O que é bom para gripe e tosse? Descubra como aliviar os sintomas e acelerar a recuperação

Dicas práticas e eficazes para combater o desconforto e cuidar da sua saúde respiratória.

Começa assim: uma sensação de cansaço, um espirro aqui e outro ali, talvez uma tosse. É gripe ou resfriado? Embora ambos sejam infecções virais respiratórias, eles são causados por vírus diferentes e manifestam-se de maneiras distintas. 

As infecções respiratórias agudas são uma das principais causas de doenças e mortes em todo o mundo, sendo responsáveis por cerca de 6% da carga global de doenças. Globalmente, essas infecções causam mais de 1,3 milhão de mortes anuais em crianças menores de 5 anos.

Gripe: sintomas e duração

A gripe, causada pelo vírus Influenza, tende a ser mais grave. Os sintomas surgem de forma abrupta e incluem febre alta, dores musculares e nas articulações, dor de cabeça intensa, cansaço extremo, tosse seca e dor de garganta. 

A recuperação pode levar de uma a duas semanas, e complicações como pneumonia são possíveis, especialmente em grupos de risco. 

É importante notar que infecções respiratórias agudas, tanto virais quanto bacterianas, estão associadas a um risco aumentado de complicações trombóticas, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral isquêmico, que podem ser até 2 a 6 vezes maiores na primeira semana após a infecção. 

Resfriado: sintomas e duração

Já o resfriado, provocado por outros vírus (como o rinovírus), é mais leve. Os sintomas se desenvolvem gradualmente e geralmente se limitam a coriza, espirros, dor de garganta leve e tosse suave. 

A febre, quando presente, é baixa. A duração costuma ser de três a sete dias, com menor risco de complicações. A maioria das infecções respiratórias é causada por vírus, e estima-se que adultos tenham, em média, de 2 a 5 resfriados por ano. 

Crianças, especialmente as menores de 5 anos, podem ter de 6 a 8 infecções respiratórias superiores por ano.

O que fazer para aliviar os sintomas da gripe e tosse em casa?

Quando a gripe e a tosse chegam, o foco principal é aliviar o desconforto e permitir que o corpo se recupere. Algumas medidas simples podem fazer uma grande diferença no seu bem-estar.

A hidratação é a chave

Manter-se hidratado é essencial para soltar o muco e aliviar a dor de garganta e a tosse. Beber bastante água é fundamental, mas outros líquidos como chás quentes, sopas e sucos naturais também são excelentes opções.

O poder do repouso

O descanso permite que seu sistema imunológico concentre energia no combate à infecção. Evite esforços físicos desnecessários e reserve um tempo para relaxar. O repouso adequado acelera a recuperação e reduz o risco de complicações.

Alimentação para fortalecer a imunidade

Uma dieta equilibrada e rica em nutrientes apoia o sistema imunológico. Alguns alimentos são especialmente benéficos durante o período de gripe e tosse.

Alimentos ricos em vitamina C

A vitamina C é conhecida por seu papel no fortalecimento da imunidade. Inclua frutas cítricas como laranja, limão, acerola e kiwi, além de vegetais como brócolis e pimentão, em sua alimentação. Esses alimentos oferecem suporte ao organismo para combater infecções.

Alimentos com ação expectorante natural (abacaxi)

O abacaxi, por exemplo, contém bromelina, uma enzima que pode ajudar a reduzir o muco e aliviar a tosse. Consumir a fruta fresca ou em sucos naturais pode ser uma alternativa para auxiliar na expectoração.

Alimentos ricos em vitamina D

A vitamina D também desempenha um papel importante na regulação da imunidade. Boas fontes incluem peixes gordurosos (salmão, sardinha), ovos e alguns produtos fortificados. A exposição solar moderada também contribui para a produção dessa vitamina. Níveis baixos de vitamina D no sangue são considerados um fator de risco para infecções respiratórias em adultos.

Chás e receitas caseiras que podem ajudar

Remédios caseiros, especialmente chás, são populares para aliviar os sintomas da gripe e tosse devido às suas propriedades naturais. Eles oferecem conforto e podem ajudar a fluidificar as secreções.

