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Leucemia aparece no hemograma? Entenda os principais sinais de alerta

O exame de sangue de rotina pode levantar suspeitas da doença, mas o diagnóstico definitivo depende de uma investigação médica detalhada.

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Você busca o resultado de um exame de sangue de rotina e, ao ler o laudo, se depara com termos e números que não fazem muito sentido. Vários itens aparecem com asteriscos, indicando que estão fora dos valores de referência. Essa é uma situação comum que gera muita ansiedade, principalmente pelo receio de que as alterações possam indicar algo grave, como a leucemia.

Embora o hemograma seja uma ferramenta fundamental na investigação, ele é apenas o primeiro passo. De fato, o hemograma completo costuma ser o primeiro exame a levantar suspeitas de leucemia, pois ele pode revelar desequilíbrios significativos. Entre esses desequilíbrios estão o excesso de glóbulos brancos imaturos e a diminuição de glóbulos vermelhos e plaquetas.

Entender o que cada componente do exame significa é essencial para compreender os sinais que seu corpo pode estar emitindo.

O que um hemograma completo realmente avalia?

O hemograma completo é um dos exames de sangue mais solicitados pelos médicos. Ele funciona como uma fotografia das principais células que circulam em sua corrente sanguínea, divididas em três grandes grupos, conhecidos como séries celulares.

A série vermelha: hemácias e hemoglobina

Esta parte do exame analisa os glóbulos vermelhos (hemácias), responsáveis por transportar oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. A hemoglobina é a proteína dentro dessas células que se liga ao oxigênio. Valores baixos aqui geralmente indicam um quadro de anemia, que pode causar cansaço, palidez e fraqueza.

A série branca: leucócitos e a defesa do corpo

Os leucócitos, ou glóbulos brancos, são as células do sistema imunológico. O hemograma não apenas conta o número total de leucócitos, mas também os diferencia em subtipos (neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos). Cada um tem uma função específica no combate a infecções e outras ameaças.

As plaquetas: coagulação e sangramentos

As plaquetas são fragmentos celulares que atuam na coagulação do sangue. Quando você se corta, são elas que se agrupam para formar um tampão e estancar o sangramento. Uma contagem baixa de plaquetas pode levar ao surgimento de hematomas (manchas roxas) e sangramentos com mais facilidade.

Quais alterações no hemograma podem indicar leucemia?

Na leucemia, a medula óssea, que é a fábrica do sangue, começa a produzir células anormais e doentes de forma descontrolada. Essas células malignas ocupam o espaço das células saudáveis, e esse processo se reflete diretamente nos resultados do hemograma.

As alterações podem variar muito dependendo do tipo de leucemia (aguda ou crônica, mieloide ou linfoide), mas alguns padrões são mais comuns.

Alterações nos leucócitos: mais do que apenas a contagem

O sinal mais associado à leucemia é a alteração na contagem de leucócitos. Um aumento persistente ou gradual dessas células, sem uma causa aparente, pode ser um indicativo da doença. Para certas formas da doença, como a leucemia mielóide aguda, uma contagem de glóbulos brancos superior a 100x10^9/µL pode ser um sinal de alerta e, em alguns casos, associada a um prognóstico desfavorável.

Em muitos casos, ocorre uma leucocitose, que é um aumento expressivo no número total de glóbulos brancos. No entanto, em algumas situações, pode haver uma contagem normal ou até mesmo baixa (leucopenia). O mais importante é a análise qualitativa: a presença de células anormais. A observação de células específicas no sangue periférico auxilia significativamente no diagnóstico.

A presença de blastos: um sinal de alerta crucial

Talvez o achado mais sugestivo de uma leucemia aguda no hemograma seja a presença de blastos. Estes são, na verdade, os "blastos leucêmicos" — células sanguíneas muito jovens e imaturas que se apresentam de forma anormal. 

Normalmente, essas células deveriam permanecer na medula óssea até amadurecer. Encontrá-las circulando no sangue periférico é um forte sinal de que algo está errado na produção celular, sendo um indicativo crucial da doença.

Impacto nas hemácias e plaquetas: os efeitos indiretos

Como as células leucêmicas se multiplicam desordenadamente na medula óssea, elas suprimem a produção das outras células. Isso resulta em duas consequências comuns que também aparecem no hemograma:

  • Anemia: a queda na produção de glóbulos vermelhos leva a uma anemia, muitas vezes severa, causando fadiga intensa e palidez.
  • Plaquetopenia: a diminuição do número de plaquetas aumenta o risco de sangramentos no nariz, gengivas e o aparecimento de manchas roxas ou pontos vermelhos na pele (petéquias).

A tabela abaixo resume os achados mais comuns:

Componente Sanguíneo

Alteração Comum na Leucemia

Sintomas Associados

 

Leucócitos (Glóbulos Brancos)

Aumento acentuado ou, às vezes, diminuição. Presença de blastos.

Infecções recorrentes, febre.

Hemácias (Glóbulos Vermelhos)

Diminuição (anemia).

Cansaço, palidez, falta de ar, tontura.

Plaquetas

Diminuição (plaquetopenia).

Manchas roxas, sangramentos, petéquias.

Existe um valor específico de leucócitos que confirma leucemia?

Não. Essa é uma dúvida muito frequente, mas não há um "número mágico" que confirme ou descarte a doença. Embora uma contagem de glóbulos brancos muito alta, por exemplo, acima de 50.000 ou até 100.000/µL, seja altamente suspeita — especialmente em casos de leucemia mielóide aguda, onde pode indicar um prognóstico desfavorável —, infecções graves também podem elevar essa contagem. Da mesma forma, algumas leucemias podem se apresentar com números normais ou baixos.

O mais importante para o médico não é apenas o número total, mas a análise do tipo de célula predominante e, principalmente, a presença de blastos, que são células imaturas.

Um hemograma alterado significa que tenho leucemia?

Não necessariamente. É fundamental ter calma. Diversas outras condições, muito mais comuns e menos graves, podem causar alterações no hemograma. Infecções virais ou bacterianas, deficiências de vitaminas, doenças autoimunes e o uso de certos medicamentos são causas frequentes de mudanças nos exames de sangue.

Por isso, um resultado alterado nunca deve ser interpretado de forma isolada. Ele é um sinal de que uma investigação mais aprofundada é necessária.

Qual é o próximo passo após um resultado suspeito?

Se o seu hemograma apresentar alterações significativas, o primeiro passo é levá-lo ao médico que o solicitou. Ele fará uma avaliação clínica completa e, se julgar necessário, encaminhará você a um especialista.

A consulta com o hematologista

O hematologista é o médico especialista em doenças do sangue. Ele irá analisar detalhadamente seu hemograma, perguntar sobre seus sintomas e histórico de saúde, e realizar um exame físico. Com base nessa avaliação inicial, ele poderá solicitar exames complementares para confirmar ou descartar a suspeita.

Exames confirmatórios: o mielograma e a biópsia de medula óssea

O diagnóstico definitivo da leucemia só é feito através da análise da medula óssea. Os principais exames para isso são:

  • Mielograma: um procedimento no qual uma pequena amostra da medula óssea líquida é aspirada, geralmente do osso do quadril, para análise em laboratório.
  • Biópsia de medula óssea: nesse caso, um pequeno fragmento do osso é retirado para avaliação.

Esses exames permitem identificar com certeza a presença de células leucêmicas, determinar o tipo exato da doença e definir o melhor tratamento.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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