo desgasta o coração e as artérias, aumentando o risco de um evento cardiovascular agudo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria das mortes prematuras por doenças cardiovasculares pode ser evitada com o controle dos fatores de risco. A prevenção se baseia nas seguintes atitudes:
Além das mudanças de hábitos, o acompanhamento médico regular também é importante. Logo, medir a pressão arterial e verificar os níveis de colesterol e glicose no sangue periodicamente são as melhores atitudes para identificar os problemas em sua fase inicial.
A saúde do coração é construída com as escolhas que fazemos todos os dias. Ao conhecer as principais causas das doenças cardiovasculares, você ganha o poder de agir de forma consciente para proteger seu bem-estar e ter uma vida mais longa e saudável.
Referências bibliográficas:
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Cardiovascular diseases. Geneva: WHO, 2023. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds>. Acesso em: 11 ago. 2025.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Diretrizes da OMS sobre atividade física e comportamento sedentário. Geneva: WHO, 2020. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240015128. Acesso em: 11 ago. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). Hipertensão. São Paulo: SBC, [s.d.]. Disponível em: https://www.portal.cardiol.br/post/principais-doen%C3%A7as-cardiovasculares-hipertens%C3%A3o. Acesso em: 11 ago. 2025.
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