20/08/2025
Revisado em: 02/09/2025
Conheça hábitos e técnicas cientificamente comprovadas para ter noites de sono tranquilas e despertar com mais energia e bem-estar.
Você já se pegou revirando na cama, olhando para o teto, enquanto o relógio avança e o cansaço do dia seguinte já começa a pesar? Essa experiência é comum, mas um sono insuficiente ou de má qualidade afeta muito mais do que apenas o seu humor ao acordar.
Dormir bem é um pilar fundamental para a sua saúde integral. Durante o sono, o corpo e a mente realizam processos vitais, como a reparação celular, a consolidação da memória e a regulação hormonal.
Estudos indicam que a qualidade do sono é um fator crucial para a qualidade de vida, impactando diretamente a produtividade, o humor e a força física no dia seguinte.
A falta crônica de sono pode trazer consequências sérias para a saúde. Entre elas, estão o aumento do risco de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e obesidade, além de problemas cardiovasculares.
A prevalência de problemas de sono é notável em diversas populações. Por exemplo, em um estudo com estudantes universitários alemães, quase metade (48,7%) relatou má qualidade de sono, conforme o International Journal of Environmental Research and Public Health.
Outra pesquisa, focada em estudantes universitários chineses, revelou que 39,42% deles apresentavam má qualidade de sono, de acordo com o PLOS ONE.
Além disso, a privação do sono afeta diretamente a função cognitiva, diminuindo a concentração, a memória e a capacidade de tomar decisões. No campo da saúde mental, a relação é ainda mais evidente.
Altas cargas de estresse percebido, exaustão e burnout são fatores de risco significativos para a má qualidade do sono, especialmente em ambientes de alta demanda como o universitário ou profissional. Por isso, investir em boas noites de sono é um ato de autocuidado e prevenção.
A higiene do sono refere-se a um conjunto de práticas e hábitos que são essenciais para promover um sono de qualidade e evitar distúrbios. Adotar essas medidas de forma consistente pode ser o primeiro e mais eficaz passo para você dormir bem todas as noites.
Sim, manter horários fixos para ir para a cama e acordar, inclusive nos fins de semana, é crucial. Essa consistência ajuda a regular seu relógio biológico interno, conhecido como ritmo circadiano.
Quando o corpo se habitua a um padrão regular, a produção de melatonina, o hormônio do sono, se ajusta melhor, facilitando o processo de adormecer e despertar naturalmente.
O quarto deve ser um santuário para o sono. Para isso, é essencial que ele seja escuro, silencioso e com uma temperatura agradável, geralmente entre 18°C e 22°C. A escuridão total estimula a produção de melatonina.
Ruídos e luzes perturbam o sono, mesmo que você não perceba. Use cortinas blackout, protetores auriculares ou máscaras de olho, se necessário.
A temperatura da pele também desempenha um papel importante, com temperaturas mais altas da pele enquanto acordado e temperaturas médias da pele durante o sono associadas a uma melhor qualidade de sono.
Além disso, invista em um colchão e travesseiros confortáveis e adequados ao seu biotipo. Eles garantem o suporte necessário para a coluna e previnem dores, contribuindo para um sono ininterrupto.
A luz azul emitida por telas de smartphones, tablets, computadores e televisores inibe a produção de melatonina. Essa inibição dificulta o início do sono e pode alterar a qualidade do seu descanso.
O uso excessivo de celulares, por exemplo, pode levar à dependência e está fortemente associado à piora da qualidade do sono, pois interfere nos ritmos circadianos e na produção de melatonina. Por isso, evite o uso desses aparelhos pelo menos uma hora antes de dormir.
Em vez de telas, opte por atividades mais relaxantes, como ler um livro físico, ouvir música calma ou meditar. Essas práticas ajudam a desacelerar a mente e preparar o corpo para o repouso.
O que você come e como você vive durante o dia têm um impacto significativo na sua capacidade de dormir bem à noite. Pequenas mudanças nesses hábitos podem fazer uma grande diferença na qualidade do seu sono.
Evite refeições pesadas e muito gordurosas próximas à hora de dormir, pois elas dificultam a digestão e podem causar desconforto.
Dê preferência a alimentos leves e de fácil digestão no jantar, como sopas, saladas ou proteínas magras. Alguns alimentos, como banana, leite morno e aveia, contêm triptofano, um aminoácido que ajuda na produção de serotonina e melatonina, favorecendo o sono.
Cafeína, presente em café, chás, refrigerantes e chocolates, é um estimulante que pode permanecer no seu sistema por horas. Evite consumi-la após o meio-dia, especialmente se você tem sensibilidade.
