27/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
Saiba como identificar a cólica no bebê e como aliviar o desconforto
É madrugada. A casa está em silêncio, mas o choro do seu bebê ecoa alto: não só nos ouvidos, mas no peito. Você já trocou a fralda, ofereceu o peito, conferiu a temperatura. Mesmo assim, o desconforto não passa. Ele se contorce, enruga a testa, fecha os punhos. E você se pergunta, entre o cansaço e a culpa: o que fazer quando o bebê está com cólica?
Quem está vivendo isso pela primeira vez sabe: a cólica é mais do que um problema fisiológico. É uma prova de resistência para o bebê e para quem cuida.
Nos primeiros meses de vida, o sistema digestivo ainda está se organizando. O intestino precisa aprender a lidar com o leite, com os gases, com os movimentos internos. É tudo muito novo, para ele e para você. Por isso, é comum que a cólica surja com força entre o 15º dia de vida e o terceiro mês.
A boa notícia é que ela passa. A má notícia: até passar, pode trazer muitas noites mal dormidas, sensação de impotência e uma série de tentativas frustradas. E, ainda assim, cada cuidado importa, mesmo quando parece não fazer efeito imediato.
A cólica costuma seguir um padrão:
Se além disso houver febre, vômito em jato, recusa total em mamar ou sangue nas fezes, é preciso buscar atendimento médico. Esses não são sintomas de cólica.
Separamos abaixo algumas medidas práticas e seguras, baseadas em orientações pediátricas, que você pode testar.
Só que o que funciona para um bebê pode não funcionar para outro. E tudo bem. Se esse for o seu caso, é importante buscar ajuda médica.
Muitas vezes, a forma como o bebê está deitado faz diferença. Uma posição clássica é colocá-lo de bruços no seu antebraço, com a cabeça voltada para fora e a barriguinha apoiada na palma da sua mão.
Faça movimentos suaves, caminhe devagar. O calor da sua pele ajuda a aliviar a tensão abdominal.
Use óleo vegetal ou creme neutro e massageie a barriga do bebê com movimentos circulares, no sentido horário. Essas massagens leves podem ajudar a estimular o intestino.
Você também pode dobrar delicadamente as perninhas do bebê em direção à barriga por alguns segundos, soltando em seguida, repetindo devagar.
Se o bebê está cercado por barulho, televisão ligada, luz forte e pessoas falando ao mesmo tempo, ele pode ficar ainda mais agitado.
Diminua os estímulos.
Apague as luzes.
Abrace o silêncio e ofereça a ele o som do seu coração e a firmeza do seu abraço.
Um banho morno pode ajudar o corpo a relaxar e aliviar a dor. A água quentinha remete à memória intrauterina, o que pode acalmar o bebê.
Parece óbvio, mas não é: bebês sentem o que você sente. Se você estiver ansiosa, tensa ou frustrada, seu bebê pode reagir ainda mais.
Respire fundo, peça para alguém segurar o bebê por alguns minutos se necessário, e volte com calma.
Você está aprendendo a lidar com a situação e isso exige pausas.
Não existe “vício” em colo. Aliás, esse tipo de afirmação pode prejudicar o momento entre mãe e filho. O que existe é o vínculo. E é esse vínculo que seu bebê precisa agora.
Um corpo pequeno, com dores que não sabe nomear, só encontra consolo no seu toque, no seu cheiro, na sua presença. Tenha paciência: ele está aprendendo a lidar com informações que até então desconhecia.
Se você está amamentando, observe se o bebê está engolindo muito ar. Uma pega incorreta pode causar mais gases.
Já se o bebê usa fórmula, converse com o pediatra sobre possíveis ajustes ou trocas.
A maioria das cólicas não precisa de medicação. Mas, se o choro for muito intenso e recorrente, o pediatra pode avaliar o uso de probióticos, simeticona ou outras substâncias.
Nunca ofereça remédios por conta própria, nem mesmo aqueles “chazinhos da vovó”, principalmente nos primeiros meses.
Crianças menores de 6 meses não devem ingerir nada além de leite (materno ou fórmula), a menos que exista uma orientação expressa do médico.
Ficar noites em claro com um bebê que não para de chorar é exaustivo. Mas há algo que ninguém te conta com a intensidade que deveria: você tem o direito de se sentir cansada. De chorar. De querer dormir. Isso não te faz menos mãe ou menos pai. Isso te faz humano.
Peça ajuda. Divida turnos. Revezem. Não aceite o peso da maternidade ou da paternidade como uma tarefa solitária. Bebês são intensos, mas também são temporários.
E quando essa fase passar, você vai se lembrar que deu conta, mesmo quando achou que não conseguiria.
Às vezes, a melhor resposta para o que fazer quando o bebê está com cólica não está numa técnica, mas na atitude: estar com ele. Segurando, cantando baixinho, andando de um lado para o outro sem saber se vai funcionar.
Você não precisa ser perfeita. Precisa ser presente.
E isso, você já está fazendo.
Referências bibliográficas
MD SAÚDE. Cólicas do bebê. MD Saúde, 2024. Disponível em: https://www.mdsaude.com/pediatria/colicas-bebe/ . Acesso em: 22 ago. 2025.
CUF. Cólicas no bebê: aprenda a aliviá-las. CUF – Hospitais e Clínicas, 2023. Disponível em: https://www.cuf.pt/mais-saude/colicas-no-bebe-aprenda-alivia-las . Acesso em: 22 ago. 2025.
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SERGIPE. Neonatologista explica como aliviar cólicas de bebês. Saúde Sergipe, 2022. Disponível em: https://saude.se.gov.br/neonatologista-explica-como-aliviar-colicas-de-bebes/ . Acesso em: 22 ago. 2025.
DRAUZIO VARELLA. Cólica em bebês: por que eles sentem dor? Drauzio Varella, 2021. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/pediatria/colica-em-bebes-por-que-eles-sentem-dor/ . Acesso em: 22 ago. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Cólica do lactente. SBP – Pediatria para Famílias, 2023. Disponível em: https://www.sbp.com.br/pediatria-para-familias/primeira-infancia/colica-do-lactente/ . Acesso em: 22 ago. 2025.
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