Para que serve o protetor solar? Mitos, riscos e uso correto

Diante de questionamentos sobre sua eficácia, a ciência reforça: o protetor solar é indispensável para prevenir o câncer de pele e o envelhecimento.

O câncer de pele (não melanoma) é o tipo de câncer mais frequente no Brasil, representando cerca de 33% de todos os diagnósticos da doença, conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A principal causa dessa alta incidência é a exposição desprotegida à radiação ultravioleta.
Recentemente, a segurança e a eficácia do protetor solar têm sido temas de discussão pública, com questionamentos sobre sua composição e seu papel na saúde. Diante da circulação dessas informações, órgãos como a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) reforçam que a fotoproteção é uma medida essencial, clinicamente comprovada.
Acompanhe para entender a função essencial do protetor solar, desmistificar os questionamentos sobre a Vitamina D e aprender a usar o protetor solar corretamente.

Afinal, para que serve o protetor solar?

O protetor solar serve como uma barreira química e/ou física indispensável entre a pele e a radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol. Essa radiação, composta pelos raios UVA e UVB, é a principal ameaça à saúde cutânea.
A função primária do protetor solar é prevenir os riscos causados por essa exposição, que se manifestam em dois níveis principais: a prevenção de doenças e a prevenção do envelhecimento.

Prevenção do câncer de pele

O uso regular do protetor solar é a medida mais eficaz na prevenção contra o câncer de pele. O produto atua para:

• Bloquear danos no DNA: os raios UVA e UVB danificam o material genético das células da pele, o que é o ponto de partida para a formação de tumores. O protetor solar, ao absorver ou refletir a radiação, evita esses danos celulares;
• Reduzir casos de carcinoma e melanoma: a UVB é a responsável direta pelas queimaduras solares (eritema), e a UVA penetra profundamente.

Ao bloquear ambas, o protetor solar reduz significativamente a incidência de cânceres comuns (carcinomas basocelular e espinocelular) e do tipo mais grave, o melanoma.

Prevenção do fotoenvelhecimento

Além da prevenção do câncer, o protetor solar serve para manter a saúde estética e estrutural da pele ao longo do tempo. A radiação UV acelera o desgaste das fibras de colágeno e elastina. O protetor solar é essencial para:

• Evitar o envelhecimento precoce: ele previne a quebra dessas fibras essenciais, o que retarda o surgimento de rugas, linhas de expressão e a flacidez da pele;
• Controlar o surgimento de manchas: a proteção solar inibe a produção excessiva de melanina que leva ao surgimento de manchas, hiperpigmentação e melasma, que são agravados pela exposição desprotegida;
• Proteger em dias nublados: mesmo sem sol aparente, o UV pode atravessar as nuvens e refletir em superfícies. O protetor solar garante que a proteção seja constante, evitando o dano cumulativo.

Dessa forma, a fotoproteção diária se consolida como o hábito mais eficaz para garantir não apenas a saúde, mas também a longevidade e a beleza da pele, prevenindo os danos que se acumulam silenciosamente ao longo dos tempo.

Desmistificando o protetor solar: o mito da Vitamina D

Um dos argumentos frequentemente levantados é que o protetor solar bloqueia a produção de Vitamina D, essencial para o organismo. Contudo, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e estudos internacionais esclarecem:

• Embora os raios UVB sejam necessários para a síntese da vitamina D, o uso típico e diário do protetor solar não impede que o corpo produza a quantidade necessária da vitamina;
• A dose de UVB necessária para a síntese de vitamina D é baixa. Mesmo o uso ideal do protetor permite a absorção suficiente, e em casos de deficiência, a suplementação oral é a forma mais segura e controlada de corrigir o problema, sem expor a pele ao risco de câncer.

As alegações de que o protetor solar causaria câncer ou seria tóxico são categoricamente desmentidas pela comunidade científica. Os produtos disponíveis no mercado são seguros e passam por testes rigorosos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) antes de serem comercializados.

Como usar o protetor solar corretamente?

Para garantir a máxima eficácia e os benefícios do produto, siga as orientações da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD):
A SBD recomenda que seja usado um protetor solar com Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo de 30, com proteção tanto contra raios UVA quanto contra UVB.
A aplicação correta é crucial:
O produto deve ser aplicado 30 minutos antes da exposição ao sol, ainda em casa, para que a pele o absorva. A quantidade ideal recomendada pela SBD segue a "Regra da Colher de Chá": uma colher de chá rasa para o rosto, pescoço e couro cabeludo; e três colheres de sopa para o corpo, distribuídas uniformemente.
Reaplicação: O produto deve ser reaplicado a cada duas horas de exposição contínua ao sol. A reaplicação também é obrigatória após mergulhar, transpirar excessivamente ou secar-se com toalha.
Medidas Complementares: Lembre-se que o protetor solar é uma medida secundária. É essencial usar barreiras físicas como chapéu, óculos de sol e roupas com proteção UV, e evitar a exposição solar nos horários de pico, entre 9h e 15h.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Estimativa 2023: Incidência de Câncer no Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/estimativa/2023/incidencia-de-cancer-no-brasil-2023.pdf. Acesso em: Out. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA (SBD). Guia de Fotoproteção e Orientações para a População. Disponível em: https://issuu.com/sbd.br/docs/sbd-guiafotoprotecao. Acesso em: Out. 2025.
SBD. Cuidados diários com a pele. Disponível em: https://www.sbd.org.br/cuidados/cuidados-diarios-com-a-pele/. Acesso em: Out. 2025.