25/08/2025
Revisado em: 25/08/2025
A imunoterapia é um tratamento inovador que usa o próprio sistema de defesa do corpo para combater o câncer de forma eficaz.
Ao receber um diagnóstico de câncer, muitas perguntas surgem, especialmente sobre os tratamentos disponíveis. Entre as diversas opções, a imunoterapia tem se destacado como uma abordagem revolucionária, oferecendo uma nova esperança para pacientes. Mas, afinal, para que serve a imunoterapia e como ela consegue combater uma doença tão complexa?
Imagine o sistema imunológico como um exército altamente treinado, encarregado de proteger o corpo contra invasores, como vírus e bactérias. Normalmente, ele também é capaz de identificar e eliminar células anormais, incluindo as células cancerígenas, antes que se tornem um problema. A imunoterapia é um tipo de tratamento que visa exatamente isso: fortalecer e "reeducar" esse exército para que ele possa reconhecer e atacar o câncer de maneira mais eficaz. Ela atua no sistema imunológico do paciente, estimulando-o a reconhecer e destruir as células tumorais, o que a torna um pilar essencial no tratamento de diversos tipos de tumor.
Nosso sistema imunológico possui células especializadas, como os linfócitos T, que patrulham o corpo constantemente. Elas são programadas para distinguir entre células saudáveis ("próprias") e células estranhas ou doentes ("não próprias").
Ao encontrar uma ameaça, essas células iniciam uma resposta para eliminá-la, mantendo o organismo protegido.
As células cancerígenas são, na verdade, células do próprio corpo que sofreram mutações. Com o tempo, elas desenvolvem mecanismos para "esconder" sua anormalidade do sistema imunológico ou para "desligar" a resposta imune que deveria atacá-las.
É como se elas colocassem um "freio" nas células de defesa, permitindo que o tumor cresça e se espalhe sem ser combatido.
A imunoterapia age de diversas formas para reverter essa situação. Em vez de atacar diretamente as células cancerígenas, como a quimioterapia ou a radioterapia, ela trabalha com o sistema imunológico do paciente.
O objetivo principal é remover os "freios" que impedem o sistema imune de agir, ou dar a ele as ferramentas necessárias para que ele identifique e destrua as células tumorais. Isso é feito ao melhorar a capacidade do próprio sistema imunológico em identificar e eliminar as células cancerosas.
De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde (BVSMS) do Ministério da Saúde, a imunoterapia busca combater o avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente.
A imunoterapia abrange diferentes abordagens, cada uma com um mecanismo específico para impulsionar a resposta imune. Existem diversas modalidades, como inibidores de checkpoints imunológicos (ICI), terapia celular adotiva, vacinas contra o câncer, terapia com vírus oncolíticos e moduladores do sistema imunológico. As principais abordagens incluem:
Esses medicamentos são os mais comuns na imunoterapia. Eles atuam bloqueando proteínas nas células do sistema imunológico (como PD-1 ou CTLA-4) ou nas células tumorais (como PD-L1), que funcionam como os "freios" mencionados anteriormente.
Ao bloquear esses "freios", os inibidores de checkpoint liberam as células T, permitindo que elas reconheçam e ataquem o câncer.
Esse bloqueio reativa a imunidade contra o tumor, muitas vezes utilizando anticorpos monoclonais contra os receptores de checkpoints imunológicos encontrados nas células de defesa ou nas células tumorais. É como tirar o pé do freio para o sistema imunológico acelerar a luta contra o tumor.
Nesse tratamento avançado, linfócitos T do próprio paciente são coletados e modificados em laboratório. Eles recebem um receptor (CAR - Receptor de Antígeno Quimérico) que os torna capazes de identificar especificamente proteínas nas células cancerígenas.
Após a modificação, essas células T "reprogramadas" são cultivadas em grande número e reintroduzidas no paciente por infusão. Elas se tornam uma verdadeira força-tarefa direcionada ao tumor.
São proteínas criadas em laboratório que agem como os anticorpos naturais do corpo. Eles podem se ligar a alvos específicos nas células cancerígenas, marcando-as para que o sistema imunológico as reconheça e destrua. Outros anticorpos monoclonais podem bloquear sinais que o tumor usa para crescer ou sobreviver.
Diferente das vacinas preventivas, essas vacinas são desenvolvidas para tratar um câncer já existente. Elas contêm substâncias que "ensinam" o sistema imunológico a reconhecer e atacar antígenos específicos presentes nas células tumorais. O objetivo é estimular uma resposta imune duradoura contra o câncer.
A imunoterapia tem se mostrado eficaz para um número crescente de tipos de câncer, especialmente em estágios avançados ou metastáticos, onde a doença se espalhou para outras partes do corpo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), no Brasil, a imunoterapia está aprovada para tratar:
É importante ressaltar que a indicação da imunoterapia depende de diversos fatores, como o tipo específico e estágio do câncer, características genéticas do tumor e o histórico de saúde do paciente.
A imunoterapia apresenta várias vantagens que a diferenciam de outros tratamentos oncológicos:
Embora geralmente menos agressiva que a quimioterapia, a imunoterapia não é isenta de efeitos colaterais. Como ela estimula o sistema imunológico, pode ocorrer que as células de defesa ataquem tecidos saudáveis do corpo, causando reações autoimunes.
Os efeitos podem variar e incluem:
Além dos efeitos colaterais, existem desafios. O custo dos medicamentos imunoterápicos é elevado no Brasil, o que pode dificultar o acesso para alguns pacientes, conforme abordado pela SBOC e BVSMS.
Outro ponto é que a imunoterapia não é eficaz para todos, e a pesquisa continua para entender por que alguns pacientes respondem melhor do que outros.
O tratamento com imunoterapia é frequentemente administrado em ciclos, de forma semelhante à quimioterapia.
A forma mais comum de aplicação é por infusão intravenosa (na veia), em clínicas ou hospitais, durante sessões que podem durar de alguns minutos a algumas horas. A frequência e a duração do tratamento variam de acordo com o tipo de câncer, o medicamento utilizado e a resposta do paciente, sempre sob rigorosa supervisão médica.
A imunoterapia representa um avanço significativo no tratamento do câncer, mas sua indicação é complexa e altamente individualizada. Somente um médico oncologista poderá avaliar seu caso, considerando o tipo e estágio do câncer, seu histórico de saúde e outros fatores relevantes.
Ele ou ela indicará se a imunoterapia é a opção mais adequada e qual o protocolo de tratamento mais eficaz para você. O acompanhamento profissional é crucial para monitorar a resposta ao tratamento e manejar quaisquer efeitos colaterais que possam surgir.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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