Revisado em: 26/11/2025
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Bactérias, vírus e parasitas causam infecções em decorrência da água suja

A água é fundamental para a sobrevivência e a saúde humana. Mas quando está contaminada se transforma em um veículo de transmissão de diversas condições, representando risco à saúde pública.
As doenças de veiculação hídrica são aquelas em que a água é o principal meio de transporte de microrganismos ou substâncias tóxicas que causam doenças. O saneamento básico precário, com a falta de água tratada e coleta de esgoto expõe as pessoas ao risco.
Além de crises hídricas e de desastres naturais como enchentes e alagamentos. Tudo isso aumenta a concentração dos microrganismos e o contato da população com águas infectadas. Elevando assim a incidência de doenças como leptospirose, hepatite A e tétano.
Se teve contato com água contaminada, não adie a procura por um médico especialista. Agende sua consulta agora mesmo com um infectologista.
As doenças transmitidas pela água (DTA), também chamadas de doenças de veiculação hídrica podem ser causadas por diferentes agentes etiológicos. Podem ser bactérias, vírus, parasitas ou toxinas.
A leptospirose é transmitida pela bactéria Leptospira, eliminada pela urina dos ratos. A infecção ocorre pelo contato direto da pele com água ou lama contaminadas. É muito comum em enchentes, quando as águas do esgoto se misturam com a água da chuva.
O tempo de contato com a água contaminada pela urina do roedor aumenta o risco de contágio. A doença causa sintomas como a febre súbita, que pode passar dos 38ºC, dor de cabeça e calafrios.
A dor no corpo também pode estar presente, principalmente na panturrilha, além da falta de apetite, náuseas e vômitos. Em casos graves, pode evoluir para icterícia (peles e olhos amarelados), hemorragias e insuficiência renal.
A cólera é causada pela Vibrio cholerae. É uma doença caracterizada pela infecção intestinal aguda, resultando em uma diarreia aquosa intensa. A diarreia pode levar rapidamente à desidratação grave, e caso não seja tratada pode levar ao óbito.
A transmissão é predominantemente hídrica, ocorrendo pela ingestão de água ou alimentos contaminados com o microrganismo.
Provocada pela Salmonella entérica sorotipo Typhi, ela está ligada a condições precárias de saneamento e higiene. Os sintomas incluem febre alta, mal-estar, dor de cabeça, vômitos, dores abdominais e diarreia com sangue.
Em casos mais graves pode resultar em perfuração intestinal, levando o paciente a óbito. Alguns pacientes são contaminados e não apresentam um quadro clínico, mas eliminam os microrganismos pelas fezes e pela urina, provocando a disseminação da doença.
O tétano não é contagioso e é gerado por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani.
Ela pode ser encontrada em fezes de animais e seres humanos. Assim como na terra, plantas e em objetos. Quando o indivíduo contrai a doença através de lesões na pele, ela pode se tornar grave.
A infecção atinge o fígado e é causada pelo vírus A. Ela é transmitida via fecal-oral. Isso significa dizer que a transmissão ocorre pelo contato com fezes humanas contaminadas. A ingestão de água ou alimentos infectados é a principal via, sendo um problema em locais com esgoto não tratado.
Em muitos casos a infecção pode ser assintomática ou gerar sintomas leves. São eles: fadiga, náuseas e vômitos, dor abdominal, febre e icterícia . A cura da doença costuma ser espontânea, mas em sua forma grave pode levar à morte rapidamente.
A infecção por rotavírus é uma das principais causas de diarreia grave e óbitos em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, de acordo com a Secretaria de Saúde do estado da Bahia. Os casos mais graves ocorrem em crianças até os 2 anos de idade.
A giardíase acomete o intestino delgado e provoca diarreia crônica, cólicas abdominais, náusea, flatulência e fraqueza. O contágio ocorre por alimentos e água não tratada que contenham os cistos dos protozoários.
O problema pode afetar o crescimento e desenvolvimento das crianças contaminadas, já que interfere diretamente na absorção de nutrientes.
Em locais onde o saneamento não é adequado, ela é transmitida pela ingestão de alimentos ou água contaminada por fezes.
