04/09/2025
Revisado em: 04/09/2025
Entenda por que o controle dos hormônios da tireoide é vital para uma gestação segura e o desenvolvimento saudável do seu filho.
O cansaço parece ir além do normal para uma gestação. A sensação de frio é constante, mesmo em dias amenos, e o raciocínio parece mais lento. Embora esses sinais possam ser confundidos com sintomas comuns da gravidez, eles também podem indicar uma condição que merece atenção: o hipotireoidismo.
O hipotireoidismo é uma condição em que a glândula tireoide, localizada no pescoço, não produz a quantidade suficiente dos hormônios tireoidianos, principalmente a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Durante a gestação, esses hormônios são vitais não apenas para a saúde da mãe, mas também para o desenvolvimento do feto, especialmente do sistema nervoso central.
A condição pode ser pré-existente, quando a mulher já possui o diagnóstico antes de engravidar, ou pode se desenvolver durante a gestação. A causa mais comum é a Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune em que o corpo ataca a própria tireoide.
É importante entender que existem duas classificações principais para a condição durante a gestação:
A gestação naturalmente sobrecarrega a tireoide. O corpo precisa produzir cerca de 50% mais hormônios para suprir as necessidades da mãe e do bebê, que depende exclusivamente da tireoide materna no primeiro trimestre. Essa demanda aumentada pode revelar uma disfunção tireoidiana que antes passava despercebida.
Muitos sintomas do hipotireoidismo se sobrepõem aos da própria gravidez, tornando a identificação um desafio.
No entanto, é fundamental estar atenta a um conjunto de sinais mais intensos ou persistentes, como:
A ausência de tratamento adequado representa perigos significativos. A falta de hormônios tireoidianos afeta múltiplos sistemas do corpo, tanto da mãe quanto do bebê em desenvolvimento.
Para a mãe, o controle inadequado do hipotireoidismo está associado a um maior risco de complicações obstétricas graves.
Além disso, durante a gestação, o hipotireoidismo pode agravar problemas metabólicos na mãe, como o aumento do colesterol (LDL-C) e o acúmulo de gordura no fígado, sendo este um efeito que pode ser mais pronunciado do que em situações não gestacionais, conforme observado em estudos.
Entre as principais complicações, destacam-se:
O feto é extremamente dependente dos hormônios da mãe para seu desenvolvimento. É crucial compreender que mesmo o hipotireoidismo materno leve e sem sintomas aparentes pode afetar o desenvolvimento cerebral do bebê, principalmente no início da gestação.
A disfunção da tireoide materna, como o hipotireoidismo, aumenta o risco de o bebê nascer com hipotireoidismo congênito e baixo peso. A falta desses hormônios pode levar a consequências sérias, incluindo:
Essa é uma preocupação comum entre muitas famílias. Embora o hipotireoidismo materno não tratado afete diretamente o desenvolvimento cerebral do feto, estudos recentes sugerem uma possível associação com condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
No entanto, é importante ressaltar que o TEA é considerado uma condição multifatorial, com componentes genéticos e ambientais complexos. O foco principal deve ser o tratamento da disfunção tireoidiana para garantir o desenvolvimento neurológico adequado do bebê.
O diagnóstico é simples e realizado por meio de um exame de sangue para medir os níveis de TSH e T4 livre. Recomenda-se que mulheres com fatores de risco, como histórico familiar de doenças tireoidianas, diabetes tipo 1 ou outras doenças autoimunes, façam o rastreio antes mesmo de engravidar ou no início da gestação.
Uma vez confirmado o diagnóstico, o acompanhamento com um endocrinologista é essencial. Os níveis hormonais são monitorados a cada quatro a seis semanas para ajustar a dose do medicamento conforme a necessidade de cada fase da gravidez.
O tratamento consiste na reposição do hormônio que a tireoide não consegue produzir. Isso é feito com o uso diário de levotiroxina sódica, uma versão sintética do hormônio T4. O medicamento deve ser tomado em jejum, de 30 a 60 minutos antes do café da manhã, para garantir sua absorção completa.
Sim, o tratamento com levotiroxina é considerado seguro e essencial durante a gravidez e a amamentação. Um estudo recente mostrou que gestantes com hipotireoidismo tratado tiveram 36% menos chances de perda da gravidez, sugerindo um efeito protetor significativo. O hormônio sintético é idêntico ao produzido pelo corpo e não oferece riscos ao bebê. Pelo contrário, não tratar a condição é o que representa o verdadeiro perigo.
Além do tratamento medicamentoso prescrito pelo médico, alguns hábitos contribuem para o bem-estar geral. Manter uma dieta equilibrada, rica em nutrientes e com consumo adequado de iodo (presente em peixes, laticínios e sal iodado), é importante. Contudo, nunca use suplementos de iodo sem orientação médica, pois o excesso também é prejudicial.
Praticar atividades físicas leves e regulares, sempre com a liberação do obstetra, também ajuda a controlar o peso e a aliviar alguns sintomas, como o cansaço e a constipação.
É fundamental procurar um médico endocrinologista ou o obstetra responsável pelo seu pré-natal se você:
O acompanhamento médico rigoroso é a chave para uma gestação tranquila e para garantir a saúde plena da mãe e do bebê.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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