20/08/2025
Revisado em: 27/08/2025
Saiba reconhecer os sinais da hipotensão, suas causas e as melhores práticas para lidar com a condição no dia a dia.
Quem nunca sentiu aquela tontura súbita ao levantar da cama, ou uma fraqueza repentina no meio do dia? Essas sensações, embora comuns, podem ser sinais de que a sua pressão arterial está mais baixa que o normal. Conhecer os sintomas da pressão baixa, também chamada de hipotensão, é fundamental para agir corretamente e buscar ajuda quando necessário.
A pressão arterial é a força que o sangue exerce contra as paredes das artérias enquanto o coração bombeia. Considera-se pressão baixa quando os valores são iguais ou inferiores a 90/60 mmHg (milímetros de mercúrio), popularmente conhecida como "9 por 6".
Entretanto, é importante ressaltar que para muitas pessoas, ter a pressão naturalmente baixa é uma condição normal e assintomática, que não causa problemas de saúde.
A preocupação surge quando essa queda na pressão provoca sintomas incômodos ou perigosos. Isso porque o fluxo sanguíneo reduzido pode comprometer o transporte de oxigênio e nutrientes essenciais para órgãos vitais, como o cérebro e o coração.
Assim, mesmo valores considerados "normais" para alguns podem ser baixos e sintomáticos para outros.
Em pacientes adultos submetidos a cirurgias não cardíacas, o risco de desfechos negativos, como lesões cardíacas, renais e do sistema nervoso central, aumenta à medida que a duração e a profundidade da pressão arterial média (PAM) caem abaixo de 65 mmHg.
Estudos indicam que a hipotensão intraoperatória, mesmo por períodos breves (1 a 5 minutos) com PAM abaixo de 55 mmHg, está associada a complicações pós-operatórias graves, incluindo lesão renal aguda e aumento da mortalidade.
Uma meta-análise recente, que incluiu 13 estudos e mais de 34 mil pacientes, revelou uma associação significativa entre hipotensão durante a internação em unidades de terapia intensiva e o aumento da mortalidade, com uma chance 1,45 vezes maior de óbito em comparação com pacientes sem hipotensão, conforme publicado na Intensive Care Medicine.
A gravidade da hipotensão também importa: pressões arteriais médias abaixo de 60 mmHg ou sistólicas abaixo de 90 mmHg foram consistentemente associadas à mortalidade, enquanto pressões médias abaixo de 55 mmHg foram ligadas à lesão renal aguda.
Os sinais da hipotensão podem variar de pessoa para pessoa e dependem da intensidade da queda de pressão. Reconhecê-los é o primeiro passo para saber como agir.
Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
A tontura é, talvez, o sintoma mais relatado de pressão baixa. A sensação de cabeça leve, vertigem ou de que o ambiente está girando pode ser acompanhada de uma premonição de desmaio.
Em casos mais graves, a perda temporária de consciência, o desmaio propriamente dito, pode ocorrer, aumentando o risco de quedas e lesões. As manifestações clínicas da hipotensão são variadas, podendo incluir desde lentidão cognitiva e quedas inexplicáveis até pré-síncope e síncope clássicas, que é a perda temporária da consciência.
A falta de energia, fraqueza muscular e uma fadiga incomum, mesmo após períodos de descanso, são sinais de que o corpo não está recebendo oxigênio suficiente. Essa sensação de exaustão pode ser persistente e impactar as atividades diárias, tornando tarefas simples mais difíceis.
Quando a pressão arterial cai, o fluxo sanguíneo para os olhos pode ser afetado, causando visão embaçada, turva ou até mesmo "visão de túnel". A pele também pode se apresentar pálida e fria, especialmente nas extremidades, indicando má circulação.
Algumas pessoas experimentam náuseas, desconforto estomacal e até vômitos em episódios de hipotensão. O suor frio, que deixa a pele úmida e fria ao toque, é outro sintoma comum, refletindo a resposta do corpo à diminuição do fluxo sanguíneo.
O coração pode tentar compensar a pressão baixa bombeando mais rápido para manter o fluxo sanguíneo para os órgãos. Essa aceleração dos batimentos cardíacos, conhecida como taquicardia, pode ser percebida como palpitações ou uma sensação de que o coração está "disparado".
Com menos sangue chegando ao cérebro, a capacidade cognitiva pode ser afetada. Dificuldade para se concentrar, raciocinar claramente, ou uma sensação de confusão mental podem surgir, prejudicando o desempenho em tarefas que exigem foco.
Além dos sintomas listados, a pressão baixa pode manifestar-se por sonolência excessiva, bocejos frequentes e, em alguns casos, dores no pescoço ou nas costas. É fundamental estar atento a qualquer alteração no bem-estar.
A hipotensão pode ser desencadeada por diversos fatores, desde situações corriqueiras até condições médicas mais sérias.
Compreender as causas ajuda na prevenção e no manejo:
A anestesia raquidiana, frequentemente usada em cirurgias abdominais e de membros inferiores, é uma causa comum de hipotensão, afetando entre 16% e 33% dos pacientes, especialmente os idosos.
Em cesarianas, a queda de pressão é o efeito adverso mais comum da anestesia raquidiana, podendo causar tontura, náuseas e, em casos graves, riscos à mãe e ao bebê, como falta de oxigênio e danos cerebrais.
Se você ou alguém próximo começar a sentir os sintomas de pressão baixa, algumas medidas podem ajudar a aliviar o desconforto e estabilizar a situação:
O ideal é focar na hidratação e, se for o caso, consumir alimentos levemente salgados em quantidades moderadas.
Mesmo que a pressão baixa possa ser benigna em alguns casos, é essencial procurar orientação médica nas seguintes situações:
Um profissional de saúde poderá avaliar o seu histórico, realizar exames e determinar a causa da hipotensão, indicando o tratamento mais adequado.
Algumas medidas simples no dia a dia podem ajudar a prevenir a ocorrência de sintomas de pressão baixa:
Em procedimentos cirúrgicos que utilizam anestesia raquidiana, a técnica unilateral tem se mostrado promissora.
Um estudo com 1358 pacientes demonstrou que a anestesia raquidiana unilateral está associada a uma redução significativa na ocorrência de hipotensão (38% menos casos) e na necessidade de vasopressores (31% menos), conforme publicado no European Journal of Anaesthesiology.
Essa técnica também pode reduzir a incidência de náuseas e vômitos (20% menos) e dores de cabeça (44% menos) pós-procedimento. Além disso, a recuperação do bloqueio sensorial pode ser mais rápida com doses menores de anestésico. No entanto, é importante notar que a qualidade da evidência para esses achados é considerada baixa, e mais pesquisas são necessárias.
Para a hipotensão ortostática, que é a queda de pressão ao se levantar, abordagens não farmacológicas são prioritárias. Isso inclui a interrupção de medicamentos que reduzem a pressão arterial, a adoção de medidas de estilo de vida, como manobras de contrapressão (cruzar as pernas ou apertar as mãos), e, em casos selecionados, o uso de agentes farmacológicos.
Entender os sintomas da pressão baixa e saber como reagir é crucial para o seu bem-estar. Não hesite em buscar aconselhamento médico se as quedas de pressão se tornarem uma preocupação constante.
A Rede Américas oferece o suporte necessário para cuidar da sua saúde com excelência.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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