O álcool, embora possa dar uma sensação inicial de sonolência, fragmenta o sono durante a noite, resultando em um descanso menos reparador. O ideal é evitar o consumo de álcool horas antes de deitar.
A prática regular de exercícios físicos, como caminhada, natação ou ciclismo, pode melhorar significativamente a qualidade do sono.
A atividade física ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, além de promover um cansaço saudável. Estudos mostram que atividades físicas de intensidade moderada, como exercícios aeróbicos, treinamento de força, yoga e tai chi, podem melhorar significativamente a qualidade do sono.
Recomenda-se uma frequência de quatro a sete sessões semanais de exercícios aeróbicos, combinadas com três sessões de intensidade moderada por semana, para otimizar os benefícios ao sono.
No entanto, evite exercícios intensos muito perto da hora de dormir, pois eles podem ter o efeito oposto, estimulando o corpo e a mente.
Cochilos curtos (até 20-30 minutos) no início da tarde podem ser benéficos para algumas pessoas, melhorando o estado de alerta e o humor.
No entanto, cochilos longos ou feitos muito tarde podem interferir no sono noturno, dificultando adormecer ou manter o sono. Se você tem dificuldades para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos durante o dia ou limitá-los estritamente.
Desacelerar a mente e o corpo antes de dormir é fundamental para um sono tranquilo. Algumas técnicas de relaxamento são muito eficazes para criar um estado propício ao descanso.
Crie um ritual relaxante antes de dormir para sinalizar ao seu corpo que é hora de se preparar para o repouso.
Isso pode incluir tomar um banho morno, que ajuda a relaxar os músculos e diminuir a temperatura corporal, ou ler um livro físico (evitando telas luminosas).
Ouvir música calma, meditar ou praticar ioga leve também são excelentes opções. A consistência nesses rituais reforça o condicionamento para o sono.
Técnicas de respiração profunda e consciente podem acalmar o sistema nervoso, diminuir a frequência cardíaca e reduzir pensamentos acelerados.
A técnica 4-7-8, por exemplo, envolve inspirar pelo nariz por 4 segundos, prender a respiração por 7 segundos e expirar pela boca por 8 segundos. A meditação guiada, por sua vez, foca a atenção no presente, afastando preocupações e facilitando a transição para o sono.
Embora as dicas de higiene do sono sejam muito eficazes para a maioria das pessoas, há situações em que a dificuldade para dormir persiste, ou outros sintomas aparecem. Nesses casos, a avaliação de um profissional de saúde é indispensável.
Você deve procurar um médico especialista em sono ou um neurologista se:
Um profissional poderá investigar a causa subjacente dos seus problemas de sono, que podem variar de estresse e ansiedade a condições médicas como apneia do sono, síndrome das pernas inquietas ou insônia crônica, e indicar o tratamento mais adequado.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
MINZ, S; MOHAPATRA, M; PATI, UC; SAHU, P; SATPATHY, R; KUMARI, RB; ACHARYA, PK; SAHOO, N; JALLY, SK. Subjective sleep quality and sleep habits of elderly inhabiting rural areas of Sambalpur district of Odisha, India. PLOS ONE. 19. 12; e0314770, 2024. Disponível em:https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0314770 . Acesso em: 05 dez. 2024.
MOEBUS, M; HOLZ, C. Personalized interpretable prediction of perceived sleep quality: Models with meaningful cardiovascular and behavioral features. PLOS ONE. 19. 7; e0305258, 2024. Disponível em:https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0305258. Acesso em: 08 jul. 2024.
PAN, X; WANG, J; ZHANG, K; YANG, C; TANG, M; FENG, Z; LIU, L; WU, H. Characterising Potential Subtypes and Influencing Factors of Sleep Quality in Psychiatric Nurses by Latent Profile Analysis. Journal of Nursing Management. 2024. Disponível em:https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1155/2024/3842592 . Acesso em: 18 jul. 2024.
SCHMICKLER, JM; BLASCHKE, S; ROBBINS, R; MESS, F. Determinants of Sleep Quality: A Cross-Sectional Study in University Students. International Journal of Environmental Research and Public Health. 20. 3; 2019, 2023. Disponível em:https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36767422/ . Acesso em: 23 jan. 2023.
YIN, Z; YANG, C; LIU, T; YU, J; YU, X; HUANG, S; ZHANG, Y. The relationship between physical activity and sleep quality among college students: The chain-mediating effects of self-control and mobile phone addiction. PLOS ONE. 19. 12; e0315930, 2024. Disponível em:https://journals.plos.org/plosone/article/figures?id=10.1371/journal.pone.0315930 . Acesso em: 19 dez. 2024.