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Massagens para aliviar cólica de bebê: um guia para pais

Aprenda técnicas seguras e eficazes para acalmar o desconforto abdominal do seu recém-nascido com movimentos simples.

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O choro agudo e inconsolável começa, muitas vezes no final da tarde, sem uma razão aparente. A barriga do bebê parece dura, ele encolhe as perninhas e nada parece acalmá-lo. 

Esses sinais, como encolher as pernas e fechar os punhos, são manifestações físicas da cólica, que podem estar relacionadas a gases, a um funcionamento intestinal ainda imaturo ou a uma dor visceral. Essa cena é familiar para muitos pais e cuidadores de recém-nascidos e, na maioria das vezes, o diagnóstico é um velho conhecido: a cólica.

Embora seja uma fase que gera angústia, a cólica é uma condição benigna e transitória. Felizmente, algumas medidas simples podem proporcionar grande alívio, e a massagem é uma das ferramentas mais poderosas e afetuosas para lidar com esse desconforto. De fato, a massagem é uma das primeiras e mais populares técnicas que os pais utilizam para aliviar as cólicas, sendo a primeira opção para cerca de 74% das mães.

O que é a cólica do recém-nascido e por que acontece?

A cólica do lactente é definida por episódios de choro intenso e prolongado, que ocorrem geralmente em bebês saudáveis com menos de 5 meses de idade. Não se trata de uma doença, mas de uma fase de adaptação do organismo do bebê ao mundo exterior.

As causas exatas não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que a principal razão seja a imaturidade do sistema digestório. O intestino do recém-nascido ainda está aprendendo a digerir o leite e a coordenar seus movimentos (peristaltismo), o que pode levar à formação de bolhas de gases que causam dor e espasmos.

Como a massagem pode ajudar a aliviar a cólica do bebê?

A massagem Shantala, uma técnica indiana milenar, e outras manobras suaves na região abdominal atuam de forma mecânica e sensorial. Os movimentos ajudam a relaxar a musculatura da barriga, estimulam o trânsito intestinal e facilitam a expulsão dos gases presos.

Além do efeito físico, o toque suave fortalece o vínculo entre pais e bebê, transmitindo segurança e tranquilidade. Esse contato pele a pele ajuda a diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, tanto no bebê quanto em quem aplica a massagem. 

Além da redução do choro, a melhora no sono e a percepção de que o bebê está mais confortável são os principais sinais de que a cólica está sendo aliviada.

Qual é o melhor momento para fazer a massagem?

A massagem para cólica deve ser uma prática preventiva e relaxante, não um remédio aplicado no auge da dor. Fazer os movimentos quando o bebê já está irritado e chorando pode piorar a situação. O ideal é incorporar a massagem na rotina diária.

Escolha um momento em que o bebê esteja:

  • calmo e alerta;
  • sem fome e sem estar de estômago cheio (aguarde cerca de 40 minutos após a mamada);
  • em um ambiente tranquilo, aquecido e com pouca luz.

Um bom momento pode ser após o banho morno, quando a musculatura do bebê já está mais relaxada.

Quais são as principais técnicas de massagem para aliviar a cólica?

Antes de começar, certifique-se de que suas mãos estão limpas, aquecidas e sem anéis ou pulseiras que possam machucar a pele sensível do bebê. Você pode usar uma pequena quantidade de óleo vegetal puro (como de amêndoas doces ou semente de uva) para facilitar o deslizamento.

Preparando o ambiente e o bebê

Deite o bebê de barriga para cima sobre uma superfície macia e segura, como uma cama ou um trocador. Converse com ele em um tom de voz suave, explicando o que vai fazer. Observe sempre as reações do seu filho; se ele demonstrar desconforto, pare e tente novamente em outra ocasião.

Técnica 1: movimentos circulares na barriga

Esta é a manobra mais clássica. Com a ponta dos dedos ou a palma da mão, faça movimentos circulares suaves na barriga do bebê, sempre no sentido horário. Essa direção acompanha o fluxo natural do intestino grosso, ajudando a empurrar os gases para a saída. Comece ao redor do umbigo e vá expandindo o círculo.

Técnica 2: movimento de "bicicleta"

Segure delicadamente os tornozelos do bebê e mova suas perninhas como se ele estivesse pedalando uma bicicleta. Esse movimento alternado comprime e libera o abdômen, ajudando a quebrar e a deslocar as bolhas de gás. Faça de forma lenta e ritmada.

Técnica 3: pressão suave com os joelhos

Segure as duas perninhas do bebê juntas e dobre suavemente seus joelhos em direção à barriga. Mantenha a posição por alguns segundos, exercendo uma leve pressão, e depois estique as pernas novamente. Repita o movimento algumas vezes. Isso também ajuda a comprimir o abdômen para liberar o ar preso.

Técnica 4: posição de bruços no colo

Colocar o bebê de bruços sobre seu antebraço (a chamada "posição do super-homem") ou deitado de barriga para baixo sobre suas pernas também é eficaz. A leve pressão exercida na barriguinha dele proporciona alívio e conforto. Você pode balançá-lo suavemente ou dar tapinhas leves nas costas.

O que mais pode ser feito para acalmar o bebê com cólica?

Além das massagens, outras estratégias podem complementar o cuidado e trazer bem-estar para o bebê durante as crises de cólica. Considere as seguintes ações:

  • Banho morno: a água morna ajuda a relaxar a musculatura abdominal e acalmar o bebê.
  • Compressa morna: uma fralda de pano aquecida com o ferro de passar (verifique sempre a temperatura na sua pele antes) pode ser colocada sobre a barriga do bebê.
  • Contato pele a pele: deitar o bebê sem roupa sobre o seu peito nu ajuda a regular a temperatura e os batimentos cardíacos dele, promovendo calma.
  • Reflexologia: em um estudo, essa técnica de massagem eliminou completamente a cólica em 43% dos bebês e diminuiu os sintomas nos 57% restantes, mostrando seu potencial de alívio.
  • Terapia manual osteopática: essa abordagem pode aliviar de forma significativa o choro e a regurgitação associados à cólica infantil, com melhorias observadas logo após a primeira sessão.

Quando é preciso procurar um pediatra?

A cólica fisiológica não representa um risco à saúde do bebê. No entanto, é fundamental saber diferenciar um desconforto comum de um problema que exige avaliação médica. Procure o pediatra se o choro intenso for acompanhado por:

  • febre;
  • vômitos intensos ou em jato;
  • diarreia ou sangue nas fezes;
  • recusa em se alimentar;
  • apatia ou prostração excessiva.

Lembre-se que o profissional de saúde é a pessoa mais indicada para avaliar o quadro clínico do seu filho e fornecer as orientações adequadas para cada caso.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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