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Pressão baixa: identifique os sintomas e saiba como agir

Saiba reconhecer os sinais da hipotensão, suas causas e as melhores práticas para lidar com a condição no dia a dia.

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Quem nunca sentiu aquela tontura súbita ao levantar da cama, ou uma fraqueza repentina no meio do dia? Essas sensações, embora comuns, podem ser sinais de que a sua pressão arterial está mais baixa que o normal. Conhecer os sintomas da pressão baixa, também chamada de hipotensão, é fundamental para agir corretamente e buscar ajuda quando necessário.

O que é a pressão baixa e quando ela se torna preocupante?

A pressão arterial é a força que o sangue exerce contra as paredes das artérias enquanto o coração bombeia. Considera-se pressão baixa quando os valores são iguais ou inferiores a 90/60 mmHg (milímetros de mercúrio), popularmente conhecida como "9 por 6". 

Entretanto, é importante ressaltar que para muitas pessoas, ter a pressão naturalmente baixa é uma condição normal e assintomática, que não causa problemas de saúde.

A preocupação surge quando essa queda na pressão provoca sintomas incômodos ou perigosos. Isso porque o fluxo sanguíneo reduzido pode comprometer o transporte de oxigênio e nutrientes essenciais para órgãos vitais, como o cérebro e o coração. 

Assim, mesmo valores considerados "normais" para alguns podem ser baixos e sintomáticos para outros.

Em pacientes adultos submetidos a cirurgias não cardíacas, o risco de desfechos negativos, como lesões cardíacas, renais e do sistema nervoso central, aumenta à medida que a duração e a profundidade da pressão arterial média (PAM) caem abaixo de 65 mmHg. 

Estudos indicam que a hipotensão intraoperatória, mesmo por períodos breves (1 a 5 minutos) com PAM abaixo de 55 mmHg, está associada a complicações pós-operatórias graves, incluindo lesão renal aguda e aumento da mortalidade.

Uma meta-análise recente, que incluiu 13 estudos e mais de 34 mil pacientes, revelou uma associação significativa entre hipotensão durante a internação em unidades de terapia intensiva e o aumento da mortalidade, com uma chance 1,45 vezes maior de óbito em comparação com pacientes sem hipotensão, conforme publicado na Intensive Care Medicine. 

A gravidade da hipotensão também importa: pressões arteriais médias abaixo de 60 mmHg ou sistólicas abaixo de 90 mmHg foram consistentemente associadas à mortalidade, enquanto pressões médias abaixo de 55 mmHg foram ligadas à lesão renal aguda.

Quais são os principais sintomas da pressão baixa?

Os sinais da hipotensão podem variar de pessoa para pessoa e dependem da intensidade da queda de pressão. Reconhecê-los é o primeiro passo para saber como agir. 

Alguns dos sintomas mais comuns incluem:

Tontura e sensação de desmaio

A tontura é, talvez, o sintoma mais relatado de pressão baixa. A sensação de cabeça leve, vertigem ou de que o ambiente está girando pode ser acompanhada de uma premonição de desmaio. 

Em casos mais graves, a perda temporária de consciência, o desmaio propriamente dito, pode ocorrer, aumentando o risco de quedas e lesões. As manifestações clínicas da hipotensão são variadas, podendo incluir desde lentidão cognitiva e quedas inexplicáveis até pré-síncope e síncope clássicas, que é a perda temporária da consciência.

Fraqueza e cansaço excessivo

A falta de energia, fraqueza muscular e uma fadiga incomum, mesmo após períodos de descanso, são sinais de que o corpo não está recebendo oxigênio suficiente. Essa sensação de exaustão pode ser persistente e impactar as atividades diárias, tornando tarefas simples mais difíceis.

Visão turva e palidez

Quando a pressão arterial cai, o fluxo sanguíneo para os olhos pode ser afetado, causando visão embaçada, turva ou até mesmo "visão de túnel". A pele também pode se apresentar pálida e fria, especialmente nas extremidades, indicando má circulação.