Chá de limão, gengibre e mel

Esta combinação é um clássico. O limão é rico em vitamina C, o gengibre possui propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, e o mel é um excelente calmante para a garganta e um supressor natural da tosse. Misture o suco de meio limão, um pedaço de gengibre ralado em água quente e adoce com uma colher de mel.

Chá de guaco

O guaco é tradicionalmente usado por suas propriedades expectorantes e broncodilatadoras, auxiliando na eliminação do catarro e no alívio da tosse. Consulte um profissional de saúde antes de usar, especialmente se tiver outras condições médicas.

Chá de hortelã

A hortelã possui mentol, que pode ajudar a desobstruir as vias aéreas e proporcionar uma sensação de alívio na respiração. Seu aroma também pode ajudar a acalmar a tosse.

Umidificação e limpeza do ambiente

Manter o ambiente úmido, seja com um umidificador de ar ou bacias de água, ajuda a hidratar as vias aéreas e a aliviar a tosse seca. Além disso, garantir uma boa ventilação e limpeza regular do local ajuda a reduzir a concentração de vírus e alérgenos.

Higiene pessoal para evitar a propagação

A prevenção é fundamental. Lave as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente após tossir ou espirrar. Use lenços descartáveis e cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, preferencialmente com o antebraço. 

Essas práticas simples ajudam a proteger as pessoas ao seu redor. Medidas como lavagem das mãos e uso de máscaras, juntamente com o distanciamento social, demonstraram reduzir significativamente as internações hospitalares por infecções respiratórias.

Quando procurar um médico? Sinais de alerta

Embora a maioria dos casos de gripe e tosse melhore com cuidados domiciliares, existem situações em que a avaliação médica é indispensável. É crucial estar atento a sinais que indicam a necessidade de procurar um profissional de saúde.

Sintomas persistentes ou agravados

Procure um médico se você apresentar:

• Febre muito alta (acima de 39°C) ou que não cede após 2-3 dias.
• Dificuldade para respirar ou falta de ar.
• Dor no peito ou pressão no peito.
• Tosse persistente com expectoração de cor diferente (verde, amarela, com sangue).
• Dor de garganta intensa que dificulta a deglutição.
• Sintomas que melhoram e depois pioram novamente.
• Confusão mental ou tontura repentina.

Lembre-se que antibióticos não tratam infecções virais como gripe e resfriado. Eles são indicados apenas para infecções bacterianas secundárias, e seu uso deve ser sempre sob prescrição e orientação médica. 

O uso excessivo de antibióticos para infecções virais contribui para a resistência a esses medicamentos e pode causar efeitos adversos.

Grupos de risco

A atenção deve ser redobrada para os grupos de risco, que são mais vulneráveis a complicações graves. Estes incluem:

• Crianças menores de 5 anos (especialmente menores de 2 anos).
• Adultos com mais de 60 anos.
• Gestantes.
• Pessoas com doenças crônicas (asma, diabetes, doenças cardíacas, doenças pulmonares, doenças renais, etc.).
• Pessoas com sistema imunológico comprometido (HIV, câncer, uso de imunossupressores).

Para esses indivíduos, a busca por atendimento médico deve ser imediata ao surgimento dos sintomas. Pessoas com asma, por exemplo, têm quase três vezes mais chances de ter infecções respiratórias e mais de três vezes mais chances de usar antibióticos para essas condições. 

As taxas de internação hospitalar por infecções respiratórias agudas também mostram um aumento significativo, com um crescimento de 82,5% entre 1999 e 2020 em algumas regiões. Essas internações são mais frequentes em pessoas com menos de 15 anos e acima de 75 anos, e com maior incidência em mulheres.

Como prevenir gripes e resfriados?

A melhor estratégia contra a gripe e o resfriado é a prevenção. Adotar hábitos saudáveis e medidas específicas pode reduzir significativamente o risco de contrair essas infecções.

