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Cardiopatia em bebê: o que é, como identificar a condição e quais os tratamentos?

Saiba reconhecer os sinais de alerta da cardiopatia congênita e entenda como o diagnóstico precoce é fundamental para a saúde do bebê.

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A hora da mamada, que deveria ser um momento de tranquilidade, torna-se fonte de aflição. O bebê parece cansado, sua respiração fica acelerada e a testa se enche de suor. Essa cena, embora possa ter diversas causas, é um dos sinais que levam pais a descobrir uma condição chamada cardiopatia congênita.

O que é exatamente a cardiopatia congênita?

A cardiopatia congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge durante a formação do feto, geralmente nas primeiras oito semanas de gestação, entre a 3ª e a 8ª semana. Em termos simples, é como se ocorresse uma falha na "construção" do coração e seus vasos sanguíneos, ou dos grandes vasos do tórax.

Essa condição é a malformação mais comum em bebês, afetando cerca de 1% a 2% dos nascidos e podendo gerar complicações graves à saúde. Dados do Ministério da Saúde do Brasil indicam que aproximadamente 30 mil crianças nascem com algum tipo de cardiopatia congênita no país a cada ano. Felizmente, os avanços em diagnósticos e tratamentos permitem abordagens mais eficazes.

Cadiologistas são os especialistas mais indicados para esse tipo de diagnóstico e acompanhamento. A Rede Américas possui vários especialistas de renome em suas unidades.

Por que a cardiopatia congênita acontece?

Na maioria dos casos, não é possível identificar uma causa única para a cardiopatia congênita. No entanto, alguns fatores de risco maternos e ambientais são conhecidos por aumentar a probabilidade de sua ocorrência. Entre eles estão:

  • Doenças maternas: diabetes não controlado, lúpus e infecções durante a gravidez, como rubéola e toxoplasmose.
  • Fatores genéticos: síndromes cromossômicas, como a Síndrome de Down, estão frequentemente associadas a problemas cardíacos.
  • Uso de substâncias: o consumo de certos medicamentos, álcool ou drogas ilícitas durante a gestação pode interferir no desenvolvimento do coração fetal.

É fundamental ressaltar que ter um fator de risco não significa que o bebê certamente terá a condição. Muitas cardiopatias ocorrem em gestações sem nenhum desses fatores identificados.

Quais são os principais sinais de alerta em um bebê?

Os sintomas da cardiopatia congênita variam muito dependendo do tipo e da gravidade da malformação. Em alguns casos leves, a criança pode não apresentar sinais por anos. Em outros, os sintomas são evidentes logo após o nascimento.

Fique atento a estes sinais:

  • Cianose: coloração azulada ou arroxeada na ponta dos dedos, nos lábios e na língua, que piora com o choro ou esforço.
  • Dificuldade para mamar: o bebê fica muito cansado, ofegante ou transpira em excesso durante a amamentação.
  • Respiração rápida: frequência respiratória acelerada mesmo quando o bebê está calmo ou dormindo.
  • Dificuldade para ganhar peso: a criança não se desenvolve adequadamente, apesar de se alimentar.
  • Irritabilidade e choro excessivo: podem ser sinais de desconforto ou dificuldade respiratória.

Como o diagnóstico da cardiopatia é realizado?

O diagnóstico precoce é o passo mais importante para garantir o tratamento adequado e a qualidade de vida da criança. Ele pode ser feito em dois momentos principais: durante a gravidez ou após o parto.

Diagnóstico durante a gestação

O acompanhamento pré-natal é essencial. Exames de ultrassom morfológico podem levantar a suspeita de uma alteração cardíaca. Quando isso ocorre, ou em gestações de alto risco, o médico pode solicitar um ecocardiograma fetal

Este exame é um ultrassom detalhado do coração do feto, capaz de diagnosticar a maioria das cardiopatias complexas ainda no útero. A ecocardiografia é um exame de imagem de alta qualidade e um dos principais métodos para o diagnóstico preciso dessas condições.

Diagnóstico após o nascimento

Após o parto, algumas ferramentas são cruciais para a detecção:

  • Teste do Coraçãozinho: obrigatório em todas as maternidades do Brasil, é um exame simples e rápido que mede a oxigenação do sangue no braço direito e em um dos pés do recém-nascido. Resultados alterados indicam a necessidade de investigação.
  • Exame clínico: durante a avaliação pediátrica, o médico pode auscultar um "sopro" no coração. Embora muitos sopros sejam inocentes, eles sempre devem ser investigados por um cardiologista pediátrico.
  • Outros exames: caso haja suspeita, exames como eletrocardiograma, radiografia de tórax e o ecocardiograma confirmam o diagnóstico e detalham o tipo de alteração. Historicamente, o cateterismo cardíaco também era utilizado no diagnóstico.

Todo bebê com cardiopatia precisa de cirurgia?

Não. A necessidade e o tipo de tratamento dependem diretamente da complexidade da cardiopatia. O plano terapêutico é individualizado para cada criança e pode envolver desde o monitoramento até cirurgias complexas.

Acompanhamento clínico

Muitas cardiopatias são leves, como pequenas comunicações entre as câmaras do coração, que podem se fechar sozinhas com o tempo. Nesses casos, o tratamento consiste apenas no acompanhamento regular com o cardiologista pediátrico para monitorar a evolução.

Procedimentos menos invasivos

cateterismo cardíaco é uma técnica minimamente invasiva que pode ser usada tanto para diagnóstico quanto para tratamento. Por meio de um tubo fino (cateter) inserido por um vaso sanguíneo da perna, é possível fechar orifícios, dilatar válvulas ou vasos sem a necessidade de uma cirurgia de peito aberto. 

Graças aos avanços nos tratamentos, as intervenções por cateter podem complementar ou até mesmo substituir a necessidade de cirurgia em muitos casos de cardiopatia congênita. No entanto, alguns procedimentos de cateterismo podem, em certas situações, precisar de suporte cirúrgico de emergência.

Cirurgia cardíaca

Para as cardiopatias mais complexas, a cirurgia corretiva é necessária. O procedimento pode ser realizado nos primeiros dias de vida ou planejado para quando a criança estiver maior e mais forte, dependendo da gravidade e do risco imediato. A tecnologia e as técnicas cirúrgicas evoluíram muito, aumentando significativamente as taxas de sucesso e a sobrevida desses pacientes.

Como é a vida de uma criança que nasce com cardiopatia?

Uma das maiores angústias dos pais é saber se a cardiopatia tem cura e se seu filho poderá ter uma vida normal. A resposta é animadora: com o diagnóstico precoce e o tratamento correto, a grande maioria das crianças pode levar uma vida plena e com poucas limitações. Atualmente, a maioria dos bebês com cardiopatias congênitas consegue sobreviver e alcançar a vida adulta, vivendo com qualidade e saúde.

O acompanhamento com o cardiologista pediátrico será necessário ao longo da infância e, em alguns casos, por toda a vida adulta. Esse cuidado contínuo garante que qualquer complicação seja identificada e tratada rapidamente, permitindo que a criança brinque, estude e se desenvolva como qualquer outra.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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