Náuseas e suor frio

Algumas pessoas experimentam náuseas, desconforto estomacal e até vômitos em episódios de hipotensão. O suor frio, que deixa a pele úmida e fria ao toque, é outro sintoma comum, refletindo a resposta do corpo à diminuição do fluxo sanguíneo.

Coração acelerado (taquicardia)

O coração pode tentar compensar a pressão baixa bombeando mais rápido para manter o fluxo sanguíneo para os órgãos. Essa aceleração dos batimentos cardíacos, conhecida como taquicardia, pode ser percebida como palpitações ou uma sensação de que o coração está "disparado".

Dificuldade de concentração e confusão mental

Com menos sangue chegando ao cérebro, a capacidade cognitiva pode ser afetada. Dificuldade para se concentrar, raciocinar claramente, ou uma sensação de confusão mental podem surgir, prejudicando o desempenho em tarefas que exigem foco.

Outros sinais de alerta

Além dos sintomas listados, a pressão baixa pode manifestar-se por sonolência excessiva, bocejos frequentes e, em alguns casos, dores no pescoço ou nas costas. É fundamental estar atento a qualquer alteração no bem-estar.

O que pode causar a pressão baixa?

A hipotensão pode ser desencadeada por diversos fatores, desde situações corriqueiras até condições médicas mais sérias. 

Compreender as causas ajuda na prevenção e no manejo:

  • Desidratação: a falta de líquidos no corpo, seja por baixa ingestão, diarreia, vômitos ou febre alta, diminui o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão.
  • Mudanças de posição (hipotensão postural/ortostática): uma queda brusca de pressão ao levantar-se rapidamente de uma posição sentada ou deitada. É comum, mas pode ser mais severa em algumas condições.
  • Condições médicas: certas doenças cardíacas (insuficiência cardíaca, problemas de válvula), distúrbios endócrinos (doenças da tireoide, insuficiência adrenal) e condições neurológicas podem afetar a regulação da pressão.
  • Uso de medicamentos: diuréticos, remédios para hipertensão, antidepressivos, medicamentos para disfunção erétil e alguns para problemas cardíacos podem ter a hipotensão como efeito colateral.
  • Gravidez: o sistema circulatório da gestante se expande rapidamente, o que pode levar a quedas temporárias de pressão no início da gravidez.
  • Deficiências nutricionais: anemia por deficiência de vitamina B12 ou folato pode causar hipotensão.
  • Infecções graves: em casos de infecções sistêmicas (sepse), a pressão arterial pode cair perigosamente.

A anestesia raquidiana, frequentemente usada em cirurgias abdominais e de membros inferiores, é uma causa comum de hipotensão, afetando entre 16% e 33% dos pacientes, especialmente os idosos. 

Em cesarianas, a queda de pressão é o efeito adverso mais comum da anestesia raquidiana, podendo causar tontura, náuseas e, em casos graves, riscos à mãe e ao bebê, como falta de oxigênio e danos cerebrais.

O que fazer na hora da queda de pressão?

Se você ou alguém próximo começar a sentir os sintomas de pressão baixa, algumas medidas podem ajudar a aliviar o desconforto e estabilizar a situação:

  1. Deite-se e eleve as pernas: deitar-se em um local seguro e elevar as pernas acima do nível do coração (cerca de 30 centímetros) ajuda o sangue a retornar ao cérebro e aos órgãos vitais. A administração de fluidos intravenosos e o uso de medicamentos vasopressores, como epinefrina, são estratégias empregadas em ambientes clínicos para aliviar a hipotensão.
  2. Ingerir líquidos: beba água, água de coco ou sucos naturais. A hidratação é fundamental para aumentar o volume sanguíneo. Evite bebidas alcoólicas, que podem desidratar.
  3. Evite movimentos bruscos: levante-se devagar, especialmente ao sair da cama ou de uma cadeira, para dar tempo ao corpo de se ajustar à nova posição.
  4. Ventile o ambiente: em locais abafados, a sensação de mal-estar pode piorar. Procure um ambiente fresco e arejado.
  5. Cuidado com o sal: embora o sal ajude a reter líquidos e possa aumentar a pressão a longo prazo, não há evidências científicas de que colocar sal debaixo da língua resolva uma crise de pressão baixa imediatamente. 

