27/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
A notícia chega e, com ela, a preocupação. Entender o que o histórico familiar significa é o primeiro passo para cuidar da sua saúde.
A notícia chega em uma ligação ou durante um almoço de família: seu pai foi diagnosticado com câncer. Após o choque inicial e a preocupação, uma pergunta silenciosa, mas insistente, pode surgir em sua mente: "e eu?". Essa dúvida é comum e totalmente compreensível.
Saber que um parente próximo enfrentou a doença acende um alerta sobre a própria saúde. A boa notícia é que, embora o histórico familiar seja um fator de risco importante, ele raramente é uma sentença. A ciência nos ajuda a separar o que é mito do que é fato.
Primeiramente, é crucial entender que a grande maioria dos diagnósticos de câncer não tem uma causa hereditária direta. Os tumores podem ser classificados em duas categorias principais com base em sua origem:
Portanto, o fato de seu pai ter tido câncer não significa automaticamente que o seu risco é altíssimo, pois é mais provável que o caso dele tenha sido esporádico.
Sim, o histórico familiar de um parente de primeiro grau (pai, mãe, irmãos) é um fator de risco relevante e deve ser levado em consideração. Quando o pai tem um diagnóstico, a atenção dos filhos e filhas deve ser redobrada.
Especificamente, ter um parente de primeiro grau, como o pai, com câncer colorretal pode aumentar o risco de desenvolver a mesma doença em duas a seis vezes.
Um ponto importante é desmistificar a ideia de que certos cânceres, como o de mama ou ovário, só são relevantes se vierem da linhagem materna. Mutações genéticas, como as dos genes BRCA1 e BRCA2, podem ser transmitidas tanto pelo pai quanto pela mãe e aumentam o risco para ambos os sexos.
Assim, a história familiar de câncer por parte do pai, incluindo tias e avó paterna, é tão importante quanto a da mãe para avaliar o risco de câncer de mama em uma mulher, por exemplo. O mesmo vale para o risco de câncer de próstata em um homem com histórico materno da doença.
A oncogenética, área da medicina que estuda a relação entre genética e câncer, estabelece alguns critérios que podem sugerir uma predisposição hereditária. É importante conversar com um médico se o histórico da sua família inclui um ou mais dos seguintes pontos:
Se o seu histórico familiar levanta suspeitas, o caminho mais seguro não é o alarme, mas a informação qualificada. A avaliação do risco de um câncer ser hereditário é feita com base em uma análise completa do histórico de saúde pessoal e, principalmente, familiar.
O processo para investigar uma possível síndrome hereditária geralmente segue duas etapas principais, sempre com orientação profissional.
Trata-se de uma consulta com um médico geneticista ou oncogeneticista. Neste encontro, o profissional irá mapear detalhadamente o histórico de saúde da sua família, construindo um heredograma (uma espécie de árvore genealógica da saúde).
Com base nessas informações, ele poderá calcular o seu risco e explicar se há ou não indicação para uma investigação mais aprofundada.
Caso a avaliação clínica aponte para um risco elevado, o médico pode solicitar um teste genético. Este exame, geralmente feito a partir de uma amostra de sangue ou saliva, busca por mutações específicas em genes já conhecidos por aumentarem o risco de câncer.
O resultado ajuda a confirmar ou descartar a presença de uma síndrome hereditária, permitindo um planejamento de saúde muito mais preciso e personalizado.
Independentemente de ter ou não uma predisposição genética, o poder da prevenção está em suas mãos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 30% a 50% de todos os casos de câncer poderiam ser prevenidos com a adoção de um estilo de vida mais saudável.
Veja algumas medidas práticas:
Lembre-se: ter um histórico familiar de câncer é um chamado à ação, não ao pânico. Use essa informação como uma ferramenta para cuidar melhor de si mesmo, adotando hábitos preventivos e mantendo um diálogo constante com profissionais de saúde.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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