19/08/2025
Revisado em: 19/08/2025
Entender o que pode aumentar a chance de desenvolver um câncer de mama é o primeiro passo para um cuidado mais consciente e preventivo.
A presença de casos de câncer de mama na família é um dos fatores que mais gera preocupação, e é importante entender o que isso realmente significa. De fato, o histórico familiar aumenta o risco, mas a grande maioria dos casos da doença não tem ligação com a genética.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), apenas uma pequena parcela, cerca de 5% a 10% de todos os diagnósticos, é considerada hereditária. Nesses casos, a doença ocorre quando existe uma mutação em genes específicos que são passados de geração em geração, como os conhecidos BRCA1 e BRCA2.
Esses genes funcionam como "freios" naturais do nosso corpo, impedindo que as células se multipliquem de forma descontrolada. Uma mutação herdada significa que a pessoa já nasce com um desses freios com defeito, o que aumenta a chance de um tumor se desenvolver.
A suspeita de um fator hereditário se torna mais forte quando há casos de parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico antes dos 50 anos, câncer de mama em homens na família ou múltiplos parentes com a doença. Nesses cenários, uma investigação com um médico geneticista pode ser recomendada.
A idade é o fator de risco que mais influencia no desenvolvimento do câncer de mama. A doença é relativamente rara em mulheres jovens e, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), sua incidência aumenta a partir dos 50 anos. Esse aumento está ligado ao processo natural de envelhecimento, que expõe nossas células a um tempo maior de possíveis falhas genéticas.
Ao longo da vida, as células das mamas se multiplicam e, a cada divisão, existe uma pequena chance de ocorrer uma mutação. Com o passar dos anos, o acúmulo desses pequenos erros pode levar a uma falha que dá origem a uma célula cancerígena. Por essa razão, os programas de rastreamento com mamografia são focados nessa faixa etária.
O principal hormônio feminino é o estrogênio e ao longo da vida da mulher, ele tem um papel central no desenvolvimento do câncer de mama. A função natural desse hormônio é estimular a multiplicação das células mamárias.
Por essa razão, quanto maior for o tempo de exposição a ele ao longo da vida, maior será o número de ciclos de divisão celular, o que aumenta a chance de ocorrer uma falha genética que dê origem a um tumor.
A história reprodutiva de cada mulher influencia o tempo total de exposição ao estrogênio, mas é preciso entender esses fatores no contexto correto, sem alarde. Eventos como a primeira menstruação antes dos 12 anos ou a menopausa tardia (após os 55 anos) são apenas uma peça no quebra-cabeça do risco individual. Eles ampliam a janela de exposição hormonal e são levados em conta na avaliação médica, mas não determinam sozinhos o risco individual.
Por outro lado, a gestação e a amamentação conferem um efeito protetor. Durante esses períodos, os ciclos ovulatórios são interrompidos, o que funciona como uma "pausa" no estímulo hormonal constante sobre as mamas. Ainda, a gravidez promove uma maturação final das células mamárias, o que as torna mais resistentes a futuras mutações.
É importante contextualizar essa informação com a realidade social. De acordo com dados recentes do Censo do IBGE, a porcentagem de mulheres que não tiveram filhos está em ascensão no Brasil.
Embora, do ponto de vista estatístico, a ausência de gestação seja um fator a ser considerado, este é apenas um dos muitos elementos que influenciam na saúde das mamas e não deve ser uma fonte de angústia. A prevenção e o cuidado devem focar nos fatores de risco que podemos modificar, como os hábitos de vida, e na rotina de acompanhamento médico.
O uso de terapia de reposição hormonal na menopausa também é um ponto de atenção. Indicada para aliviar os sintomas do climatério, ela consiste na reposição dos hormônios que os ovários deixaram de produzir.
O uso dessa terapia, especialmente a que combina estrogênio e progesterona, pode aumentar o risco de câncer de mama e deve ser uma decisão discutida em detalhes com o médico, pesando os benefícios e os riscos para cada caso.
A detecção precoce é a estratégia que mais aumenta as chances de cura. Ela se baseia em três pilares:
A combinação desses cuidados, que fazem parte dos exames ginecológicos preventivos, permite um diagnóstico do câncer de mama em um estágio inicial, quando o tratamento é menos agressivo e as chances de sucesso são muito maiores.
A jornada de cuidado com as mamas é contínua e baseada na informação. Conhecer os fatores de risco não é para gerar medo, mas para empoderar você a tomar as melhores decisões pela sua saúde, em parceria com seu médico.
Referências bibliográficas:
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). Rastreamento do Câncer de Mama. São Paulo: FEBRASGO, 2018. (Recomendação FEBRASGO, n. 4/Comissão Nacional Especializada em Mamografia). Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/295-como-foram-feitas-as-recomendacoes-para-o-rastreamento-do-cancer-de-mama. Acesso em: 07 ago. 2025
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