Vacinação anual

A vacina contra a gripe é a forma mais eficaz de prevenção, especialmente para a gripe. Ela deve ser tomada anualmente, pois os vírus Influenza mudam constantemente. A vacinação reduz o risco de adoecer gravemente e de desenvolver complicações.

Hábitos saudáveis

Manter um estilo de vida saudável fortalece o sistema imunológico. Isso inclui:

• Ter uma alimentação balanceada.
• Praticar exercícios físicos regularmente.
• Garantir um sono de qualidade (7-9 horas por noite para adultos).
• Gerenciar o estresse.

Fatores como falta de atividade física, estresse psicológico, trabalho em turnos e qualidade do sono estão associados a um maior risco de infecções respiratórias. Além disso, a exposição à poluição do ar e o tabagismo (ativo e passivo) também são fatores de risco significativos.

Evitar aglomerações e ambientes fechados

Em épocas de maior circulação de vírus, procure evitar locais com grande concentração de pessoas e ambientes fechados e mal ventilados. Se for inevitável, use máscaras para reduzir a inalação de partículas virais. 

Além disso, evite tocar o rosto, principalmente olhos, nariz e boca, pois essa é uma das principais formas de entrada de vírus no organismo. A presença de crianças em creches no ambiente familiar também pode aumentar o risco de infecções respiratórias.

Certas ocupações também podem apresentar um risco aumentado de infecções respiratórias. Trabalhadores da construção civil, mineração, silvicultura, técnicos de laboratório, cabeleireiros, trabalhadores de peles e couros, metalúrgicos, padeiros e motoristas são exemplos de profissões com maior exposição, seja pelo contato com o público ou por substâncias irritantes no ambiente de trabalho.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

AL RAJEH, AM; NASER, AY; SIRAJ, R; ALGHAMDI, A; ALQAHTANI, J; ALDABAYAN, Y; ALDHAHIR, A; AL HAYKAN, A; ELMOSAAD, YM. Acute upper respiratory infections admissions in England and Wales. Medicine. 26/05/2023. Disponível em: https://journals.lww.com/md-journal/fulltext/2023/05260/acute_upper_respiratory_infections_admissions_in.40.aspx. Acesso em: 20 maio 2024.

BABKINA, AS; PISAREV, MV; GRECHKO, AV; GOLUBEV, AM. Arterial Thrombosis in Acute Respiratory Infections: An Underestimated but Clinically Relevant Problem. Journal of Clinical Medicine. 09/10/2024. Disponível em:https://www.mdpi.com/2077-0383/13/19/6007 Acesso em: 20 maio 2024.

CHARLTON, CL; BABADY, E; GINOCCHIO, CC; HATCHETTE, TF; JERRIS, RC; LI, Y; LOEFFELHOLZ, M; MCCARTER, YS; MILLER, MB; NOVAK-WEEKLEY, S; SCHUETZ, AN; TANG, YW; WIDEN, R; DREWS, SJ. Practical Guidance for Clinical Microbiology Laboratories: Viruses Causing Acute Respiratory Tract Infections. Clinical Microbiology Reviews. 12/12/2018. Disponível em: https://journals.asm.org/doi/10.1128/cmr.00042-18 . Acesso em: 20 maio 2024.

JAAKKOLA, MS; LAJUNEN, TK; RANTALA, AK; NADIF, R; JAAKKOLA, JJK. Occupation and occurrence of respiratory infections among adults with newly diagnosed asthma. BMC Pulmonary Medicine. 25/04/2023. Disponível em: https://bmcpulmmed.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12890-023-02413-8. Acesso em: 20 maio 2024.

KISIEL, MA; ZHOU, X; BJÖRNSSON, E; HOLM, M; DAHLMAN-HÖGLUND, A; WANG, J; SVANES, C; NORBÄCK, D; FRANKLIN, KA; MALINOVSCHI, A; JOHANNESSEN, A; SCHLÜNSSEN, V; JANSON, C. The risk of respiratory tract infections and antibiotic use in a general population and among people with asthma. ERJ Open Research. 29/11/2021. Disponível em: https://publications.ersnet.org/content/erjor/7/4/00429-2021. Acesso em: 20 maio 2024.