A infecção atinge o intestino grosso. Diarreia, constipação, dor abdominal, febre e sensibilidade no abdômen podem fazer parte do quadro clínico do paciente.
O parasita Schistosoma é o responsável por essa doença transmitida pela água. Conhecida como barriga d’água, pode causar um acometimento grave do intestino e do fígado.
Em sua fase aguda, pode desencadear diarreia, febre, dores de cabeça, náusea, vômitos e emagrecimento. Já na fase crônica os sintomas são diferentes, podendo ocorrer o aumento do fígado.
A água parada pode aumentar o número de mosquitos, propiciando a transmissão de doenças como dengue, zika ou chikungunya. Elas são transmitidas pelo Aedes aegypti, mas possuem sintomas específicos.
A febre alta, dores musculares, falta de apetite, mal-estar e manchas vermelhas na pele são características típicas da dengue. Já a zika é caracterizada pelo aparecimento da febre, dores nas articulações e conjuntivite. Em gestantes, pode causar microcefalia no feto e problemas oculares.
Sintomas como a febre aguda e o acometimento crônico das articulações (pode persistir por vários meses) são vistos na chikungunya. A drenagem das águas da chuva é fundamental para combater essas arboviroses.
A transmissão de doenças transmitidas pela água se dá pela ingestão ou contato direto com água contaminada por fezes ou urina de pessoas ou animais infectados.
A ingestão é a via de contaminação mais comum. Além de ocorrer quando o indivíduo bebe água não tratada, também ocorre através do consumo de gelo com água contaminada. Ingerir alimentos crus ou mal cozidos que foram lavados ou preparados com água também aumenta o risco.
A contaminação da água geralmente se dá por causa do despejo de esgoto não tratado em rios, lagos ou reservatórios.
O contato direto é outra via de transmissão. Ele acontece quando a pele entra em contato com a água contaminada. Esse é o principal modo de disseminação da leptospirose e esquistossomose.
O diagnóstico das doenças transmitidas pela água é realizado por um médico, que vai verificar os sintomas e o histórico de exposição do paciente à água contaminada.
A suspeita diagnóstica é feita com base nos sintomas que o indivíduo apresenta e nas informações de que o paciente esteve em contato ou consumiu água de fonte suspeita. A confirmação é feita com exames laboratoriais.
O médico pode solicitar exames de fezes, como meio de identificar parasitas e bactérias. Os exames de sangue são mais utilizados para diagnosticar vírus e bactérias, como no caso da leptospirose e hepatite A.
O tratamento varia de acordo com o problema. Para as diarreias e vômitos o foco é a reidratação, para repor a perda de líquidos e eletrólitos. Em alguns casos podem ser necessários medicamentos para controlar os sintomas.
A leptospirose e a febre tifoide exigem tratamento com antibióticos. Ele deve ser iniciado o mais rápido possível para evitar complicações graves. Nas infecções ocasionadas por protozoários e vermes são administrados antiparasitários.
No caso da hepatite A, o tratamento é de suporte, pois a cura na maioria dos casos é espontânea. A terapêutica visa o repouso e o alívio dos sintomas, caso ocorram.
Além dos cuidados individuais, a prevenção passa por ações de saneamento básico. Quando possível, é necessário beber apenas água tratada, fervida ou filtrada. Em algumas situações de emergência, a desinfecção pode ser feita com hipoclorito de sódio (água sanitária) na proporção correta.
Também é importante lavar bem as mãos com água tratada e sabão. A higienização deve ser feita antes de manipular alimentos e após usar o banheiro. É preciso também lavar e cozinhar adequadamente frutas, verduras e legumes.
Uma outra forma de prevenção é evitar ao máximo o contato com água de enchentes, alagamentos ou esgoto. Se o contato for inevitável, o recomendado é usar botas e luvas de borracha ou sacos plásticos amarrados nos pés e braços.
Nesses casos, é recomendado lavar a área exposta com água e sabão. Caso não haja, o álcool pode ser utilizado. Antes de usar novamente as roupas contaminadas é necessário lavá-las com água quente e sabão.
Tomar vacinas contra o tétano e a hepatite A são formas de prevenção. Além de não jogar lixo em locais impróprios e garantir o descarte adequado do esgoto, já que a falta de saneamento é a principal causa da contaminação hídrica.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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