O ideal é focar na hidratação e, se for o caso, consumir alimentos levemente salgados em quantidades moderadas.

Quando procurar um médico para pressão baixa?

Mesmo que a pressão baixa possa ser benigna em alguns casos, é essencial procurar orientação médica nas seguintes situações:

  • Os sintomas são frequentes, intensos ou começam a interferir nas atividades diárias.
  • Você desmaia ou tem sensação de desmaio com frequência.
  • A queda de pressão acontece de forma súbita e sem causa aparente.
  • Há suspeita de que a hipotensão possa estar relacionada a alguma condição médica subjacente, como problemas cardíacos ou hormonais.
  • Você está grávida e apresenta episódios recorrentes de pressão baixa.
  • Você iniciou um novo medicamento e começou a ter sintomas de hipotensão.

Um profissional de saúde poderá avaliar o seu histórico, realizar exames e determinar a causa da hipotensão, indicando o tratamento mais adequado.

Como prevenir episódios de pressão baixa?

Algumas medidas simples no dia a dia podem ajudar a prevenir a ocorrência de sintomas de pressão baixa:

  • Hidrate-se constantemente: beba bastante água ao longo do dia, especialmente em climas quentes ou durante a prática de exercícios físicos.
  • Alimente-se regularmente: faça refeições menores e mais frequentes para evitar longos períodos de jejum.
  • Levante-se devagar: ao mudar de posição, faça-o de forma gradual. Sente-se na cama por um minuto antes de se levantar completamente, por exemplo.
  • Evite banhos muito quentes: a água quente pode dilatar os vasos sanguíneos, levando a uma queda de pressão.
  • Use meias de compressão: em alguns casos, o médico pode recomendar o uso de meias de compressão para ajudar a melhorar o retorno venoso do sangue.
  • Pratique exercícios físicos regulares: a atividade física contribui para a saúde cardiovascular e ajuda a regular a pressão arterial. Consulte sempre um médico antes de iniciar qualquer programa de exercícios.

Em procedimentos cirúrgicos que utilizam anestesia raquidiana, a técnica unilateral tem se mostrado promissora. 

Um estudo com 1358 pacientes demonstrou que a anestesia raquidiana unilateral está associada a uma redução significativa na ocorrência de hipotensão (38% menos casos) e na necessidade de vasopressores (31% menos), conforme publicado no European Journal of Anaesthesiology. 

Essa técnica também pode reduzir a incidência de náuseas e vômitos (20% menos) e dores de cabeça (44% menos) pós-procedimento. Além disso, a recuperação do bloqueio sensorial pode ser mais rápida com doses menores de anestésico. No entanto, é importante notar que a qualidade da evidência para esses achados é considerada baixa, e mais pesquisas são necessárias.

Para a hipotensão ortostática, que é a queda de pressão ao se levantar, abordagens não farmacológicas são prioritárias. Isso inclui a interrupção de medicamentos que reduzem a pressão arterial, a adoção de medidas de estilo de vida, como manobras de contrapressão (cruzar as pernas ou apertar as mãos), e, em casos selecionados, o uso de agentes farmacológicos.

Entender os sintomas da pressão baixa e saber como reagir é crucial para o seu bem-estar. Não hesite em buscar aconselhamento médico se as quedas de pressão se tornarem uma preocupação constante. 

A Rede Américas oferece o suporte necessário para cuidar da sua saúde com excelência.

 

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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